Os portugueses têm de salvar-se de si próprios, para salvarem Portugal

terça-feira, 2 de setembro de 2014

3202. Ainda a reforma judiciária

A propósito da reforma do mapa judiciário em particular e da reforma judicial em geral, faltou dizer ainda o seguinte:

Sim, faltou dizer que Paula Teixeira da Cruz é advogada. Como tal, é das pessoas a quem, de um ponto de vista estritamente profissional e pessoal, a situação que de há muitos anos se vive na Justiça em Portugal conviria que se mantivesse. Esse também mais um motivo de louvor pela acção de limpeza e desempoeiramento que empreendeu e está a tentar levar a cabo até final.

Na verdade, quanto mais se simplifique a tramitação processual, pior para o ponto e vista de advogados – de certos advogados – pois que menos imprescindíveis passam a ser os seus duvidosos préstimos.

Parece coisa de somenos, isto que digo. Se pensa assim, porém, desengane-se. Para mais advogados do que a sua candura possa imaginar, quanto mais confusão exista nos tribunais e na tramitação dos processos, melhor. Ela, a confusão e o emaranhado de leis, cheias de alçapões são o melhor aliado de alguns profissionais do foro sem escrúpulos. Não dos magistrados nem dos oficiais de justiça, que esses são comummente vítimas do sistema em que os tribunais têm vivido…

De um modo geral, qualquer lei e facilmente perceptível por qualquer cidadão comum. O que as torna só dominadas por meia dúzia de "iluminados", são os alçapões e outras patifarias que na sua interpretação e aplicação são introduzidos, de modo a que apenas iniciados lhes possam ter acesso e consequentemente as manipulem e distorçam à medida das conveniências próprias, muito particulares.

Tudo isto é bem conhecido dos profissionais do foro. Debates a que o grande público não tem acesso, como é evidente mencionam-mo. Mas daqui não se tem passado, que as forças de bloqueio são imensas. E a linguagem é cifrada pelo que só está ao alcance de alguém do meio. Ia a escrever “millieu”, mas prefiro ficar pelo “meio”.

Também por isto, talvez maioritariamente por isto, Paula Teixeira da Cruz mereça a admiração dos portugueses. É que ela empreendeu reformas que contendem com os seus interesses profissionais e até pessoais.

Essa a razão por que tem tantos "profissionais" do foro a remar contra a maré do progresso.

E é bom que não seja esquecido que uma das mais fortes razões por que a economia portuguesa é tão frágil está precisamente no péssimo funcionamento da Justiça em Portugal. Tribunais que não funcionam são os melhores aliados da trafulhice alcandorada a instituição nacional e boicotam o fluir normal da vida de uma sociedade humana que se preze.

Sempre que se depare com guerras sem quartel às reformas na Justiça, pode, com toda a justeza, desconfiar de que ali anda gato, o gato pardo dos interesses que não são os do País e do conjunto dos seus cidadãos, mas sim o de grupos particulares, em muitos casos verdadeiramente “mafiosos”, que nada querem que mude, que como está é que convém aos seus negócios escusos, ilícitos. Quantas e quantas vezes as leis não são aprovadas precisamente por aqueles que delas vão de seguida aproveitar-se? Pensa que isto não passa de um conto de fadas? Pois, continue a deixar-se enganar…

Sempre que ouça os arautos de sempre bramar contra o que está a ser feito, dizendo que as reformas são necessárias, sim, mas não estas e sim outras (sem que digam quais...) que é preciso debater ideias, desconfie! Esses são os que, sob a capa da intenção reformista, apenas querem protelar tudo, até que tudo continue como antes porque a barafunda é a única solução que lhes convém.

Nota final:

Todos conhecemos gente do foro que é decente, honesta e digna. De todos os estratos da sociedade forense. Claro que eu também a conheço Tal como conheço, conhecemos todos, os outros, os pulhas que compram tudo e todos os que se deixam comprar, quantas vezes por dez réis de mel coado, que é o real preço da dignidade que não têm e que são muitos mais do que devia ser possível.

rvs
2914Set02

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