Os portugueses têm de salvar-se de si próprios, para salvarem Portugal

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

2978. ... de guarda ao pomar, quem o assaltou?



Por mim, não tenho dúvidas em continuar a apoiar o actual governo, por três razões fundamentais da máxima importância:

1. –
Ter as mãos limpas.

É formado por pessoas que a ele chegaram de mãos limpas e afastadas dos habituais “lobbies” de Poder existentes em Portugal, que conduziram o País à situação em que se encontra.

Insisto neste ponto, por ser muito mas mesmo muito importante e decisivo, não obstante número muito surpreendente de pessoas pareça não conseguir alcançar o seu significado e decorrências.

Na verdade, tanto o primeiro-ministro, como os ministros e secretários de estado –excepção feita ao ministro dos negócios estrangeiros, que terá furado a regra por se tratar do presidente de um dos partidos da coligação, mas está na representação externa – haviam integrado governos anteriores em funções executivas.

2. – Não estar sujeito à ditadura das capelinhas, maçónicas ou não.

A prova de que o governo está afastado dos lobbies, constata-se na circunstância de o próprio partido de origem do primeiro-ministro, o PSD, albergar, como se tem visto, dos maiores e mais ferozes adversários, que o atacam sem dó nem piedade, fazendo mesmo uso de manobras e expedientes de muito duvidosa seriedade e até mais gravosos do que os da Oposição. O lobby do PSD foi deixado, pois, bem longe deste governo.

Todos aqueles que sempre criticaram a influência dos aparelhos partidários na acção dos governos, deveriam ponderar esta circunstância. Não ponho esperança em que o façam, porque outros interesses se interpõem. Mas sempre deixo o apontamento. Assim, ninguém poderá alegar que não foi prevenido.

O governo não tem lobbies, não está manietado por lobbies nem capelinhas, maçónicas ou não, e essa é mesmo a razão pela qual, atacado por todos os lados, até mesmo de onde lhe devia vir o mais forte apoio, surge apoio, sim, mas à contestação. Se alguém exigia provas da isenção e honestidade do actual governo, esta, pode-se afirmar sem receio de desmentido, é a maior de todas.

Nestas condições e por coerência com o que sempre critiquei ao longo dos anos, ou seja, a obediência dos vários governos que temos tido, a todo o tipo de associações secretas e “bilderbergs” adredes, estou mesmo obrigado e apoiá-lo. E de consciência bem aliviada, por observar um dever que considero inalienável.

3. – Estar a cumprir o mandato que lhe foi conferido, respeitando-o, e ser a única esperança que nos resta, até mesmo sem que eles o saibam ainda, àqueles que são seus adversários.



Por entre dificuldades, para além das naturais de governar numa conjuntura destas, para a qual não contribuiu minimamente, não previsíveis de todo em clima de sanidade social, o governo tem vindo a exercer a sua acção, respeitando as obrigações a que tem de responder, embora cometendo, aqui e além, alguns erros de palmatória, erros que considero de significado não decisivo para levar à coluna do seu “Deve”, o maior dos quais reside num débito de comunicação com os cidadãos verdadeiramente surpreendente, por inesperado. Mas isso tem muito mais de forma que de conteúdo.

E, quanto a este, terei que chamar a atenção para a circunstância de, estando o governo a cumprir realmente os deveres do mandato que assumiu, não se vislumbra, nem de perto nem afastadamente, qualquer hipótese de alternativa para tempo útil.

Na verdade, olha-se em redor e em redor está o deserto. E a perspectiva deserto ainda é a que menos dano provoca.

Na verdade, a única alternativa que poderia existir está no PS, sozinho ou acolitado pelos mesmos de sempre, entre os quais laranjas bem conhecidos, que agora furiosa e descabeladamente atacam um governo de que o PSD é a força maioritária. Alternativa apenas formal, note-se, porque não há condições para tal. Mas, mesmo que houvesse, pergunto:

– Existe por aí alguém tolo ou actuando como tal e de má fé, que, prezando o seu pomar, lhe ponha de guarda quem já e repetidamente o assaltou?

Ora, não sendo os assaltantes do pomar que devem ser postos a guardá-lo, quem mais?

Comece-se por notar que, além de cumprir aquilo a que o País está obrigado, por força do memorando de entendimento, pela primeira vez, um governo português não está a limitar-se a sanear momentaneamente as suas finanças, como foi feito quando das anteriores intervenções externas, mas a ir mais além, encetando um vasto leque de modificações que hão de reestruturar e reformar as instituições da sociedade portuguesa, as quais, por não terem sido levadas a efeito nas ocasiões anteriores – esta é a terceira em 34 anos, verdadeiro “record” mundial absoluto, imagine-se!!! – nos trouxeram aonde estamos.

Como é que, nestas condições, eu posso deixar de apoiar um governo destes? Um governo que está a fazer precisamente aquilo que eu – e comigo tanta gente, quase toda a gente, mesmo aqueles que agora se acirram ferozmente contra ele – sempre quis que fosse feito, por acreditar que, enquanto o não for, não vamos lá.?

Coerência no pensamento e na atitude, mesmo que arrostando com as maiores contrariedades e incompreensões, é o que mais exijo de mim próprio. Por isso, cuido de a preservar.

As coerências alheias não são do meu foro, pelo que delas não tenho de curar.

* * *

Aqui ficam, pois, as razões por que tenho apoiado e vou continuar a apoiar o actual governo. Até que o mandato de honra seja integralmente cumprido ou, deixando de o ser, eu encontre razões justas, para abandonar este que, para mim, é igualmente um ponto de honra.

12 Setembro 2012


NB.-

Talvez a única alternativa viável esteja no PCP, cujos dirigentes, a começar pelo inefável, ele também, Bernardino Soares, tiveram já a suma lata, o descaramento e a pouca vergonha de começarem a apelar ao levantamento popular, suspirando, quiçá, pelo PREC de tão saudosa memória!... Politique à la PCP…

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