
Desde miúdo que, sob o ponto de vista profissional - que socialmente não há problemas, tendo-me dado sempre muito bem com todos os que fui conhecendo e até sou amigo de alguns e viajo anualmente com uma - tenho uma fobia (pior do que isso, é terror mesmo!) aos médicos. Acho que é paranóia. Da mais amachucante.
Com o avançar da idade, a coisa foi piorando de uma forma inconcebível.
Encurtando razões, direi que, mesmo à beira da 3ª Idade - o que vale é que elas agora são 5, pelo que estou somente a meio do percurso... - mesmo não querendo exagerar e descontando dentista e ofalmologista, desde os meus 15 anos, não fui a uma consulta médica mais do que 4 ou 5 vezes. Creio que isto diz tudo. Ou talvez não diga...
Em 1999, meu pai, de 81 anos e antigo fumador inveterado (vicio que abandonara 14 anos antes, por graves problemas respiratórios), foi diagnosticado como padecendo de carcinoma pulmonar não operável, pela idade e pela localização. Durante os dois anos da doença - faleceu com 83 anos e, felizmente, teve excelente qualidade de vida até um mês antes, pois fazia a vida normal e até conduzia diariamente - acompanhei-o sempre nos imensos tratamentos de quimioterapia e radioterapia, tanto no Pulido Valente como no IPO.
Imagina, você que me lê, o que a um tipo como eu, cheio de coragem para enfrentar consultas médicas, tais andanças causaram, não?!...
Se lhe disser que, a determinada altura, por puro terror, continuando sempre a acompanhar meu pai, quase diariamente entre Setúbal e Lisboa e vice-versa (felizmente com a companhia constante e suavizante da minha mulher), passei verdadeiros tormentos de aflição interior, que lá ia disfarçando como podia para não causar maior angústia ao "velhote", certamente que não estarei a "inventar"!...
A coisa chegou a tal ponto que, a determinada altura deixei de conseguir ir com ele para o consultório, ficando cá fora, no corredor, à espera. E porquê? Então não é que se me meteu na cabeça que, se lá fosse, o médico um dia, só de olhar para mim, descobriria que eu também estava com o mesmo problema?!?! Tinha noites de verdadeiro pavor, acordando pela madrugada, num estado de agitação e de suores que ninguém imagina.
Para complicar tudo, em Maio de 2000, com 60 anos, fui comprar um medidor de tensão arterial, porque o que tínhamos se estragara. Ao experimentá-lo na farmácia, constato, para enorme alarme, eu que sempre tivera tensão arterial normal, que estava com uns valores que nem me atrevo a dizer aqui.
Completamente "borrado" de "miúfa", fui dali direitinho para as urgências do Hospital de S. Bernardo, o cá da terra.
Trataram a emergência e mandaram-me para o médico que me atendeu de forma calma e profissional, medicando-me. Porém, como, enquanto tomava anti-hipertensivo, comecei a medir a tensão diariamente, para ver se a coisa estava bem, fui-me enervando e de tal modo que, pouco tempo depois, deixei de poder ouvir o aparelho electrónico e só os gestos de preparar a medição, punham-me num estado tal que desisti, pura e simplesmente!
De então até há 15 dias atrás - mais de seis anos depois!!!... - nunca mais medi a tensão ou fui a qualquer consulta. A única coisa que nunca deixei de fazer, foi a toma do comprimido hipotensor. Com isso ia alarmando a Isabel, minha mulher, e o resto da família, pois que, sempre que me falavam no assunto, era um problema. De tal forma que, a partir de certa altura, deixaram de o fazer, para não agravar a situação.
(Estou a contar tudo isto e a expor-me, na esperança de que esta história ajude alguém. Se tal acontecer, ficarei satisfeito e sentir-me-ei recompensado por esta exposição pública).
Pois muito bem, aqui há 15 dias atrás, depois de vários meses (mais de 6 seguramente) de auto-convencimento e de busca de reservas de coragem interior, lá me decidi.
Com uma paciência de Job e uma calma que me deixa assombrado, o meu médico recebeu-me e falou-me como se eu tivesse saído do consultório pela última vez na véspera e lá me convenceu a fazer uma bateria de análises e exames.
Soube ontem à tardinha os resultados e parece que está tudo bem, dentro dos valores considerados bons e, com o novo hipotensor, a pressão sanguínea baixou para valores óptimos. Pulmões, coração e outros órgãos estão a portar-se à altura das circunstâncias.
Eu sou crente e considero que existe uma mão cuidadosa e caridosa que me tem amparado por toda a vida. E julgo que não me irá faltar com esse imprescindível apoio. Mas, para tal, preciso de fazer - eu também - algo por que tudo corra bem...
Farei? Não farei? Espero bem que faça.
* * *
Nota final, que é uma mera sugestão, mas que julgo de interesse, principalmente num país em que os problemas cardiovasculares são percentualmente muito elevados.
Como é sabido, o colesterol elevado é uma tremendíssimo problema. Pois bem, embora não tenha qualquer comissão no "negócio", deixe-me que lhe diga que os yoggies da Becel para baixar o colesterol - os que eles dizem que contêm esteróis - são mesmo eficazes. Com eles - um por dia - consegui baixar de um nivel de colesterol de 240 para 195 em 4 a 5 meses e, com a continuação, vim para um nível de 140. Não sei se sabe, mas máximo admitido sem preocupações é de 200.
* * *.
Nota anda mais final:
Estou tão satisfeito, como disse a princípio que, para que o dia fosse realmente perfeito, apenas me está a faltar a notícia de que Pinto de Sousa foi dar uma volta ao bilhar grande e não voltará para chatear-nos a moleirinha. Mas, está visto, não vou ter essa sorte. Não há mesmo dias perfeitos...
..