Os portugueses têm de salvar-se de si próprios, para salvarem Portugal

segunda-feira, 26 de fevereiro de 2007

909. Aldeia global portuguesa (2) - Punta Arenas


Se lhe agradou a sugestão que lhe dei no post 907, então deixe que, dentro do mesmo espírito, lhe sugira agora que se interesse igualmente pela história de Punta Arenas, cidade meridional, da Patagónia chilena, na região de Magallanes, ali mesmo ao lado do Estreito de Magalhães, que o nosso navegador atravessou, por volta de Novembro de 1520, tendo aportado a um local de “puntas arenosas” ousandy point”, onde se abasteceu de água, antes do início da longa travessia do Pacífico.

Na região está mesmo assinalado com uma placa, o local, numa pequena colina, a que se deslocou um português, de apelido Alves, que seguia na expedição de Magalhães, com o objectivo de verificar se a baía em que se encontravam tinha saída para o mar, do lado ocidental. O compatriota de Magalhães voltou ao navio com a informação de que não se avistava qualquer saída, mas o navegador teve a percepção de que sim e, por isso, ordenou que se seguisse em frente, acabando por chegar a um enorme Oceano que baptizou de Pacífico, pelo contraste que encontrou entre o que dele se dizia e a calmaria que se lhe deparou.

Mais tarde, no local estabeleceu-se uma pequena povoação, de nome Punta Arenas, onde uma significativa comunidade de portugueses se estabaleceu, tendo tido uma influência decisiva no desenvolvimento da região.
, tendo ...
Se quiser, procure mais notícias na Radio Magallanes ou no jornal La Prensa Austral.
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Fernão de Magalhães tem, no centro da cidade, no local mais destacado, um belo conjunto escultórico perpetuando o seu nome e o feito que o tornou conhecido.
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Mas também outro português teve grande influência em Punta Arenas, de que ele e a mulher, Sara Braun, foram expoentes máximos: José Nogueira.
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José Nogueira foi um dos grandes proprietários de Punta Arenas, tendo construído, em 1890, no centro da cidade, na praça mais importante, uma enorme mansão, onde hoje funciona o Hotel José Nogueira. Mas não se ficou por aí. A obra dele na região é vastíssima.
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No mesmo edifício está igualmente instalada a Casa-Museu Sara Braun, que foi residência do casal. Sara Braun sobreviveu ao marido e, após a morte deste, mandou construir, a inteiras expensas suas, um enorme cemitério que passou a ser pertença da cidade, com uma particularidade, que Sara deixou em testamento.

Consistia
ela em que o último cadáver autorizado a passar pela porta principal do cemitério seria o dela. Todos os posteriores teriam que entrar por portas laterais, de menor importância. E assim se fez…

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Além destes links, que lhe indico, procure outros, a partir de um motor de busca, em “Punta Arenas”, “Hotel José Nogueira”, “Casa-museo Sara Braun”, “Estreito de Magalhães” e tudo o mais que a sua imaginação lhe ditar.

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Vai certamente deparar com coisas que jamais imaginara.

Este mundo é realmente uma aldeia global, graças ao aventureiro e empreendedor espírito português. De antigamente, claro está. Infelizmente.

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Mas o espírito não se perdeu. Está apenas adormecido, esperando que a crise de liderança passe, para que ressurja em todo o esplendor. Algo me diz que assim há-de cumprir-se.
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Pode crer que estas idas ao passado constituem um refrigério para a alma, um retemperador de forças e um renovador de confiança no futuro deste povo, que não pode continuar ad aeternum nesta mediania embrutecedora.
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6 comentários:

Ruvasa disse...

Amigo Ruben

Gostei de ver o interesse manifestado pela memória deste grande povo PORTUGUÊS.

Que pena os nossos meios audio-visuais não tirarem partido da nossa história tão rica e bela. E até no nosso teatro musicado que em vez da Música no Coração, do Cats (que são bonitos de se ver e ouvir), não tenhamos empresários e encenadores que montem espectáculos que contassem e divulgassem os nossos feitos e a nossa história.

AAlves

Ruvasa disse...

Viva, Alves!

É verdade. Mas sobre esse assunto, havemos de falar aqui, dentro de dias, com mais vagar.

Porque há que, uma vez mais, chamar os bois pelos nomes. E se os bois têm nomes!...

Abraço

Ruben

Ricardo disse...

Viva Ruben,

Tinhas razão, mais algumas novidades neste texto. Nunca tive essa motivação para gerir os meus périplos turísticos pela presença portuguesa no mundo mas daria uma viagem interessante, apesar de cara porque ia ter que dar quase a volta ao mundo.

Abraço,

Ruvasa disse...

Viva, Ricardo!

Mas olha que é um excelente exercício.

E não terias que dar "uma" volta ao mundo, mas várias...

De qualquer modo, não é preciso ir lá. Por acaso, fui a Punta Arenas e a outros sítios, como o Estreito de Magalhães. Mas não estive em Tristan da Cunha.

Abraço

Ruben

valter ferraz disse...

Ruben,
venho retribuir sua visita e comentário no perplexoinside. Sempre é bom conhecer novos sítios, como é bom poder viajar e conhecer novos lugares, como PUNTA ARENAS.
De quebra aprende-se mais um pouco da história das Américas.
Um forte abraço

Ruvasa disse...

Viva, Valter!

Agradeço também e mais: digo-lhe que as suas palavras calaram bem fundo em mim.

Foi bom conhecer Punta Arenas, foi bom ter escrito este post sobre a região e foi, sobretudo, muito bom ler o que o Valter escreveu.

Imagine que até foi bom não ter ido às Torres del Payne precisamente para, devido à escassez do tempo de que dispunha, poder "viver" melhor a região de Punta Arenas e as suas gentes, interiorizando a "chegada" do grande Magalhães e das dificuldades porque passou, com quase amotinações a bordo e tudo, pois Sebastián del Caño queria, a todo o custo, regressar a Cádiz e Sevilha, sem chegar ao Pacífico, para o que conseguiu arregimentar muitos marinheiros, tendo sido a tenacidade e capacidade de comando de Magalhães que evitou o insucesso...

Abraço, na certeza de que aqui será sempre bem-vindo e eu irei passar por lá com frequência.

Ruben