1 – Uma mulher normal, com uma gravidez normal e com um feto, em desenvolvimento, normal, não é uma pessoa doente. (…) Portanto, destruir um feto em desenvolvimento não é um acto médico (…). Nenhum Médico o pode praticar em circunstância nenhuma.
2 – E se a mulher grávida pedir o abortamento ao Médico, invocando motivos sociais ou económicos e declarando que não pode suportar mais o estado de gravidez e que quer que o seu filho seja retirado do útero e morto? O Médico (…) não pode dar satisfação ao seu pedido porque a função que lhe cabe desempenhar como Médico e a sua competência específica só podem estar ao serviço do diagnóstico e tratamento de doentes.
(…)
3 – O Médico não pode praticar o abortamento não só por estas duas razões, (…) (ele) sabe que esta intervenção abortiva sobre o corpo da mulher grávida, além de provocar, (…) a morte do feto, tem riscos importantes para a mãe, tanto no acto de fazer o abortamento como no futuro, no que se refere à sua saúde geral e à sua saúde sexual.
(…)
Cabe ao médico, contudo, acolher as mulheres que se fizeram abortar (…), tratar as alterações patológicas de que sofram, físicas e/ou psicológicas, e promover a informação necessária para que aquela pessoa não volte a encontrar-se na situação que a levou a fazer-se abortar.
***
Em “Três razões médicas para ser a favor da Vida e contra o aborto”, no site A Aldeia, o médico Daniel Serrão aponta mais razões por que o aborto não deve ser liberalizado, como se pretende com a consulta referendária que aí vem.
Para além das razões abundantemente apresentadas pelos opositores ao aborto livre, estes são três motivos diferentes e igualmente ponderosos, agora relativamente à profissão médica e sua deontologia.
Trata-se de um outro aspecto que interessa ter presente, este da deontologia médica (relembre-se o juramento de Hipócrates - aqui, aqui e aqui), porque, para que o aborto se concretize, nas condições que estão preconizadas, é necessário que o médico se disponibilize para ser um elemento essencial em todo o processo.
Em conclusão, diremos, mais, que estas são outras três razões para que não poupemos esforços no sentido de levar ao abortamento, este sim, da institucionalização de um crime contra o normal e justo desenvolvimento da vida humana em geral, e sua preservação, logo um crime contra a Humanidade, ela própria, como é o aborto humano sem razões médicas inafastáveis que o justifiquem.
…
11 comentários:
Tanta coisa contra a pena de morte para qq individuo e depois com o aborto, é o que se vê do lado dos defensores do 'Sim'...enfim!
Beijinho BETAbloguista :-)
VIva, Maria Joao!
Sim, é isso que se vê.
Há certos valores que jamais deveriam ser colocados em questão. A vida humana é o primeiro deles. Em qualquer circunstância. Infelizmente, não acontece assim.
Beijinho
Ruben
Posso deixar aqui uma razão que favorece o Nim?
Então aqui vai:
Temos ou não livre arbítreo?
Já pensou que - sobretudo os crentes religiosos - ao votarem Não, estão a contribuir para que, as futuras infractoras da lei (caso ganhe o Não,) sejam punidas duas vezes?
Sim, uma punição aplicada pelo Homem e outra punição a aplicar por Deus.
Ou não?
Será justo uma alma pagar por duas vezes o resultado duma acção mal tomada?
Respeito, obviamente, as suas opiniões, mesmo porque para problema tão difícil não há soluções fáceis.
O mais engracado e' os que choraram a morte do Saddam sao a favor do aborto...e esta hein????
Eu nao acredito que uma mulher que faca o aborto seja punida nem que um drogado o seja por exemplo, mas quem fez o aborto (medico ou nao) e quem vende droga e' que deviam ser bem punidos.
Viva, José Lérias!
O livre arbítrio existe, claro. É uma das prerrogativas do ser humano e ainda bem que assim é. É mesmo a mais extraordinária das suas prerrogativas.
Quanto ao livre arbítrio, tudo bem, portanto. Sou dos seus defensores de primeira linha.
Uma coisa, porém, é o livre arbítrio, muito respeitável; outra bem diferente e nada... mas mesmo nada respeitável é a arbitrariedade. E o que se está a querer levar por diante é a arbitrariedade. Isso é que não pode ser.
Quanto ao facto de a alma pagar duas vezes, não é bem assim, pelo que temos visto. Houve duas mulheres - nem sequer três - ao todo que, em Portugal se sentaram no banco dos réus, por motivo de aborto. E, trepare, que isso se deu apenas depois do referendo de 1998, que foi perdido pelo SIM (Não dgo mais nada, para não ser processado...)Mas isso acabou. Não há ninguém preso pelo facto. O que se diz por aí é mais uma falácia, mais uma mentira, como certamente terá oportunidade de constatar se se debruçar sobre o que dizem os defensores do SIM e também os do NÃO. Mas esta seria a punição dos homens.
Quanto à punição de Deus, ela também não existe, porque a história de um Deus castigador, todo tirano, para mim é outra falácia. Só entendo Deus como um ente misericordioso e pai-infinitamente bom, jamais pai-tirano. A história do Deus tirano é mais uma das invenções da antiga hierarquia da Igreja, para atemorizar as gentes e trazê-las "ao bom caminho". Como tantas outras. Felizmente que Deus não é nada do que essas hierarquias afirmam, caso contrário estávamos todos bem tramados. Diga-me lá: alguém se safaria, se assim fosse?
O problema é mais, muito mais, da consciência de cada um, mas o que o Estado não pode, de forma nennhuma, é deixar que a vida ou a morte de um ser humano sejam decididas de forma arbitrária e até atrabiliária por quem, muitas vezes, nem consciência tem do que está a fazer.
Só uma pergunta com resposta intrigante. Se o aborto é feito pelo médico com o consentimento da mulher (nem sequer de quem a representa), pergunto muito seriamente: no caso de uam miúda de 14 ou 15 anos, criminalmente inimputável (ou seja irresponsável perante a lei), porque somente aos 16 anos se torna imputável, quem é que decide se aborta ou não? Os pais? Os padrinhos? Os vizinhos? A banda de Quadrazais? Mas na pergunta diz-se que é a mulher e mais ninguém... Nem o pai da criança é para aí chamado!...
Esta é mais uma razão para afirmarmos que todo o esquema montado é sofismático, portanto, leviano, não sério, uma vergonha.
Depois, enche-se a boca com a história da despenalização, mas do se se trata, isso sim, é da liberalização.
A mulher - ou a garota - chega ao médico e diz-lhe: estou grávida, mas isso não me dá jeito nenhum. Portanto, faça o favor de me livrar do trambolho.
É isto, amigo, que se está a preparar. Isto, que é, na verdade, um crime contra a Humanidade. Escrito com todas as letras, sim, porque não é mais nem menos do que isso. Tudo o que atente contra a vida humana, o desenvolvimento da sociedade de vidas humanas e a sua preservação, é crime contra a Humanidade. A verdade é esta e não podemos deixar que a escondam, com subtilezas criminosas, essas sim.
Abraço
Ruben
Viva, Slanwar!
Pois, o Saddam era muito digno de dó; os seres humanos dentro do ventre de mulheres que deviam ser suas mães, suas protectoras, essa não. Tristezas! Indignidades!
Ab,
Ruben
Perguntas fundamentais:
O que é que um embrião produto de uma violação tem a menos que um embrião de uma gravidez não desejada fruto de uma relação consentida? É menos ser humano? É menos potencial de vida?
Viva, Pedro!
Tem toda a pertinência as suas perguntas.
Acontece que eu não sou também defensor do aborto por razão de violação. Apenas por motivos de ordem médica, tanto relativamente à mãe como ao filho. E motivos muito fortes e inafastáveis.
Esta questão da vida e da morte é assunto muito sério. É mesmo o tema mais sério com que se debate o ser humano, qualquer ser humano. É preciso que tenhamos a questão sempre presente na primeira linha da nossa filosofia de vida, sob pena de, a determinada altura, corrermos o risco de perder a noção do real valor das coisas.
Porém, não fui eu quem fez a lei.
A minha posição sobre o assunto do aborto por violação, que já expressei aqui por várias vezes, é a seguinte:
Mesmo quando a criança que está para vir provém de uma violação, não há razões éticas e morais para que se autorize o aborto.
Sabemos bem que o esquecimento é uma das principais - se não a principal - das capavidades do ser humano. Sem o esquecimento, a vida seria impossível.
Ora, vítima de violação, a mulher grávida terá, numa primeira fase, o impulso de se ver livre do filho. Porém, bem acompanhada psicologicamente - ou por si própria - acabará por concluir que o novo ser não tem qualquer culpa, pelo que não é justo que se lhe aplique a pena de morte.
É sabido, também, que o simples acto de gerar (aqui no sentido de carregar durante meses um novo ser nas entranhas) fará com que mulher e filho estabeleçam laços indissolúveis e para sempre. Tudo o que de mau aconteceu pode ser - e é - esquecido e acabará apenas por restar carinho e amor, apego maternal.
Há, portanto, remédio para tudo. Apenas para a morte por aborto o não haverá. É coisa definitiva, sem remédio nem perdão.
Mal comparado - mas nem tanto - é como a pena de morte aplicada a adulto - por tribunais, repare, coisa que no aborto nem essa garantia existe!... - porque também aqui não há lugar a remediar seja o que for, não há até, lugar a remediar um erro judiciário que terá levado a matar um inocente. Como é que alguém pode, ao mesmo tempo e com a mesma face, defender o aborto e abjurar a pena de morte?
Não acha que haverá, em quem assim proceda, uma dose muito assinalável de hipocrisia, não só pessoal como social?
Abraço
Ruben
Caro Ruben,
Registo a sua coerência. Respeito a sua opinião. Tenho uma visão diferente.
O meu SIM é um SIM sem certezas absolutas. Acho que é o mal menor.
Viva, Pedro!
Um abraço forte.
Ruben
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