Os portugueses têm de salvar-se de si próprios, para salvarem Portugal
Mostrar mensagens com a etiqueta Turismo. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Turismo. Mostrar todas as mensagens

domingo, 30 de janeiro de 2011

2751. Pousada de S.Filipe - Setúbal


A construção vista do pátio exterior que circunda o castelo, apresenta-se severa e sóbria, como modelar exemplo arquitectónico de traço militar que é. A Obra, cujo projecto obedecia aos modelos mais avançados da época, foi levada a cabo pelo Engenheiro militar italiano, Filipe Terzi.

A primeira cintura de muralhas, mandada construir no século XIV e que ficou conhecida pelo nome de cerca velha, é constituída por quatro portas, dezasseis postigos e numerosas torres e cubelos. A graciosidade das altas torres e o garrido das ameias e merlões são aqui trocados pela imponência de um perfil recortado num traço aberto de fundo em céu e mar, um traço radical a romper esta fusão de azul.

A fortificação abaluartada de planta irregular com seis pontas é reveladora das adaptações à artilharia, permitindo grande diversidade de posições de tiro e maior eficácia na defesa. Por outro lado, as muralhas são de construção inclinada de forma a oferecer também maior resistência ao impacto de projécteis. As saídas dos subterrâneos humanizam, em cada um dos seus ângulos interiores a impenetrabilidade da muralha, se bem que nada se vislumbre na escuridão destas aberturas.

O escudo nacional com as suas cinco quinas esculpidas na pedra, representando as nossas cruzadas, sobre a chave de um arco emoldurado em alhetas, é o único elemento decorativo do belo pórtico do Castelo.

Embora não haja vestígios de um fosso com água contornando a construção, reconhecem-se na parede os traços da anterior existência de uma ponte levadiça. Esta entrada encontra-se vedada por duas portas de madeira, magníficas de volume e antiguidade, com os seus quatro batentes ornamentados por compridos gonzos e pesados ferrolhos e cintas, sendo o seu estado ainda original.

Na amplitude do átrio, a nudez e simplicidade das paredes, restauradas recentemente, não deixam margem a especulações e apenas um pequeno forno ali se encontra, quebrando a impessoalidade desta dependência, tendo servido em tempos para aquecer a sentinela.

Impossível estimar quantos passos traçaram o desgaste desta laje, mas sabemos que a atravessaram tropas e populares que vitoriosas em 14 de Dezembro de 1640 levaram a guarnição castelhana do Castelo à rendição, como também traidores que tentaram assassinar os nossos reis e aqui foram detidos até ao seu julgamento, ou ainda o nobre passado de Jerónimo de Melo e Castro, governador do Castelo e descendente por linha recta da ligação de D. Pedro e Dª Inês de Castro e o circular vigoroso de tanta gente que na sombra existiu, edificando não só aqui como em todo o País, um passado sob o qual vivemos.

Foram alguns os incentivos ao desenrolar da obra, entre os quais, o lançamento de novos impostos à população e aos negociantes de sal.

Embora o forte, cujas obras foram concluídas por volta de 1600, tenha sido mandado edificar na sequência de uma imperiosa necessidade de controlar o acesso à barra do Sado, dos navios estrangeiros que procuravam o forte comércio de sal e pescas, não deixa de ser notável a sua defensiva posição em relação à cidade, factor este que viria a ter expressão na sua tenaz resistência aos tumultos da restauração em 1640.

Com efeito, só no dia 14 de Dezembro do mesmo ano e após seis dias de resistência ao cerco que João Gomes da Silva aqui levantou, depois de aclamar D. João IV Rei de Portugal, esta fortaleza e as suas tropas se renderam aos militares e à população de Setúbal, aceitando por fim o novo regime proclamado na revolução do dia 01 de Dezembro de 1640.

Aqui foram retidos, em 28 de Julho de 1641 alguns dos suspeitos de participação na tentativa de regicídio contra o novo rei, tais como D. António de Ataíde, conde de Castanheira e outros, que foram julgados e sentenciados imediatamente, pela conspiração que tinha por chefe o Arcebispo de Braga, D. Sebastião de Matos e Noronha. Foi este Castelo novamente usado como prisão de estado, quando em 1758 aqui foram retidos alguns fidalgos acusados de conspirar contra a vida de D. José I.

Foi acrescentada a casa do Governador que viria a ser consumida pelas chamas em 10 de Fevereiro de 1868, juntamente com os quartéis, na sequência de um acto criminoso que se julga encobrir uma manobra política destinada a desviar a atenção popular das eleições que nesse dia se realizavam na cidade.

Também aqui foi aprisionado Paulino de Oliveira, poeta e Jornalista republicano, acusado de encabeçar um violento tumulto popular em Março de 1890. Três anos mais tarde escreve “Em Ferros de El-Rei”, em que relata os 30 dias de encarceramento.

Em relação à arquitectura do castelo, destaca-se a sala que agora serve de sala de reuniões, mas onde outrora se estirava um carcereiro indiferente, enquanto na dependência anexa os prisioneiros aguardavam sentados o momento de serem conduzidos a uma cela fria e sem luz, onde muitos passariam o resto dos seus dias.

A capela de S. Filipe foi mandada erguer pelo rei D. Manuel em 1736 e contém um valor decorativo que reside na riqueza do azulejo azuis e brancos do século XVIII, que forra cada milímetro das suas paredes e tecto – manifestação de arte da autoria de Policarpo de Oliveira Bernardes, os painéis que representam parte da vida de S. Filipe, quase intactos nos dias de hoje.

Nas paredes da capela-mor que envolve o altar, a Virgem pintada em sucessivas cenas da sua vida, terá assistido vezes sem numero ao ritual religioso que ali já não se celebra, pois a última cerimónia foi um casamento em 1973.

Ainda assim, se bebe da vista generosa um agradável panorama. A cidade que viu nascer Bocage e Luiza Tody, a cidade que desenvolve ecos do sol escaldante de Julho, transpirando indolente o murmúrio do labor das gentes, existe à esquerda, protegida e súbdita, ante a imponência do forte.

Em frente o rio refresca a visão ensolarada do turista, que estende a curiosidade até onde o Sado vai afagar as areias de Tróia. A serra da Arrábida eleva-se à direita e para lá das curvas onde se perdem filas de carros em busca das praias, se adivinham sombras e frescuras bem capazes de dignificar o crédito paisagístico que merece o nosso Portugal.

Neste Castelo, para além do deleite visual que nos oferece qualquer ponto da muralha, paira um leve cheiro a passado. São passos de uma vida quotidiana soterrada em quatro séculos de história. Se um sopro de imaginação pudesse dar vida às paredes grossas e tumulares veríamos erguer-se da laje fria um quadro animado de vida em corte durante o reinado de Filipe II, rei de Espanha e Portugal.

As obras de restauro efectuadas aquando da adaptação à Pousada, inaugurada em 1965, não vieram apagar completamente o traço anterior. Uma certa rusticidade, a despeito da posterior adaptação, confere à Pousada um ambiente verdadeiramente repousante, temperado com decoração adequada, simples e sóbria, óptimas condições, quer pela amplitude das suas instalações, quer pela selecção do seu serviço verdadeiramente à altura à altura do bom turismo que nos propomos praticar.

Pousadas de Portugal - Pousada de Setúbal - São Filipe


sábado, 18 de abril de 2009

2123. Pia do Urso - Ecoparque sensorial














Há duas semanas fizemos, a Isabel e eu, um passeio que trazíamos em mente não perder, mas que, por motivos vários, ainda não tinha sido possível levar a efeito.

Valeu bem a pena.


Fomos de visita à Pia do Urso, ecoparque sensorial, criado sob os auspícios da Câmara Municipal da Batalha, na freguesia de S. Mamede, mais precisamente na estrada Batalha-Fátima.

É único no mundo e foi pensado para proporcioinar experiências e sensações aos invisuais, mas trata-se de uma experiência, também ela única em Portugal, para quem quer que seja que o visite.

Conta a tradição oral que no lugar habitava um urso que aproveitava uma concavidade existente numa rocha, para se banhar na água das chuvas ali acumulada. Daí o nome do lugar.

Para além do parque propriamente dito e seu percurso, as edificações ali existentes, que são as casas dos moradores e outros equipamentos, como o bar-café (Loja da Pia) o centro de interpretação e o restaurante (Piadussa), foram objecto de tratamento especial e constituem um paradigma que gostaríamos de ver copiado em outras regiões do país.

No Restaurante Piadussa fizemos um almoço caseiro na melhor acepção da palavra. "Chanfana à Piadussa", muito bem confeccionada, acompanhada de um vinho da casa de excelente qualidade, e terminámos com um doce, igualmente caseiro, também ele muito bem cuidado.

Visitar a Pia do Urso constitui um magnífico passeio para uma tarde de sábado ou de domingo.



...
Fotos Isalex









Click, para ampliar
...

quarta-feira, 28 de março de 2007

960. O caríssimo plágio


Se é verdade que a "campanha" Allgarve custou ao erário público 9 milhões de euros, bem pode o governo fazê-la inscrever no Guinness Book of Records.
...
Em que categoria?
Na de mais rendoso plágio da História da Humanidade.

Na verdade, a ideia não é original e, pelos vistos, nem semi-original.

Se V. inserir o url http://www.allgarve.nl/ (holandês, portanto), embora já não encontrando o site que foi notícia televisiva esta manhã, encontrará a página que, curiosamente, agora está em construção.

No entanto, o endereço continua a existir, pelo que parece não constituir ligeireza pensar-se que o detentor do site se apressou a retirar o respectivo conteúdo do ar, não fosse provocar aborrecimentos a alguém, especialmente a... si próprio.

Ora veja:



O mais interessante, porém, é que, se digitar http://www.allgarve.com/ vai encontrar:




Depois disto, caberá perguntar: E quantos mais haverá?

Nove milhões de euros por uma ideia já velha e relha, sem, portanto, nada de original, e que lesa a imagem do Algarve que tem vindo a ser laboriosamente construída de há quatro décadas a esta parte?

Quem fica a ganhar? Francamente, não sei, mas talvez que todos nós, porque o anedotário luso vai ficar mais rico. É caso para rematar com um obrigado muito sentido ao excelente governo de que padecemos. Sem ele, andaríamos muito mais bisonhos.

Mais palavras para quê?
...

terça-feira, 27 de março de 2007

957. Os iluminados de Quadrazais de Cima


A propósito da questão ALLGARVE, a TSF está a levar a efeito um dos seus habituais “fora”.

Como é norma da casa, começou por ouvir as justificações do Secretário de Estado, creio que do Turismo, cujo nome esqueci – o que me deixa perplexo pois que, quando se trata de gente que vale a pena recordar, não esqueço.

As justificações apresentadas pelo ilustre senhor são – ele certamente me desculpará, mas o termo é mesmo o que vou empregar – de um ridículo atroz. Quem não ouviu certamente não acreditará em mim. No entanto, aconselho a que se peça à TSF que as retransmita, porque valerá a pena. Quando menos, para ficarmos todos elucidados acerca de quem integra o governo de que padecemos.

Imagine-se que, para aquele senhor – certamente terá recebido o beneplácito do respectivo ministro que, por sua vez, o terá recebido também do respectivo primeiro-ministro, para fazer declarações deste teor – entende que o Algarve necessita de uma maior divulgação, que não tem!

Foi preciso chegarem ao poder estes iluminados de Quadrazais de Cima para se concluir que o Algarve não é conhecido nessa Europa!... Os 50 anos que o turismo algarvio tem de vida foram uma treta e quem vai salvar o Algarve são estes quadrazaisenses, mal saídos da casca, para redenção do turismo do Algarve!

Imagine-se que, diz o referido senhor que o ALL vai, segundo lhe transmitiram os agentes turísticos por essa Europa fora (com especial relevo para a Escandinávia, povos a quem a campanha se dirige), dar ao Algarve uma dimensão nunca vista!

Aqui, estou de acordo. Com este wise-guyism, o Algarve vai adquirir uma dimensão nunca vista. A dimensão de pacóvio.

Disse o senhor em questão mais umas coisas do mesmo teor, graça e expediente. Não as transcrevo, porque seria dar importância demais a tal discursata de momento de lazer em esplanada de café, portanto em conversa sem qualquer relevo ou consequência que, infelizmente, foi tida aos microfones de uma rádio da dimensão da TSF.

O ex-Algarve e futuro ALLGARVE vai, pois, adquirir uma dimensão que jamais teve e com que jamais se atreveu sequer a sonhar.

E daí…

Talvez que o senhor tenha razão. Talvez que também Torremolinos, seguindo a mesma linha de pensamento iluminado, passe a designar-se Torremoulinex; ou Capri adopte o mais cosmopolita Herepri, ou até Benidorm goste de passar a chamar-se Benisleep. O reino da estupidez!...

Quem sabe?!...

Mas estes senhores não se enxergam? Mas estes senhores pensam que estão ainda em Quadrazais de Cima e que nós somos todos de Quadrazais de Baixo?

Apre, que ultrapassa o inconcebível!!!

Como se não bastasse, cometem erro de palmatória.

É que, se a campanha é dirigida especialmente aos escandinavos, porquê o ALL? Lamento não saber como se diz "tudo" em sueco; mas em norueguês é ALT. Ora, assim sendo, nos fiords a campanha deve ter como lema ALTGARVE e não ALLGARVE. E, como não é necessária campanha especial para os alemães, não iremos para o ALLEGARVE, mas certamente que teremos que adoptar também o GARVE, uma vez que os chineses é que vêm aí. E em força.

Depois destas tretas – e de outras ainda piores – talvez seja pena que, na verdade, os chineses não cheguem ainda mais cedo, para nos libertarem depressa desta canga aviltante.

"Há experiências que... matam”. De ridículo! E, se não matam, pelo menos moem que se farta.

Raios parta a nossa sorte! Antes a morte!
......
Última hora:
Consta por aí que o presidente do PS, aderindo a esta espectacular campanha e disponibilizando-se para dar uma ajudinha, está já na bicha da Conservatória, para requerer a alteração do apelido. Quer ser, a partir de agora,
ALLMEIDA Santos. Também ele, vaidoso que é, quer ser mais conhecido por esse mundo fora... e houve uns agentes turístico-políticos da Kapadokya que lhe disseram que, se fizer esta alteração, vai ser canja!...
...
NB.- Evidentemente que os naturais, residentes e descendentes de gente de Quadrazais, tanto de Cima como de Baixo, não têm quaisquer culpas no cartório e a referência que se lhes faz não contém quaisquer intuitos ofensivos.
...


ADENDA, na mesma data, pelas 13,25 horas:

Bem me parecia que estava a esquecer uma das justificações, talvez a mais interessante e ilustrativa de todas quantas o senhor Secretário de Estado apresentou ao povoléu, qual seja a seguinte:
...
- Quando não fosse por outro motivo, só por causa da polémica que tem levantado, a campanha é já um sucesso, pois toda a gente fala no assunto.
...
Estamos a ser governados por esta ilustríssima e ilustradíssima forma! Abençoados sejam e que Deus os conserve assim como são, para gáudio do pagode!!!
...

segunda-feira, 19 de março de 2007

944. All... parvo!


Ora diga lá: acha que ainda há dúvidas? Não?

Claro! Tem toda a razão!...

Não restam dúvidas: All... parvo!


Explicava assim o sôr ministro:

- "All" é uma palavra que significa "tudo" - e nem se deu ao cuidado de dizer em que língua, certamente porque partiu do princípio de que toda a gente que assistia às suas open mind sentences conhece a língua de que se trata e a que se referia, sem o mencionar, o sôr ministro.

Ora, se é como o sôr ministro afirma, o nosso Algarve, cuja designação até agora provinha do árabe al-Gharb al-Ândalus, ou seja, o ocidente de Andaluz, mais explicitamente, a parte ocidental de uma Andaluzia, que constituía o centro islâmico da cultura, da ciência e da tecnologia da Península Ibérica, portanto, Al-Gharb, Algarve, agora deixou de ser o que sermpre foi. Por obra e graça do sôr ministro e de outras iluminações que por aí peripateticam.

Pois bem, sigamos, então, o brilhante raciocínio do sôr ministro que, certamente não por desconhecimento, menos ainda por desleixo, mas vá lá saber-se porquê!, resolveu que se deixasse passar à desfilada sobre estas coisas, como cão por vinha vindimada.

Se Algarve significa originalmente "o ocidente", e o sôr ministro, do alto da sua cátedra, afirma que "all" significa "tudo", digamos que daí se retira que Allgarve, passará a significar "tudo-ocidente", o que, assim à primeira vista, parece coisa estranhíssima... sem sentido nenhum... aberrante, não?


Dando der barato que nós, portugueses, temos que os sofrer, somos obrigados a padecer da maleita atroz que se revela este governo a cada cavadela que dá, pergunto:

- Mas... e os árabes? Que andaram os homens dos turbantes a fazer por cá, para, "all" fim, nos deixarem uma herança de raiz não árabe mas inglesa, precisamente numa época em que de ingleses e aparentados nem cheiro?


Allgarve = tudo ocidente!... Não será antes tudo-acidente? Acidente o sofrermos as dores das chagas que este governo nos inflinge quase diariamente?

ALLPARVO, sem dúvida! Ou seja, nas palavras do próprio sôr ministro - sim, que eu jamais me atreveria a não seguir rigorosamente a pisadas ministeriais - TUDO PARVO!

Eu, pelo menos, estou. Palavra! Raios me partam se esta alguma vez me passou pelo bestunto! Nem a Belzebu tal lembraria.

Numa coisa estamos todos de acordo, creio:

Há, na verdade, experiências que marcam. Como ferrete. Esta é seguramente uma delas.

Porra, minha gente! Tem que haver um limite para tudo. Até para...

...