Marcelo Rebelo de Sousa continua a "escolher", na RTP. E, decididamente, também a encolher.
O homem continua igual a si próprio.
Talvez por isso, não obstante ter mais tempo de antena que qualquer outro político alguma vez teve em Portugal, as pessoas ouvem-no, sim, mas não lhe ligam patavina!
Marcelo Rebelo de Sousa, por sua exclusiva capacidade, e sentido de posicionamento político de oportunidade erigiu-se à condição de mero fait divers.
Ponho mesmo a mim próprio a questão:
- Será que o homem é tão inteligente como pensa que é e meia dúzia tipos de olhos arregalados de espanto gostariam que fosse?
É que, sendo o que pensa que é, de há muito teria constatado que, não obstante dispor de uma tribuna privilegiada, regular e com tempo e espaço como nenhum outro - para mais sem contraditório... - não consegue levar ninguém consigo.
Politicamente é um fracasso. O maior flop político que Portugal já conheceu.
A intervenção que teve, há pouco, acerca da questão da licenciatura de Sócrates, é um desastre para um professor de Direito que se preze.
Ter o desplante de dizer que o que interessa no assunto é saber se o cargo é bem desempenhado ou não, não a licenciatura, chegar mesmo a colocar em paralelo Sócrates e John Major e Jacques Delors - que, tanto quanto se sabe, jamais reivindicaram para si próprios aquilo que não eram - e, passando sobre tudo o resto como sobre vinha vindimada, achar que nada mais interessa ou que o que importa é apenas o facto de a Universidade Independente não funcionar correctamente, não lembrava a mais ninguém que não ao comentarista de faxina!
O ilustre professor de Direito, emérito constitucionalista, (h)orador imparável, tribuno de causas patéticas baseadas no diz-se-que-se-diz e preclaro comentarista da ágora (digo bem, da praça...) não consegue vislumbrar - ou conseguirá, apenas lhe faltando algo que os homens usam ter e é necessário para abordar de frente certos temas - a questão que realmente no assunto está em apreciação, ou seja, o ilícito consubstanciado em declaração inverdadeira de um governante a seu próprio respeito, em documento oficial do Estado.
Que tristeza, Marcelo, que tristeza!
...
8 comentários:
Olá Ruben
Sobre a tirada de Marcelo acerca da licenciatura, tenho uma opinião divergente da sua. Acho que o homem foi arrasador para o PM. Demolidor!
Só aquela venenosa do "... andei a queimar as pestanas e afinal vale mais o meu curso de agente técnico que esta licenciatura..."
Repare que nem "bacharel" disse...
Abraço
Estamos postando sua sugetão: Stuart Carvalhais,lá no Varal. Agradecemos , mais uma vez sua dica, abertos para outras! Forte abraço.
É realmente uma tristeza ... uma vergonha ...
o que está em causa não é o grau académico ....... mas a MENTIRA ....
as FALSAS DECLARAÇÕES....
boa semana
bjs
Viva, Agnelo!
Tudo bem, mas...
Já reparou que aquilo que ele refere é apenas conversa de comadre, aliás como é hábito? Trata-se do menos importante, do que serve apenas para discussão estéril, má língua, inconsequente?
A gravidade do assunto, o que "dá direito" o imediata demissão - após o respectivo processo, antecedido de suspensão de funções, no mínimo - é o que prescreve a lei penal.
Que qualquer um de nós dissesse o que ele disse seria desculpável. A ele, professor catedrático de Direito, não.
Como disse no texto deste post: o homem erigiu-se em mero "fait divers" a que dá algum crédito quem, por distracção, não se apercebe do "distinguo".
Dele esperava-se mais e de maior responsabilidade. Não o tal "fait divers" inconsequente, conversa de comadre em qualquer "vila maria" de um qualquer bairro típico de Lisboa.
Abraço
Ruben
Viva, Isabel!
Nem mais. O resto é apenas folclore.
Beijinho e boa semana.
Ruben
Viva, Eduardo!
Não tem que agradecer. Eu é que fico sensibilizado pela divulgação dos artistas portugueses.
Darei mais sugestões, sim. Tal, porém, não significa que o Eduardo as acolha todas, como é natural.
Abraço igual.
Ruben
Amigo Ruben,
Eu interpretei o MRS na questão da licenciatura no sentido supra do Azurara.
Marcelo nem discutiu se existia ou não a licenciatura. Partiu do princípio que ela não existia e, cinicamente, dissertou sobre a validade social do canudo, dando umas no cravo e outras na ferradura, chamou agente técnico ao gajo, falou das pestanas que se queimam a estudar e - e isto foi o mais importante para ele, Marcelo - demonstrou que primeiro ministro pode ser qualquer um, até um agente técnico; agora Professor catedrático de direito...
Foi uma das inferiorizações sociais mais subtis e maldosas a que já assisti.
Um abraço,
Viva, Carneiro!
Exactamente. É isso mesmo que critico a Marcelo. Vive do "fait divers", do sem importância, das tricas de comadres em "vilas marias" lisboetas.
Interessava-lhe, antes de tudo o mais, evidenciar isso que o Carneiro ressalta, ou seja, a "diferença" que há entre ele e o outro.
E quem é que quer saber das diferenças entre um e outro, num caso em que o que está em jogo é a dignidade do Estado?
É aqui que bate o ponto, relativamente a Marcelo. Neste caso, porque há muitos outros em que ele se mostra paroquial, comadral mesmo.
Ora, de politiquinhos desses estamos fartos e não precisamos nem um bocadinho. Chega!
E, agora, diga-me cá, Amigo:
Perante o que o comentarista de faxina "pesporrou" ou bazofiou, qual é a ideia com que fica o vulgar cidadão de Lineu que ouve de raspão e não está devidamente alertado para certas coisas, realmente importantes da nossa vida colectiva?
O que fica é que Marcelo, o irónico, o mafarrico, como era conhecido quando mais novo, mas cujos tiques ainda não perdeu, gozou com o primeiro-ministro. "Fez" humor com uma "infelicidade" do primeiro-ministro. Faço-me entender? Marcelo vitimizou Sócrates. No meio desta salganhada, Sócrates terá que, um dia destes, lhe agradecer o jeitinho.
E que interessa ao país o humor de Marcelo? Marcelo não conseguiu encontrar algo de mais importante e necessário do que promover-se uma vez mais, à custa de "fait divers", de gabarolice sem jeito!
Por outro lado, que fez ele de relevo, relativamente à questão de fundo, que é questão de Estado, ou seja, à declaração falsa de um governante sobre si próprio, exarada em documento oficial do Estado Português, a qual está mais do que provada pelo próprio governante, tanto em resposta a jornalistas, como na emenda que ordenou que fosse feita, dois anos após ter sido inserida a tal informação falsa?
Nada, rigorosamente nada.
Ora, caro Carneiro, quando quero simplesmente divertir-me, procuro um programa humorístico, não o Marcelo que, nesse campo, é canhestro.
A questão da licenciatura ou não licenciatura passou a ser irrelevante, a partir do momento em que se evidenciou a mentira. Dito de outro modo: a questão da licenciatura ou não licenciatura, no momento actual, apenas serve para provar a mentira difundida em documento oficial do Estado Português, ferido de falsidade evidente.
Trata-se, pois, de mero instrumento, meio, para se chegar a um fim, objectivo.
Uma vez mais, Marcelo, com a ligeireza que o caracteriza, ficou-se pelo acessório, ignorando o que constitui realmente o essencial de toda a questão.
Se nos ativermos ao que ele se limitou, estaremos a dar relevo ao que relevo não tem, ou seja, que é necessária uma licenciatura para se chegar a primeiro-ministro, ou seja, estamos a colocarnos no patamar de Sócrates que, por tal entender, fez o que fez. O que é um contra-senso.
Abraço grande
Ruben
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