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segunda-feira, 29 de janeiro de 2007

832. Ainda o caso do aeroporto da Ota (4)

(continuação do post 831)

De novo a Ota e a ligação ao Caminho de Ferro

Um novo aeroporto de Lisboa terá de ser construído, mas não há qualquer urgência em decidir a sua localização nos dois ou três anos mais próximos. O que nos interessa é poder construí-lo de um modo progressivo, com custos iniciais baixos e com grandes possibilidades de expansão, o que é impossível na Ota, onde a construção demorará bastante mais tempo do que num outro lugar.

Numa nota anterior, defendi que, sem qualquer receio de atraso, devíamos dedicar o ano de 2007 a estudar os impactos ambientais e os problemas relacionados com a construção do aeroporto da Ota.

Numa outra nota, tinha chamado a atenção da NAER para o problema da consolidação dos terrenos sobre o leito de ribeiras, enumerando três soluções, e dizendo que os Aeroportos de Paris, consultor da Naer, deviam ser interrogados sobre qual a solução que preconizavam, ou, então, se assumiam a responsabilidade, de dizer que a terraplanagem podia ser feita com a simples transferência do "tout venant" de um lado para o outro. Num email que me enviou em 16 de Janeiro, a NAER transmitiu-me que : "se encontrava a analisar e a preparar as respostas para as questões colocadas".

Sem estas questões serem esclarecidas é absolutamente impossível saber como pode ser construído um aeroporto na Ota.


A prioridade dada à linha Lisboa/Porto, que não corresponde a nenhuma necessidade económica imediata do país, tem que ver, obviamente, com o aeroporto da Ota.

A RAVE/REFER tem revelado uma quase ânsia em criar situações irreversíveis. Assim, mandou fazer o projecto de troço de Pombal a Alenquer, com passagem pela Ota, da linha de Lisboa/Porto sem saber (como não sabe ainda) como é que esta linha entrará em Lisboa. O estudo (que teremos de pagar) deste troço foi entregue em Setembro no Instituto do Ambiente, para efeito da sua avaliação ambiental, o que nos termos da legislação obriga a uma consulta pública. Pedi para o ver e disseram-me que só estaria para consulta pública um mês depois. Um mês depois, informaram-me que tinha sido retirado por dois meses pela própria REFER e já me chegou a informação de que foi depois retirado por tempo ilimitado.


No documento de "Orientações estratégicas para o Sector ferroviário", divulgado pelo MOPTC, pode ser visto num pequeno esboço o traçado da linha TGV para o aeroporto da Ota. Esta linha, ao contrário das indicações iniciais, não passa no aeroporto, mas nela está prevista uma estação dita da Ota (a 7 km da povoação da Ota), onde descerão os passageiros vindos de Lisboa pela linha TGV, para tomar um outro transporte ferroviário para o aeroporto. A linha TGV que ladeia o aeroporto passa na extensão de talvez 4 km, sobre o leito de uma ribeira. A avaliar pelos estudos até agora divulgados, o acesso ferroviário ao aeroporto da Ota será, assim, péssimo e caríssimo.

(continua no post 833 com Entretanto)

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