Os portugueses têm de salvar-se de si próprios, para salvarem Portugal

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

1816. Tertúlia virtual - "VOAR"










Um voo cego a nada


Eu, Rosie, eu se falasse eu dir-te-ia
Que partout, everywhere, em toda a parte,
A vida égale, idêntica, the same,
É sempre um esforço inútil,
Um voo cego a nada.
Mas dancemos; dancemos
Já que temos
A valsa começada
e o Nada

Deve acabar-se também,
Como todas as coisas.
Tu pensas
Nas vantagens imensas
De um par
Que paga sem falar;

Eu, nauseado e grogue,
Eu penso, vê lá bem,
Em Arles e na orelha de Van Gogh...

E assim entre o que eu penso e tu sentes
A ponte que nos une é estar ausentes.


Reinaldo Ferreira
Barcelona 1922 - L.Marques 1959




Post que participa na Tertúlia Virtual, ideia conjunta de Varal de Ideias e Expresso da Linha

40 comentários:

Jorge Pinheiro disse...

Grande poema, pleno de virtualidade. Parabéns pela escolha.

peri s.c. disse...

Bonito, bonito ...

Ruvasa disse...

Viva, Jorge!

Obrigado.

Reinaldo Ferreira foi um grande poeta, infelizmente falecido prematuramente, o que o impediu de produzir obra bem mais vasta.

Era filho do célebre jornalista do mesmo nome, Reinaldo Ferreira, que ficou conhecido por Repórter X.

Abraço

Ruben

Ruvasa disse...

Viva, Peri!

Obrigado, amigo. Como disse atrás, Reinaldo Ferreira foi um grande poeta português que produziu e viu publicada toda a sua obra, após a morte, em Moçambique, onde era Secretário do quadro da Administração Civil do território.

Um dia destes trago aqui mais alguns de seus poemas.

Abraço

Ruben

http://saia-justa-georgia.blogspot.com/ disse...

Bonito o seu poema; vou continuar voando...

Abracos

Isabel Filipe disse...

Olá Ruben,

Não conhecia este poema, deste poeta que considero da minha Terra ... foi lá que ele escreveu a maioria dos poemas dele ... este é simplesmente maravilhoso e maravilhosa foi a tua escolha para este tema ...


poucos sabem que a letra da nossa música "Uma Casa Portuguesa" é dele ... e que essa casa portuguesa tem cheiro completo a Moçambique, pois a música é do maestro Artur Fonseca ... enfim ... recordações ...

tb participei da Tertúlia ....


beijinhos para ti e tem um bom dia

Ruvasa disse...

Viva, Georgia!

Mas nesse voo, vá passando por aqui, porque será sempre bem-vinda.

Abraço

Ruben

Ruvasa disse...

Viva, Isabel!

Reinaldo Ferreira é o meu poeta de eleição. Cinheci a sua obra, em 1964, em Lourenço Marques. De então para cá nunca me abandonou.

Sim, como dizes, pouca gente sabe disso. No entanto, tenho sido surpreendido ultimamente. Há cada vez mais pessoas a conhecê-lo e a dele gostar... e muito.

Já vi que participaste. Como sempre. E, como sempre também, despojaste-me da capacidade de dar largas à imaginação...

Beijinho

Ruben

Al Kantara disse...

Grande poema. A voar alto...

Ví Leardi disse...

Que beleza de escolha...não conhecia
Reinaldo Ferreira,assim como pouco conhecia Eduardo White....a maravilha desta tertúlia é que te proporciona se encantar com tanta arte ainda não vista ou lida.Vou ir atrás de obras de Reinaldo para conhecê-lo melhor...Obrigada linda postagem!

Anónimo disse...

Com este poema, de grande VOO, marcas aqui sua participação nesta REVOADA de gente que certamente tem ASAS!
Parabéns amigo Ruben, e obrigado por estar voando com a gente!

Elma Carneiro disse...

Ruben
O que importa mesmo, é que Ícaro pelo menos sonhou e sonhou alto.
Voar faz parte de nossos sonhos, pois acredito que eles nos levam a grandes alturas, situações às vezes impossíveis de alcançar não fosse pelo sonho.
Obrigada pela visita.
Abçs

Sobre Reinaldo Ferreira, ele que sonhou muito.

“Deixem que eu parta, agora, já,
Antes que murchem todas as flores.
Tenho a loucura, sei o caminho,
Mas como posso partir sózinho
Sem um cavalo de várias cores?”

Lizete Vicari disse...

Ruben que belo poema!
A casa portuguesa ouví desde
menina cantada pela minha avó.
Quanto ao último voo do padre, foi mesmo.
Este sonhador subiu aos céus com
1000 balões de festa cheios de gás.
Pensou sair do Paraná e chegar ao Mato Grosso. O vento mudou e o levou para o mar.Resultado foi pro céu!
Um beijo. lili

♥ Denise BC ♥ disse...

Olá Ruben
Um maravilhoso poema, que nos faz voar com muita leveza. Agradeço a gentil visita.
Abraços, Denise

Anónimo disse...

Enquanto voava sobre as participações na Tertúlia aterrei aqui... Fiquei presa, mas com a alma liberta. Muito bonito. Óptima escolha.
Abraço

Ana disse...

Poema duma musicalidade enorme.
Tanta gente se encontra pelos caminhos da vida e para quem a única ponte é a ausência...

Muito belas as palavras que já imprimi para juntar a outras que vou encontrando e me tocam.

Abraço

Ruvasa disse...

Viva, Al Kantara!

Sim, vivendo tão pouco, Reinaldo Ferreira voou muito alto. Que obra nos deixaria se tivesse vivido mas tempo?!

Abraço

Ruben

Ruvasa disse...

Olá, Vi!

Reinaldo Ferreira foi, na verdade, um grande poeta.

Hei-de trazer aqui mais poemas dele.

Por agora, fique com este:

O PONTO

Mínimo sou,
mas quando ao Nada empresto
A minha elementar realidade
o Nada é só o resto.

Abraço grande

Ruben

Ruvasa disse...

Viva, Eduardo!

É sempre um prazer estar em iniciativas vossas, que o são de qualidade. E sucesso pela certa.

Abraço transatlântico, quiçá galáctico.

Ruben

Ruvasa disse...

Viva, Elma!

Sim, como dizia o outro poeta português

"o sonho comanda a vida"
e
"sempre que o Homem sonha,
o mundo pula a avança,
como bola colorida
nas mãos de uma criança".

* * *

O cavalo de várias cores é um poema extraordinário de Reinaldo. Mas eu sou um tanto suspeito, pois que, desde que do poeta tomei conhecimento, em Setembro de 1964, em L.Marques, 5 anos após a sua morte, elegi-o o poeta de minha preferência, tornando- até talvez injusto para muitos outros. Coisas!

Abraço

Ruben

Ruvasa disse...

Viva, Lizete!

Sim, "A casa portuguesa" tem lírica do Reinaldo Ferreira. A música é do maestro português, então residente em Moçambique, Artur Fonseca.

Quanto ao último voo de padre, confesso que desconhecia o evento. Certamente, como diz, voou para o Céu, de onde agora nos contempla.

Abraço

Ruben

Ruvasa disse...

Viva, Denise!

Nada tem, que agradecer. Para mnim foi um prazer grande. Só suplantado pelo da sua visita aqui.

Abraço e volte sempre.

Ruben

Ruvasa disse...

Viva, Sara!

Ainda bem que gostou. Hei-de trazer mais poemas do Reinaldo aqui.

Gostei muito de a ter por cá. Volte mais, ok?

Abraço

Ruben

Ruvasa disse...

Viva, Ana!

É a musicalidade que emprestou a toda a sua obra, mais autêntica porque espontânea. A musicalidade que escorre a l+irica da canção "Uma casa portuguesa", também dele.

Fez bem em recolher a frase.Presumo que seja a "a ponte que nos une é estar ausentes", uma frase cheia de força e significado.

Abraço, Ana.

Ruben

Francine Esqueda disse...

Vivaaaaaaaa!!
Olá querido?! Espero que tenha um dia livre e leve como um vôo!!
Lindo poema...
Parabéns pela postagem!
Um super beijo

Francisco Castelo Branco disse...

viva

bom poema e boa orientação

gostei

Anónimo disse...

Lindo poema. Bem escolhido para ilustrar o tema. Parabéns

Ruvasa disse...

Viva, querida Francine!

Sempre que os amigos vêm ao blog e deixam mensagens de cordialidade eu tenho dias livres e leves como um voo.

Continua a ser um prazer enorme visitar os seus blogs e tê-la a encher de luz este meu.

Um beijo igual para si.

Ruben

Ruvasa disse...

Viva, Francisco!

Obrigado pela visita e pelas palavras.

Efectivamente, Reinaldo ferreira foi um poeta de uma extrema sensibilidade e capaz de dar às palavras o sentido mais adequado.

Abraço

Ruben

Ruvasa disse...

Viva, Jorge Reis!

Obrigado.

Que é um belo poema, sem dúvida.
Que tenha sido bem escolhido para ilustrar o tema, disso já duvido mais. Mas se o Jorge o diz, terei que aceitá-lo e com isso ficar bastante agradado.

Abraço e volte sempre.

Ruben

Alice Salles disse...

Poema entregue, como um presente! Um presente num dia lindo como esses, e que eu agradeco.

Muitos abracos!

Ruvasa disse...

Viva, Alice!

Não tem que agradecer. Foi oferecido com o maior dos prazeres.

Abraço grande

Ruben

Claire-Françoise Fressynet disse...

Alô Ruvasa, da que pensar e que sentir
beijinho

Maria Augusta disse...

Belíssimo poema, é verdade que às vezes pensamos dominar nosso vôo mas na verdade voamos às cegas.
Gostei de conhecer este poeta.
Abraços.

Ruvasa disse...

Viva, Claire!

Sem dúvida. Hei-de postar aqui outros belos poemas do Reinaldo.

Beijinho igual

Ruben

Ruvasa disse...

Viva, Maria Augusta!

A maior parte das vezes é mesmo um voo cego.

Como disse atrás, hei-de trazer cá mais poemas de RF.

Pensei que estivesse de férias, pois passei pelo seu blog e não vi qualquer post. Vou lá de seguida novamente.

Abraço grande

Ruben

José Louro disse...

O Fausto canta isto.
Voei por aqui.

Ruvasa disse...

Viva, José Louro!

Sim, parece-me ter já ouvido.

Abraço

Ruben

Mikasmi disse...

Passei por aqui e deixo-lhe um abraço e parabéns pelo poema

Ruvasa disse...

Viva, Mikasmi!

Obrigado e volte sempre, ok?

Uma admiradora de Manuel Maria é sempre bem-vinda.

Abraço

Ruben