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quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

1966. Freeport - Contas do tio


Foto Daniel Rocha
Público


Directora do DCIAP prevê inquirição de 20 pessoas
Ministério Público pede informações sobre contas do tio do primeiro-ministro ao BPN
19.02.2009 - 08h50 Paula Torres de Carvalho, Cristina Ferreira

O Ministério Público solicitou ao Banco Português de Negócios (BPN) toda a informação sobre as movimentações e as transacções realizadas através de contas abertas na instituição em nome de Júlio Monteiro, tio do primeiro-ministro, José Sócrates.

Júlio Monteiro, que prestou ontem declarações no Tribunal de Cascais, como testemunha no âmbito da investigação do processo Freeport, tinha off-shores abertas no BPN. Uma delas, com conta numa sucursal no Funchal, mas também no BPN, aberta nas Ilhas Caimão. A outra, com sede no estado americano de Wyoming, passando igualmente pelas Ilhas Caimão.

Contactado pelo PÚBLICO, o porta-voz do BPN disse que "o banco está a prestar toda a informação solicitada pelas autoridades oficiais". O BPN está sob investigação das autoridades portuguesas por fraude, branqueamento de capitais, burla, gestão danosa e fuga ao fisco, o que já resultou na nacionalização do banco. A Caixa Geral de Depósitos assumiu a gestão provisória da instituição, onde foi detectado um buraco de 1,8 mil milhões de euros.

Outra instituição que terá sido contactada pelo MP para prestar informações às autoridades é o Banco Comercial Português, onde Júlio Monteiro também terá conta aberta. O porta- -voz do BCP disse que não falava de operações ligadas a clientes.

Em resposta às questões dos jornalistas, a Procuradoria-Geral da República esclareceu ontem que as investigações sobre o processo Freeport prosseguem com "inquirições, análises de documentos e de fluxos financeiros".

Numa entrevista ao jornal Sol, no mês passado, Júlio Monteiro garantiu que as suas empresas no exterior "não têm qualquer movimento e a polícia nada provará através delas", esclarecendo que, durante a busca a sua casa, "a polícia levou diversa documentação", nomeadamente relativa a "off-shores antigas". Com a inquirição de Júlio Monteiro prosseguem as diligências promovidas pelo Ministério Público relativamente ao processo. Questionado pelos jornalistas, ontem, à chegada ao tribunal onde permaneceu durante três horas, Júlio Monteiro, acompanhado dos seus advogados, disse estar de consciência "completamente" tranquila, não tendo sido contituído arguido. Ontem, notícias divulgadas por vários órgãos de comunicação social informavam que alguns dos nomes constantes de uma lista de pessoas suspeitas de envolvimento no caso Freeport estavam a ser inquiridas pelas autoridades, existindo já arguidos. Entre essas pessoas, contam-se os nomes Manuel Pedro e do escocês Charles Smith, além de Júlio Monteiro. Invocando o segredo de justiça, a PGR recusou-se a fornecer pormenores sobre as investigações. Cândida Almeida, directora do Departamento Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP), a quem foi entregue o processo, depois de ter sido avocado pelo PGR em Setembro do ano passado, confirmou que estão a ser realizadas diligências, prevendo que cerca de duas dezenas de pessoas sejam ouvidas durante investigação. Desde o seu início, em 2004, até hoje, foram ouvidas apenas seis pessoas.
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