Os portugueses têm de salvar-se de si próprios, para salvarem Portugal

quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

3136. O país dos esquemas


Desde que teve início o programa de resgate a que estamos submetidos, rara é a semana em que não é noticiado mais um escândalo, pela descoberta de um esquema de vigarice, de aldrabice, de abuso descarado de dinheiros públicos – ou privados, mas com efeitos sobre entidades públicas.

A sucessão ininterrupta de tais notícias torna impossível que não se pense – com toda a razoabilidade – que Portugal tem vivido, de há muitos anos para cá, num clima de podridão inimaginável para gente com um mínimo de sentido de honra.

A verdade que nos vai sendo revelada é, pois, que constituímos uma sociedade extremamente doente, a necessitar de, com muita urgência, mudar de padrão.

As notícias de fraudes, furtos e outras miseráveis actuações de milhares de cidadãos e de actividades ilícitas é infindável e abarca sectores mais diversificados do que qualquer imaginação mais fértil e delirante poderia sequer intuir.

Administração central, administração regional e local, empresas públicas, entidades bancárias, hospitais, farmácias, universi

dades, fundações, associações desportivas constituem todo um imenso território onde bandalhos de toda a espécie vinham a actuar impunemente, por vezes há dezenas de anos.


Portugal é, sem qualquer dúvida, um país de esquemas

Há que proclamá-lo e escrevê-lo em letra de forma, para que fique registado e não se vá com o vento, para que todos nos capacitemos de que é mesmo imprescindível que urgentemente mudemos de vida, sob pena de não termos viabilidade como sociedade civilizada e civicamente responsável, respeitável e respeitada pelos povos dos países a que estamos associados.

Para tal, contudo, torna-se necessário que comecem a ser conhecidos os resultados da actuação correctiva que não pode deixar de haver.

Ora, não obstante o conhecimento de actuações criminosas que, desde há mais de dois anos, tem sido trazido a público, por situações altamente lesivas do erário público – algumas das quais nem sequer eram suspeitadas anteriormente ao início do resgate – a realidade é que não tem sido dada conta dos resultados de perseguição judicial a que tais actuações devem dar causa.

E, pelo menos a bem da dignidade da nação que somos, tal conhecimento não pode ser mais adiado.

Efectivamente, queremos saber – e temos esse direito, de que não devemos abdicar – onde estão e submetidos a que medidas coercivas se encontram os autores, materiais e morais, dessa actividade criminosa que tanto mancha a nossa honra colectiva e materialmente causa enormes prejuízos à sociedade portuguesa no seu âmbito geral.

2013Jan22
rvs

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