Os portugueses têm de salvar-se de si próprios, para salvarem Portugal

sábado, 13 de junho de 2009

2308. Desemprego - Os números mais reais

Noticiou ontem à tarde uma emissora de rádio que, no total dos números do desemprego que oficialmente têm vindo a ser anunciados pelo INE encontram-se em falta cerca de 180.000 efectivos desempregados, que da respectiva lista foram retirados pelos mais diversos e espúrios motivos, como sejam o facto de esporadicamente fazerem um "bico" aqui outro ali ou estarem a frequentar acções de formação para reciclagem por terem perdido o emprego e outras espertezas que tais.

Ora, 180.000 assim descobertos, acrescidos aos 500.000 já oficialmente reconhecidos, dá um total mais aproximado da realidade de 680.000 desempregados em Portugal. Ou seja, o desemprego não anda pelos 8,9% mas pelos mais realistas, se bem que ainda não completamente fidedignos, 12,2%.

Significa isto que, tal como se sabia, apenas se ignorando a medida certa, os números do desemprego, principalmente de há dois anos a esta parte (muito fora, portanto, da actual crise mundial, mas muito dentro da endémica crise portuguesa), têm andado a não se conformar (eufemismo simpático, não?) à realidade. Agora, porém, são melhor conhecidos os números, a realidade.

Pois... Assim se combate o desemprego... Assim se criam centenas de milhares de postos de trabalho... E ainda há quem acredite na carochinha, contadora de historietas de engrolar criancinhas...

Isto passa-se no desemprego. Mas a "não conformidade" com a realidade não acontece apenas nesta vertente. A adulteração tem sido geral.

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É verdade que, após 7 de Junho, muitos ratos se preparam para fugir do seu largo, por receio de que o estatuto que têm exibido por feiras, arraiais e quermesses se tenha desvalorizado de modo irremediável.

É, porém, igualmente verdade que outra espécie de bicharada, esta rastejante, tem vindo a perder o medo em que estava mergulhada e começa a aparecer à tona da água pútrida do charco, e, assim, a começar a contar verdade que sempre souberam mas foram escondendo, para não desagradarem ao homem do chicote, o domador de pulgas e percevejos.

No entanto, é bom que se esteja ciente da realidade. É que - diz-nos a experiência de outros carnavais - tanto foram capazes de calar verdades incómodas para o poder instalado, como o são de, agora, perdido o respeito, desatarem a propalar outras "verdades" não conformes à realidade, para agradarem - ou não desagradarem - à corrente contrária. É que quem gosta de estar sempre com o Poder é capaz das façanhas mais inimagináveis.
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