Independentemente de tudo o resto, as perguntas para as quais ansiosamente aguardo que o primeiro-ministro dê resposta cabal e sem margem para dúvidas, são as seguintes, relacionados com falsidade evidente em documentos oficiais do Estado Português e também em documento não oficial:
1 – Quem e por que razão fez constar no Decreto da Presidência da República da nomeação dos membros do governo, empossado em Março de 2005, publicado em Diário da República, que o cidadão José Sócrates Carvalho Pinto de Sousa era engenheiro, informação que se revelou falsa, como já reconhecido pelo próprio?
2 – Se aquela falsa informação, como já foi reconhecido pelo próprio, chegou ao Diário da República através de elementos retirados da acta de posse do governo, quem e por que razão a fez constar na referida acta?
3 – Quem e por que razão fez constar no portal do governo na Internet, até há dias atrás, que o cidadão José Sócrates Carvalho Pinto de Sousa era engenheiro, informação que se revelou falsa, como já reconhecido pelo próprio?
4 – Quem e por que razão fez constar na edição de 1993 da publicação da Assembleia da República “Biografias dos Deputados – VI Legislatura”, que o cidadão José Sócrates Carvalho Pinto de Sousa era engenheiro, informação que se revelou falsa, como já reconhecido pelo próprio?
Documento não oficial
5 – Quem e por que razão fez constar na edição de “Classe Política Portuguesa” de Cândido de Azevedo, de 1994, que o cidadão José Sócrates Carvalho Pinto de Sousa era engenheiro, informação que se revelou falsa, como já reconhecido pelo próprio?
Geral
6 – Foi exercida qualquer acção punitiva relativamente a quem fez constar tal falsidade em documentos oficiais do Estado Português, em alguns dos quais, embora passíveis de correcção, se manteve por anos seguidos? Se sim, qual, contra quem e com que resultado? Se não, por que razão?
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Claro que é absolutamente indispensável que as respostas sejam claras e iniludíveis, pois que não parece muito curial a justificação de que todas estas referências se tenham ficado dever a lapsos ou incompetências dos diversos serviços, circunstância ainda mais estranha relativamente à edição “Classe Política” do ano de 1994.
Esclarecidas convincentemente estas questões, por mim dar-me-ei por satisfeito.
Porque o que me causa incómodo não é, de forma nenhuma, o facto de o actual primeiro-ministro ser ou não ser engenheiro, ser ou não ser licenciado em engenharia, ser ou não ser possuidor de MBA ou de qualquer outro tipo de post-graduação.
O que me causa incómodo – e grande – é que o actual primeiro-ministro, ou alguém por ele, com ou sem o seu conhecimento, com ou sem a sua anuência, possa ter impunemente sido o agente que levou a que documentos oficiais das mais altas instâncias do poder político em Portugal, como sejam os órgãos de soberania Presidência da República e Governo, tenham sido veículos de falsidades amplamente difundidas para todo o conjunto da Sociedade Portuguesa.
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Tudo quanto fica dito, sugere-me uma pergunta muito concreta a deixar ao procurador-geral da república. Para não misturar as coisas, porém, fico-me, para já, por aqui.
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