
A sua localização pode, efectivamente, trazer muitos "dissabores" a Madrid (Barajas), que hoje quase monopoliza o tráfego aéreo entre a Europa e a América do Sul, como de e para a própria África.
Para além das circunstâncias relativas àqueles continentes e à própria Europa, há que não esquecer outras mais regionais, digamos assim, mas que conferem à localização em Alcochete excelentes - únicas mesmo - condições.
É que, ali a dois passos, está toda a Extremadura espanhola (que ficará a distar de Alcochete menos de 200kms, enquanto que para Madrid terá que percorrer 400) mas igualmente toda a Andaluzia (que ficará, também ela, muito mais próxima de Alcochete que de Madrid). E é bom que não se esqueça que a Andaluzia tem fortíssimos laços com a América do Sul, especialmente a Argentina, onde vive e trabalha uma enorme comunidade andaluza.
Estes os factores que me levaram à convicção de que a "teima" do governo na solução Ota se devia a pressão espanhola, mais do que qualquer outro factor. E ainda cá estaremos para ver se não terá sido assim...
De qualquer modo, certamente que agora não se voltará atrás.
Entendo que Portugal está de parabéns.
Por variadíssimos motivos. Porque, finalmente, vai ter um aeroporto e não um simples apeadeiro aéreo e porque verá uma das suas regiões mais desfavorecidas finalmente a poder usufruir de desenvolvimento capaz, em primeiro lugar. Mas também outros sobre os quais nesta oportunidade não irei debruçar-me.
Mas Portugal está de parabéns também e principalmente por outras razões, essas de cariz mais subjectivo mas, talvez por isso mesmo, mais difíceis de ver contempladas, razão por que causam satisfação maior quando se verificam.
Para lá do reconhecimento do papel fundamental do presidente da república (que momentaneamente lá saiu do seu papel de Elizabeth II...) neste processo, travando o que ia já em rota de colisão inevitável com os interesses do País e da muito meritória colaboração da CIP (até que enfim, faz algo que se veja!...), há uma outra vertente que a todos muito dignifica. A quem dignifica, claro! Porque nem todos emergem limpos dos "charcos" da Ota em que se pretendia afundar o aeroporto...
É ela a vertente da cidadania, a vertente da democracia directa!
Toda a volta que o assunto levou (a começar pela intervenção do PR) se deveu à enorme pressão exercida pelos cidadãos, individualmente considerados, entre os quais permitam que destaque, por ser inteiramente justo e impostergável, uma pessoa:
O Professor jubilado do Instituto Superior Técnico, António Brotas, figura de saber e de antes quebrar do que torcer, que terçou armas desde o princípio e jamais baixou braços em defesa do que sabia ser justo e melhor para o País. Honra lhe seja, caro Professor! O País está-lhe grato, creia. E bem necessitado está de mais "Antónios Brotas".
Depois, a Blogosfera.

A cidadania activa e responsável é um bem inestimável e a preservar a todo o custo. Se de demonstração esta asserção necessitasse, ela ai estava, pujante e inafastável. E o que é nem precisa de demonstração. Impõe-se per se.
Quanto às tristes figuras do Governo, dos seus ministros "jamais" - ou "jamé" ou lá o que é... -, e do próprio senhor Sousa, não causam qualquer embaraço. Pelo contrário, até proporcionam refinado gozo. Quando se verificam "cá dentro". Lá por fora... bem, aí já a coisa muda de figura.
Mas, esqueçamos tristezas e desfrutemos este momento deveres marcante. Mesmo quem dele, da sua importância não se apercebe agora, não tardará a apreendê-la também.
Ruben Valle Santos
...