Os portugueses têm de salvar-se de si próprios, para salvarem Portugal

sexta-feira, 9 de fevereiro de 2007

869. Sondagens e “primêros”…


Há coisa de menos de 30 dias, as sondagens, todas as sondagens, davam o Sim como vitorioso por margem folgadíssima, não inferior a 20, 25%.

Ontem, a Eurosondagem, empresa muito respeitável e certamente digna de ser considerada de crédito - como, ali
ás, qualquer empresa - pertença de um militante socialista, de seu nome Rui Oliveira e Costa, dava a conhecer que o Sim estaria à frente do Não em cerca de 6%.

Dizer-se que está na dianteira por 6% significa que está à frente, na realidade dos números, por 3%. Porquê? Porque basta que o Não suba 3% para que fiquem empatados, uma vez que a percentagem que um sobe é igual à que o outro desce.

Em menos de um mês passar de uma vantagem superior a 20% para uma outra de 3% é obra!
Assim se compreende a ameaça feita pelo noss’primêro, aqui há dois ou três dias atrás, de que, se o Não saísse vencedor do referendo, ele não alteraria a lei…

4 comentários:

Orlando Braga disse...

Muito bem visto. Boa análise.

Ruvasa disse...

Viva, Bom Garfo!

Contas são contas. Por vezes saiem furadas. Mas não deixam de ser contas.

Abraço

RUben

zé lérias (?) disse...

Contas são contas e se forem bem feitas, melhor.
Isto para dizer que o Senhor Ruvasa precisa de reflectir não só sobre o voto de amanhã como também sobre as suas deficiências aritméticas.
Se pensar bem, mas mesmo bem, reparará que as suas contas podem estar mal feitas.
Considerando que o Não aumente 3%
e a abstenção desça acentuadamente o senhor até já pode cantar vitória. Ou não? ...
Não se preocupe, homem! Isto não é bem uma aposta, se bem reflectiu...

Um abraço e um bom e alegre fim de semana!

Ruvasa disse...

Viva, amigo Zé Lérias!

Devo ter-me explicado mal. Ou, então, leu-me a correr e não se apercebeu bem do que eu disse.

Tudo bem. Explico outra vez, agora mais detalhadamente.

Não há qualquer deficiência aritmética, como verá já de seguida.

A abstenção não conta coisíssima nenhuma para as percentagens do Sim e do Não.

Como é que se determina, então, tudo isso? Simples:

Ao iniciar-se a votação, sabe-se já quantas pessoas estão em condições de votar, ou sejam quantos são os eleitores, ou seja, qual é o universo eleitoral.

Terminada a votação, contam-se os votos todos e, aí se determina quantos votos houve, ou seja quantos são os eleitores votantes; por exclusão de partes, basta uma pequena operação de subtracção, e logo se fica a saber quantos foram os que não votaram e, por conseguinte, quantos os abstencionistas.

Chegados aqui, sabemos, por exemplo havia 1.200 (100%) eleitores e que votaram 1.000 (83,3%). Logo, houve 200 (16,7%) abstencionistas, que resolveram ir para a praia ou para outro lado qualquer.

E, a partir daqui, esquecemos o número e percentagem de abstencionistas.

Passamos a fazer as contas apenas com os 1.000 que votaram, que passam a constituir 100% dos votantes.

Ora bem, desses 1.000 votantes, 4 (0,4%) votaram nulo, 8 (0,8%) votaram branco, 544 (54,4%) votaram Sim e 444 (44,4%) votaram Não.

4+8+544+444 = 1.000 votos
e
0,4+0,8+54,4+44,4 = 100%.

Como o total do número de votos nulos e brancos e respectivas percentagens são desprezíveis, por serem tão reduzidos, havendo uma diferença (que não há na realidade, estou apenas a dar um exemplo) de 10% entre Sim e Não, se o não subir 5%, ou seja, para 49,4%, o Sim fatalmente terá que baixar os mesmos 5%, ou seja virá para os 49,4%. Isto é, ficam iguais.

Significa isto que, dizendo-se antes que o Sim estava à frente por 10 pontos percentuais, ou seja 10%, embora sendo uma realidade, é ilusório, pois que basta que desça 5%, para que fique igual ao Não que, entretanto, subiu outros 5% por força de o Sim os ter descido.

Eu sei que estas coisas parecem complicadas e difíceis de mastigar. Mas basta fazer umas contitas e logo se vê que assim é. Também tenho obrigação de saber como as coisas se processam, pois que lidei com eleições e resultados e outras coisas durante bons anos. Tinha forçosamente que saber alguma coisa do assunto, não acha?

Creio que, desta vez, ficou tudo mais bem explicado, amigo Lérias.

Para terminar, amigo, eu não canto vitória nem derrota. Em assunto tão sério como esta da vida humana, não há lugar para cantorias dessas. Isso é para os Estádios da Luz ou de Alvalade ou de outro qualquer. Neste estádio (civilizacional, entenda-se!), as cantigas são bem de outro nível.

Claro que não me preocupo. Primeiro, porque não tenho com quê, relativamente às minhas aritméticas, evidentemente (que, quanto à questão principal, sempre que morre um ser humano, eu acho que perco algo de mim próprio). Depois, porque sei – imagino, do que de si tenho lido em anteriores intervenções – que as suas intenções não são maldosas. Portanto, nenhuma preocupação.

Mas vou terminar este parêntese que abri apenas para o esclarecer já que, tendo ontem sido dia de reflexão e hoje de votação, me calara acerca do assunto anteontem pelas 22 horas, em cumprimento da lei. E apenas abri esta excepção, por se tratar de esclarecer uma questão técnica, que nada tem que ver com propaganda política.

Mas chega, por agora.

Abraço grande.

Ruben