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segunda-feira, 12 de março de 2012

2909. Houve deslealdade de Cavaco, sim, mas apenas para com o País

Como é bem conhecido, não simpatizo nem um pouco com Cavaco e, ao longo dos últimos 23 anos, tenho criticado opções políticas – e não só essas – que tem tomado. Sempre com fundamentos, que apresento. Não crítico descabeladamente, em completa idiotia que por aí se vê diariamente.

Ainda praticamente em Portugal não havia cão nem gato que não louvaminhasse S.Exa – particularmente os socrateiros habituais, que agora tanto se “escandalizam”, a começar pelo chefe da banda – já eu de há muito lhe apontava as deficiências de postura política e referia, abertamente por escrito – está tudo documentado, em letra de forma, a partir do terceiro trimestre de 1989 – a falta de lealdade da pessoa e o carácter de preocupação apenas com os interesses pessoais.

E mais: continuo a afirmar, como desde sempre fiz, que o homem nunca tomou uma atitude contra os desmandos de Sócrates, apenas porque pensava exclusivamente na sua própria reeleição. Havia que suportar tudo e calar, para ser eleito. Havia que deixar o País também tudo suportar até cair no estado em, que nele pegou o actual governo.

Cavaco pode dizer agora tudo quanto quiser, mas jamais se livrará da nódoa que lhe emporcalha a fatiota de ter deixado que o vilarista tivesse campeado aí pelo Pais, como se tudo isto fosse sua coutada própria, de tudo e todos podendo dispor a seu bel prazer, sem prestar contas a ninguém.

Para além de todos os desmandos que praticou, Sócrates pode ter sido institucionalmente desleal para com o Presidente da República; Cavaco, porém, foi desleal para com o País.

Portanto, estamos entendidos uma vez mais.

Sou de opinião que Sócrates desgraçou o País, sim, mas com cinco anos de bênção e sorrisos de circunstância de Cavaco.

E que venha de lá o mais pintado garantir que não, que todos os Portugueses de boa fé, mesmo que politicamente afectos ao PS, sabem que assim é e intimamente o reconhecem.

O facto de não ter a mínima consideração (para além da que é devida a qualquer ser humano) pela pessoa de Cavaco Silva – outra coisa é respeito devido ao cargo que ocupa – não me inibe, porém, de reconhecer e dizê-lo aqui abertamente, com a maior clareza – porque o destino de Cavaco pouco me importa, importando-me, sim e exclusivamente, o destino do País – que, no caso da falta de lealdade institucional reiteradamente demonstrada e praticada por Sócrates, Cavaco tem toda a razão, apenas a perdendo por ter falado – falado, repare-se, nem sequer agido… – tarde.

E aos dirigentes e ex-dirigentes socialistas, como Luís Amado, que considero, porque a grande maioria dos outros, que apenas se dedicam à chicana política, não merecem mais do que desprezo, apenas se me oferece dizer que Cavaco não só tem razão, como era sua obrigação, dever patriótico que não cumpriu – pelo que devia ser chamado à responsabilidade, política e sei lá se também criminal – em devido tempo ter denunciado o que se passava e mesmo ter evitado que se verificasse.

Eram os interesses do País, que jurou defender, que estavam em fortíssima crise, foram os soberanos interesses do País que Cavaco não privilegiou como lhe competia mais do que a ninguém, na qualidade Presidente da República, primeiro responsável pelo bem-estar dos Portugueses e zelador da dignidade nacional.

E respondendo ainda a Luís Amado, direi mais:

Isto que foi agora revelado por Cavaco – que, afinal, nada revelou que não fosse já sabido pela generalidade dos cidadãos que se interessam pela res publica – não podia ter sido deixado para outra oportunidade, para as calendas gregas. É que está na hora do acerto de contas entre o País e quem o vilipendiou durante seis anos de ignomínia. E esse acerto já vem tarde. Muito tarde.

No entanto, antes tarde do que nunca.

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