Os portugueses têm de salvar-se de si próprios, para salvarem Portugal

domingo, 20 de janeiro de 2008

1432. O Hermitage em Lisboa

Nesta tarde soalheira de domingo, resolvemos, a Isabel, uma das nossa filhas e eu, ir visitar a exposição Arte e Cultura do Império Russo nas Colecções do Museu Hermitage, de S. Petersburgo que está a decorrer no Palácio da Ajuda desde 26 de Outubro, prolongando-se até 17 de Fevereiro.

Trata-se de um excelente evento, já que as peças expostas, de pintura, escultura e artes decorativas, num total de mais de quinhentas, são de qualidade verdadeiramente excepcional.

Fomos apenas agora, na ilusão de que as salas estariam mais desafogadas de gente. Pura ilusão! A enchente era imensa e de tal forma que foi muito difícil ver as obras de arte em pormenor, como deve acontecer em apreciação cuidada.

Se, por um lado essa circunstância constituiu um incomodo grande, por outro trouxe alguma satisfação, por termos constatado que o português contemporâneo parece começar a interessar-se mais e de forma genuína por outros povos e suas culturas, passo indispensável para nos tornarmos melhores, mais conhecedores e menos mesquinhos.

Por mim, tirarei a desforra mais tarde. No entanto, a quem quiser ir e só disponha do fim de semana, sugiro vivamente que chegue aquando da abertura diária, pelas 11 horas. É a melhor forma de apreciar as obras expostas em sossego mais de acordo com tal apreciação.


Toda a dinastia dos Romanov, a principiar em Alexei I e a terminar em Nicolau II, casado com Alexandra de Hesse e pai da princesa muito conhecida Anastasia - acerca de cuja vida, Hollywood realizou um filme, salvo erro na década de 50, intitulado precisamente "Anastasia" - que se viu forçado a abdicar do trono em 1917, em consequência da Revolução bolchevique e foi morto, juntamente com toda a família, em Março de 1918, está representada, ainda que sumariamente, como não podia deixar de ser.

De entre todos os nomes dessa dinastia, avultam os imperadores Pyotr
(Pedro) I , o Grande, o primeiro czar do Império Russo (aclamado pelo Senado, em 1722 - muito embora fosse, desde 1696 quem realmente governava por interposta pessoa, Ivan V, seu irmão - tendo governado sozinho até 1725, ano em que faleceu) e Ekaterina (Catarina) II, ela também a Grande, verdadeira déspota esclarecida, que foi dona e senhora de todas as Rússias, governando a seu bel-prazer por 34 anos, entre 1762 e 1796.

De qualquer modo e não obstante o incómodo que é a multidão desenfreada e a circunstância de o programa prever mais duas outras mostras e, a final, estar prevista a criação de um núcleo do Hermitage em Portugal, uma visita a esta excelente exposição é um imperativo para todos quantos se interessam por um dos temas mais debatidos e controversos da História europeia.
...

10 comentários:

Isabel Magalhães disse...

Amigo Ruben;

Espero que tenha aproveitado bem a visita ou que possa aproveitar ainda para voltar ao Palácio da Ajuda porque em San Pitsburgo não lhe dão tempo suficiente para ver. Tem que andar à rápida cadência dos guias imposta pelas guardas do museu. A maior parte das salas dispõe apenas de um estreito corredor, delimitado com cordões, por onde os visitantes têm que circular.

Na ala dos Impressionistas, - uma das razões que me levou à Rússia e ao Hermitage - 'deram-nos' breves segundos frente a cada tela. (Ano 2000)

Abraço

I.

Ruvasa disse...

Viva, Isabel!

Se me permite o termo, então estou "lixado".

Não gosto de ver as coisas a correr, porque não dá para apreciar nada de jeito.

Na "Galeria degli Ufizzi", de Florença, passei um dia inteiro e não consegui ver nem metade. De tal modo que estou a pensar voltar lá só para acabar de a ver e ir também à "Academia", onde está o "David" de Miguel Ângelo.

Já os Museus do Vaticano também foram também vistos à pressa e muito incompletamente, excepção feita à Capela Sistina.

Há que aproveitar-se o que é possível.

Abraço

Ruben

Isabel Magalhães disse...

Ruben;

No Hermitage a visita é sempre acompanhada... e temos que andar à rápida cadência que nos impõem.

Sentar no chão, e ficar perdido no tempo, a observar uma tela como no MOMA ou no Guggenheim de N.Y.? Impensável. :(

Quando for vá mentalizado para umas certas limitações a que não estamos habituados e que podem causar algum 'desconforto'.

I.

Ruvasa disse...

Viva, Isabel!

E com uma "Kalashnikov"? Não se conseguem mais uns minutinhos?

;-)

[]

Ruben

Isabel Magalhães disse...

Ruben;

Duvido. (Por falta de sítio onde escondê-la) :)

No Palácio de Peterhoff não permitem, sequer, entrar com casaco vestido. Há um vestiário, PAGO, of course, para deixar carteiras e casacos.

Recusei tirar a parka porque receei ter frio só com a t-shirt (em Setembro já faz frio naquelas paragens) e comuniquei à guia do cruzeiro que faria a devida reclamação a 'quem' de direito em Portugal, na França (o cruzeiro era de uma agência francesa) e a quem mais me lembrasse.

Depois de uma grande troca de palavras entre a guia do barco e as guardas do palácio foi-me concedida a 'benesse' de não o tirar. Não exagero se disser que, durante toda a visita, as guardas das várias salas se mantiveram sempre de olho em mim.

Não quero com estes apontamentos dizer que não gostei da viagem porque gostei. Estou apenas a alertar para uma determinada 'paciência' que é necessária porque todos os dias aconteceram situações que me incomodaram. A que mais me incomodou foi, sem dúvida, à chegada ao navio em S. Petersburgo terem-me (a todos os passageiros)exigido que entregasse o passaporte. Por 'troca' deram-me uma fotocópia A4, a preto, com foto e nome (escrito em russo). Manifestei o meu desagrado, perguntei a razão e foi-me dito que 'era para evitar o assalto com vista ao roubo dos documentos'.

Em 1986, em Warsóvia, tinha sido assim também mas, era outra a época e a situação política. Pensava eu!

E agora prometo que já não falo mais de 'incidentes'. :)))

Abraço

I.

Ruvasa disse...

Viva, Isabel!

Bem, pelo sim pelo não, comprei os dois DVDs que acompanham a exposição e que são de muita qualidade.Quando for, já levo uma razoável ideia acerca do que vou encontrar.

Quanto ao "resto" que refere, ainda bem que o faz, para estarmos prevenidos.

No entanto, ficamos altamente surpreendidos, pois que nem na China (fizemos todo o país de alto a baixo, com Beijing e Xi'an, mais Shangai, Guilin, Hong-Khong e Macau), nem no Vietname (fizémos o mesmo, desde Hanói a Hué e Danang, bem como de Hoi-An a Ho Chi Minh) e também no Camboja, jamais encontrámos o menor obstáculo tanto a entrar e vasculhar tudo o que quiséssemos como a fotografar ou filmar. Apenas nos pediram - pediram, claro!... - que não fotografássemos uma sala da enormíssima Cidade Proibida de Pequim, por virtude de a luz forte dos flashes danificar peças que não podem receber muita luz, e, no Vietname, o corpo embalsamado do "tio" Ho.

Também na América do Sul nunca ninguém nos colocou quaisquer obstáculos. Nem na Turquia, onde fotografámos à vontade todos os interiores das mesquitas; o mesmo aconteceu na Tailândia. O único país onde havia proibições completamente loucas em muitos locais, foi a Itália. Na Catedral de Milão, em Florença e Bolonha, em Roma, em Nápoles. De resto, corremos a Itália desde Milão até à Sicília e não houve mais impedimentos. Perdão. Houve, sim, na Capela Sistina, que tinha sido restaurada há pouco tempo.

Enfim, cada qual é que sabe as linhas com que quer coser-se.

E, como é da sabedoria dos povos, "in Rome, be roman".

Abraço

Ruben

Isabel Magalhães disse...

Ruben;

Foi no ano 2000 e, tanto quanto me lembro, os flashes eram proíbidos nalguns locais mas permitiam fotografar e filmar, sempre a pagar claro.

Sei que prometi não contar mais 'coisas' mas esta tenho que contar: nunca nos deixaram andar sózinhos.

[]
I.

Ruvasa disse...

Viva, Isabel!

Está bem, mas agora com o Putin, está tudo muito melhor...

[]

Ruben

Isabel Magalhães disse...

Meu Querido Amigo;

Fui em Setembro 2000 e o Putin já lá estava desde 7 de Maio...


:)))

[]
I

Ruvasa disse...

Viva, Isabel!

Pois, mas na altura era ainda um Putin...ho. Agora, que cresceu, é muito mais refinado...

[]

Ruben