Os portugueses têm de salvar-se de si próprios, para salvarem Portugal

terça-feira, 31 de julho de 2007

1201. Hoje estou satisfeito...

... e um pouco mais descansado.

Desde miúdo que, sob o ponto de vista profissional - que socialmente não há problemas, tendo-me dado sempre muito bem com todos os que fui conhecendo e até sou amigo de alguns e viajo anualmente com uma - tenho uma fobia (pior do que isso, é terror mesmo!) aos médicos. Acho que é paranóia. Da mais amachucante.

Com o avançar da idade, a coisa foi piorando de uma forma inconcebível.

Encurtando razões, direi que, mesmo à beira da 3ª Idade - o que vale é que elas agora são 5, pelo que estou somente a meio do percurso... - mesmo não querendo exagerar e descontando dentista e ofalmologista, desde os meus 15 anos, não fui a uma consulta médica mais do que 4 ou 5 vezes. Creio que isto diz tudo. Ou talvez não diga...

Em 1999, meu pai, de 81 anos e antigo fumador inveterado (vicio que abandonara 14 anos antes, por graves problemas respiratórios), foi diagnosticado como padecendo de carcinoma pulmonar não operável, pela idade e pela localização. Durante os dois anos da doença - faleceu com 83 anos e, felizmente, teve excelente qualidade de vida até um mês antes, pois fazia a vida normal e até conduzia diariamente - acompanhei-o sempre nos imensos tratamentos de quimioterapia e radioterapia, tanto no Pulido Valente como no IPO.

Imagina, você que me lê, o que a um tipo como eu, cheio de coragem para enfrentar consultas médicas, tais andanças causaram, não?!...

Se lhe disser que, a determinada altura, por puro terror, continuando sempre a acompanhar meu pai, quase diariamente entre Setúbal e Lisboa e vice-versa (felizmente com a companhia constante e suavizante da minha mulher), passei verdadeiros tormentos de aflição interior, que lá ia disfarçando como podia para não causar maior angústia ao "velhote", certamente que não estarei a "inventar"!...

A coisa chegou a tal ponto que, a determinada altura deixei de conseguir ir com ele para o consultório, ficando cá fora, no corredor, à espera. E porquê? Então não é que se me meteu na cabeça que, se lá fosse, o médico um dia, só de olhar para mim, descobriria que eu também estava com o mesmo problema?!?! Tinha noites de verdadeiro pavor, acordando pela madrugada, num estado de agitação e de suores que ninguém imagina.

Para complicar tudo, em Maio de 2000, com 60 anos, fui comprar um medidor de tensão arterial, porque o que tínhamos se estragara. Ao experimentá-lo na farmácia, constato, para enorme alarme, eu que sempre tivera tensão arterial normal, que estava com uns valores que nem me atrevo a dizer aqui.

Completamente "borrado" de "miúfa", fui dali direitinho para as urgências do Hospital de S. Bernardo, o cá da terra.

Trataram a emergência e mandaram-me para o médico que me atendeu de forma calma e profissional, medicando-me. Porém, como, enquanto tomava anti-hipertensivo, comecei a medir a tensão diariamente, para ver se a coisa estava bem, fui-me enervando e de tal modo que, pouco tempo depois, deixei de poder ouvir o aparelho electrónico e só os gestos de preparar a medição, punham-me num estado tal que desisti, pura e simplesmente!

De então até há 15 dias atrás - mais de seis anos depois!!!... - nunca mais medi a tensão ou fui a qualquer consulta. A única coisa que nunca deixei de fazer, foi a toma do comprimido hipotensor. Com isso ia alarmando a Isabel, minha mulher, e o resto da família, pois que, sempre que me falavam no assunto, era um problema. De tal forma que, a partir de certa altura, deixaram de o fazer, para não agravar a situação.

(Estou a contar tudo isto e a expor-me, na esperança de que esta história ajude alguém. Se tal acontecer, ficarei satisfeito e sentir-me-ei recompensado por esta exposição pública).

Pois muito bem, aqui há 15 dias atrás, depois de vários meses (mais de 6 seguramente) de auto-convencimento e de busca de reservas de coragem interior, lá me decidi.

Com uma paciência de Job e uma calma que me deixa assombrado, o meu médico recebeu-me e falou-me como se eu tivesse saído do consultório pela última vez na véspera e lá me convenceu a fazer uma bateria de análises e exames.

Soube ontem à tardinha os resultados e parece que está tudo bem, dentro dos valores considerados bons e, com o novo hipotensor, a pressão sanguínea baixou para valores óptimos. Pulmões, coração e outros órgãos estão a portar-se à altura das circunstâncias.

Eu sou crente e considero que existe uma mão cuidadosa e caridosa que me tem amparado por toda a vida. E julgo que não me irá faltar com esse imprescindível apoio. Mas, para tal, preciso de fazer - eu também - algo por que tudo corra bem...

Farei? Não farei? Espero bem que faça.

* * *

Nota final, que é uma mera sugestão, mas que julgo de interesse, principalmente num país em que os problemas cardiovasculares são percentualmente muito elevados.

Como é sabido, o colesterol elevado é uma tremendíssimo problema. Pois bem, embora não tenha qualquer comissão no "negócio", deixe-me que lhe diga que os yoggies da Becel para baixar o colesterol - os que eles dizem que contêm esteróis - são mesmo eficazes. Com eles - um por dia - consegui baixar de um nivel de colesterol de 240 para 195 em 4 a 5 meses e, com a continuação, vim para um nível de 140. Não sei se sabe, mas máximo admitido sem preocupações é de 200.


* * *.
Nota anda mais final:
Estou tão satisfeito, como disse a princípio que, para que o dia fosse realmente perfeito, apenas me está a faltar a notícia de que
Pinto de Sousa foi dar uma volta ao bilhar grande e não voltará para chatear-nos a moleirinha. Mas, está visto, não vou ter essa sorte. Não há mesmo dias perfeitos...
..

segunda-feira, 30 de julho de 2007

domingo, 29 de julho de 2007

1199. E eles insistem!...

O plantel do Benfica da época passada nada tinha de mal. Era um bom plantel. Falhou onde falhou, por culpa exclusiva do "treinadeiro". Foi ele o exclusivo culpado de termos sido eliminados pelo Espanyol, com aquela táctica de "mierda", inventada à última hora, depois de ter andado toda a época a jogar com táctica diferente.

E foi ele o exclusivo culpado da eliminação da Taça de Portugal e do "brilhante" terceiro lugar na Liga.

Este ano, fartaram-se de comprar jogadores e deixaram que se fossem embora os dois melhores, ou seja Simão e Micolli. Entretanto, mudaram tudo e mais alguma coisa.

E persistem na treta do treinador. Porra! Estou farto de engenheiros que só nos aldrabam e são tão bons engenheiros que ninguém os quer lá na "especialidade" deles. E nós é que temos que aturar as bizarrias dos gajos!

Está mais do que provado que Fernando Santos é mau treinador. Não tem visão de jogo, nem capacidade para um rasgo que seja.

E mais: está também provado que, nos treinos, não habitua os jogadores a jogarem em conjunto e não treina jogadas, nem a marcação de livres ou de cantos. O resultado do "trabalho" de Fernando Santos no Benfica é completa nulidade. A sua incompetência está mais do que evidenciada.

Hoje, contra o Al Ahly, uma vez mais ficou tudo bem clarinho. É incompetente e... pronto!

Temos outra época de treta pela frente. E, entretanto, alguém anda por lá a ganhar dinheiro...

Caramba! Vejam se têm tento e deixam o Berardo comprar a Sad. Certamente que ele não deixará que as coisas se arrastem assim, pois que quer ganhar dinheiro e não é estúpido!

Chega de idiotices ou de ... má fé!
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sábado, 28 de julho de 2007

1198. Mais um insuspeito...

(...)
Visão -
Como descreve a geração que está no poder?

A. Arnaut - É um produto das circunstâncias. Noto falta de cultura cívica. É gente sem reflexão sobre os comportamentos, a arte, a literatura e a história do nosso povo. A cultura é uma sabedoria que se recolhe da experiência vivida. Muitos deles não têm uma ideia para Portugal, não conhecem o País. Vivem do imediatismo, da conquista do poder. Conquistado, vivem para aguentá-lo. Esta geração vale-se mais da astúcia do que da seriedade. E aprendeu os ensinamentos de Maquiavel.
(...)
António Arnaut, o pai do SNS português, em entrevista à Visão Online, 25 Julho 2007.
Ver mais aqui.
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sexta-feira, 27 de julho de 2007

1197. Incêndios florestais em Portugal

Passados que estão os meses de Junho e Julho (se bem que deste ainda restem 4 dias), importa fazer um pequeno balanço, embora provisório, da época que, por via de regra, se caracteriza pelo eclodir de milhares de incêndios florestais no nosso país.

E esse pequeníssimo balanço - afinal, destinado a realçar algo que parece evidente e tem vindo a ser todos os anos razoavelmente mistificado - parece vir trazer à evidência que a esmagadora maioria - para não dizer mais... - dos fogos florestais não tem, como por aí tanto se propala, origem em actos criminosos por intenção ou mesmo por negligência.

Na verdade, enquanto assistimos a incêndios devastadores na região mediterrânica leste, onde as temperaturas têm sido elevadíssimas, em Portugal, onde, pelo contrário, o calor tem sido moderado, temos vivido, até ao momento presente, uma situação de grande acalmia.

Ora, sabendo-se que, embora não se tendo verificado grandes vagas de calor em Portugal, o certo também é que as temperaturas não têm sido outonais ou mesmo primaveris e não tem chovido, pelo que os pinhais estão secos (ainda ontem o pude constatar uma vez mais, na zona do Pinhal, de onde sou natural e onde vou frequentemente), fácil é criminosamente lhes pegar fogo. Sim, se houver, como tanto se propala por aí, mão criminosa na grande maioria dos incêndios florestais verificados no país, por que raio de motivo este ano não têm sido dadas notícias de quaisquer fogos, no decurso destes dois últimos meses?

E parece só se poder retirar uma conclusão: a razão principal a existência dos fogos florestais está na falta de limpeza das matas e na falta de vigilância da floresta, e não, como se tem feito crer, em mão criminosa que ateie as chamas.

A menos que se defenda a teoria de que os criminosos estão muito recolhidos em casa, com receio da de se molharem nos pinhais... com a chuva que não tem caído.

Uma vez mais se constata, pois, que as teorias tão elaboradas que são apresentadas "ao respeitável público" não se baseiam em seja o que for de concreto e palpável, mas antes se limitam a veicular opiniões inconsistentes que dão corpo às habituais e sempre célebres "estatísticas portuguesas".

"Estatísticas portuguesas" que, em tempos, foram bem caracterizadas por alguém através de tirada que afirmava que a diferença entre um computador americano e um computador português estava no facto de que o americano calculava, ponderava e apresentava um relatório fundamentado, enquanto que o português "tinha uma ideia" de que as coisas se passassem como ele imaginava que passavam, ideia essa que logo era vertida em sentença de lei.


Ora, experimente aplicar a teoria ao caso vertente e veja se, tantos anos passados, não continua "tudo como dantes, quartel general em Abrantes"??
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quarta-feira, 25 de julho de 2007

1196. Se o diz talvez seja porque o sabe...

A crítica é olhada com suspeita, o seguidismo transformado em virtude
Contra
o medo, liberdade

Público - 24.07.2007

(...)
Mas que têm em comum a delação e a confusão entre lealdade e subserviência. Casos pontuais que, entretanto, começam a repetir-se. Não por acaso ou coincidência. Mas porque há um clima propício a comportamentos com raízes profundas na nossa história, desde os esbirros do Santo Ofício até aos bufos da PIDE.
(...)
Na campanha do penúltimo congresso socialista, em 2004, eu disse que havia medo. Medo de falar e de tomar livremente posição. Um medo resultante da dependência e de uma forma de vida partidária reduzida a seguir os vencedores (nacionais ou locais) para assim conquistar ou não perder posições (ou empregos). Medo de pensar pela própria cabeça, medo de discordar, medo de não ser completamente alinhado.
(...)
Gostei de ouvir Sócrates a manifestar-se contra o pensamento único. Mas é este que condiciona e espartilha em grande parte a acção do seu Governo.
(...)
Admito que a porta é estreita e que, nas circunstâncias actuais, as alternativas não são fáceis. Mas há uma questão em relação à qual o PS jamais poderá tergiversar: essa questão é a liberdade. E quem diz liberdade diz liberdades. Liberdade de informação, liberdade de expressão, liberdade de crítica, liberdade que, segundo um clássico, é sempre a liberdade de pensar de maneira diferente.
(...)
Não se pode esquecer também a responsabilidade de um poder mediático que orienta a agenda política para o culto dos líderes, o estereótipo e o espectáculo, em detrimento do debate de ideias, da promoção do espírito crítico e da pedagogia democrática. Tenho por vezes a impressão de que certos políticos e certos jornalistas vivem num país virtual, sem povo, sem história nem memória.

(...)
Por isso, como em tempo de outros temores escreveu Mário Cesariny: "Entre nós e as palavras, o nosso dever falar." Agora e sempre contra o medo, pela liberdade.

* * *


Estando Manuel Alegre tão perto do Poder - do PS como do Governo - como poderei eu, nesta oportunidade, contradizê-lo ou mesmo achar que não sabe do que está a escrever?
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1195. Daniel na caverna dos leões

Daniel in the Lion's Den
c. 1615
Óleo sobre tela
National Gallery of Art, Washington
Pieter Paul Rubens
(1577 - 1640)


Pelo ar de enorme serenidade, sem qualquer resquício de receio, estou em crer que Daniel foi, em alguma esquina do Tempo, ponta de lança do Sport Lisboa e Benfica, aquele que agora (raios partam os palermas do marketing) é pink!
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terça-feira, 24 de julho de 2007

1194. Ah! Mê Binfica, mê Binfica... Tás um mimo!

Duvidosa gentileza de A.Alves...
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1193. Duas notas sobre a questão do aborto


Deixo aqui, sem comentários - até porque são desnecessários... - duas notas sobre a questão do aborto, a fim de que quem isto ler ajuize por si:


1ª questão
, que já tem uma ou duas semanas:

Foi superiormente decidido que o limite máximo de gravidez verificada, que permite que se proceda ao aborto, suave e capciosamente chamado de interrupção voluntária da gravidez, é de 9 semanas e 6 dias.

Foi ainda decidido que, após se verificar que aquele prazo não está excedido, pelo que o aborto pode ser feito, é dada à mulher - obrigatoriamente - um período de reflexão de 3 dias e, só depois desse período e se ela persistir na vontade de abortar, se procederá ao aborto.
Portanto, a mulher pode ir ate às 9 semanas e 6 dias, prazo limite para a verificação da gravidez e das condições para abortar.
Sem comentários, como prometido, mas com contas -

9 semanas e 6 dias + 3 dias = 10 semanas e 2 dias
ou seja,
neste caso o aborto será praticado
nunca antes das 10 semanas... e 2 dias,
quando o objecto do referendo e o que está vertido na lei
refere expressamente o limite das 10 semanas para a prática do aborto.

* * *

2ª questão, que é de hoje:

A Ordem dos Médicos, através do respectivo bastonário, veio dizer que médico que se declare objector de consciência para não realizar abortos no serviço público será sancionado no caso de o vir a fazer no sector privado.
E lamentou que o Governo não tivesse solicitado, como devia, à Ordem a tarefa de listar os médicos objectores, para controlo efectivo.
Questionado sobre o assunto, o ministro da saúde afirmou que esse é um problema da Ordem dos Médicos e que

ao Governo apenas interessa saber quais os médicos que,
em determinado hospital são objectores,
para "ali" não fazerem abortos.

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domingo, 22 de julho de 2007

1190. A estupidez continua a grassar

Nos partidos continua a grassar a maior estupidez. É que já nem se trata de mera falta de senso. É estupidez mesmo.

Imagine-se que - depois da eleição intercalar para a CML e na sequência dos extraordinários maus resultados - para a democracia - que têm consistido as miseras votações que têm vindo a acontecer, nenhum daqueles conjuntos de senhores, uns que ganharam lugares mas perderam por completo o respeito dos eleitores que cada vez mais os manda à... fava, outros que perdendo esse mesmo respeito perderam mais, porque perderam as eleições e até o eleitorado mais "agarrado", que se tem vindo a volatilizar e que nestas eleições, não só viram a não ir votar como a ir e a votar em candidatos travestidos de "independentes"
- andam todos satisfeitos uns pela misérrima vitória por quantidade de votos que, na anterior eleição daria para ter perdido "por uma carrada", ou passam o tempo a guerrear-se parvamente no interior dos respectivos partidos, como se alguém quisesse saber dessa merda para alguma coisa.

Como se não tivessem obrigação, isso sim, de entrar em reflexão profunda e contricta, tentando descobrir onde é que falharam para que mais povo os mande lamber sabão a cada eleição que ocorre e corrigirem a mão.

Será que haverá nos partidos alguém com um pingo de... já não digo de vergonha na cara mas, ao menos, de inteligência, para se coibir de exibir esta completa estupidez em praça pública?
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sexta-feira, 20 de julho de 2007

1189. Cumpriram ou não cupriram, hein?

Nas recentes eleições para a Câmara de Lisboa, ainda que com uma miséria de votos, inferior à do perdedor Carrilho de há dois anos, António Costa venceu com facilidade.

E a culpa dessa vitória e da sua própria derrota é de Luís Marques Mendes e do seu PSD.


Não pelas razões em que está a pensar, não, caro leitor!

Bem... por essas também....

Mas, acima de tudo, por ter aconselhado os seus militantes e simpatizantes, o seu eleitorado enfim, a votar no "nêgrão".

Afinal, foi o que a rapaziada, ordeira e cumpridora, fez, ou não?... ...

Gentileza de Lili
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quinta-feira, 19 de julho de 2007

1188. "29%? Que azar!?"

Camilo Lourenço



Vinte e nove, vírgula um por cento. Foi quanto subiu a receita do IRC no primeiro semestre do ano.

Segue aqui
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1187. "Factos" da presidência portuguesa da UE

Estão em curso as grandes realizações da presidência portuguesa da União Europeia.

Cimeira UE-Brasil


- Embora realizada no decurso da presidência portuguesa, esta nada teve que ver com o assunto, uma vez que a ideia e todos os antecedentes foram tratados entre a Comissão Europeia e o Governo Brasileiro, a partir de uma visita feita pelo Presidente da Comissão Europeia ao Brasil, em 2006.


Propagandear-se ter-se feito que não "fez" é feio, porque não verdadeiro. E, com isso, fica-se despido em praça pública e tremendamente encabulado, como aconteceu na conferência de imprensa a três realizada na ocasião da cimeira, em Lisboa...


Cimeira UE-África

- Sabe-se já que não vai ter lugar ou, tendo-o, será coisa parcial, pois que há países europeus, a começar pela Inglaterra, que não aceitam a presença de Mugabe, o presidente do Zimbabuè, e países africanos que não aceitam uma cimeira sem Mugabe.


De onde se extrai que não basta ter-se vontade de fazer as coisas. É preciso ter-se gabarito suficiente para tal.

E também que nada deve ser anunciado sem estar garantido. Aprendizes de estadistas sujeitam-se e sujeitam o país que representam a humilhações escusadas.


* * *

A ver vamos o que mais por aí virá...
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1186. D. Quixote e seu Sancho

Don Quijote
1955
Pablo Ruiz Picasso
1881 - 1973

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domingo, 15 de julho de 2007

1185. Eleições em Lisboa

Os resultados da eleição autárquica lisboeta, hoje ocorrida, não constituem qualquer surpresa seja para quem for, com um mínimo de noção da coisa política.

A abstenção

Tem vindo a subir a cada acto eleitoral e de referendo realizado. Quanto às responsabilidades pelo que tem sucedido, não é preciso muito efabular para se concluir que elas pertencem inteiramente aos políticos que, de há dezenas de anos, têm moído o juízo aos portugueses, sem proveitos que se vejam para o País e desacreditando-se cada vez mais perante o eleitorado. Na verdade, é difícil resistir à tentação de fugir das urnas, quando os políticos são, realmente, tão maus, tão irresponsáveis, tão merecedores de uma corrida em pêlo, por indecência e má figura...

O PS

Teve uma vitória por números ridículos e nem o facto de ter obtido grande diferença de votos para o segundo classificado na tabela nem o de, desde 1976, ou seja, de há 31 anos a esta parte, ter, pela primeira vez, vencido em Lisboa sozinho, escamoteia o incómodo de uma vitória sem razões para euforias.

O conjunto dos votos PSD/Carmona

Como tive oportunidade de escrever dias atrás,
a não ter havido a ruptura PSD/Carmona, António Costa teria sido francamente derrotado, pois que, mesmo sem estarem num só grupo, que potencia sempre os ganhos, a soma dos resultados obtidos por Carmona e Negrão suplantaria, sem sombra de dúvidas, os resultado de Costa.
Significa isto objectivamente que o PS venceu sem mérito, mas com a imprescindível muleta de quem, no PSD, não sabe o que anda a fazer, ou seja, os mesmos que impediram o PSD de infligir a Pinto de Sousa a quarta enorme derrota eleitoral consecutiva em 2 anos e meio (as outras haviam sido as autárquicas de 2005, as presidenciais de 2006 e as regionais da Madeira de 2007)... É obra, mesmo para tanta incompetência!

O CDS

Para além do mais, colheu os louros do "trabalho" de Maria José Nogueira Pinto no decurso do mandato anterior na CML, ela que, desde que anda na política, sempre se constituiu em certo e não negligenciável factor de amuo, guerrilha e desestabilização em tudo quanto se mete, como é amplamente sabido.

O PSD

Entrou no desastre total
, como de há muito se esperava. Jamais tinha obtido resultado tão baixo e desmobilizador. Jamais certamente o voltará a obter. Tudo ajudou. A começar por Marques Mendes, revelando uma inabilidade total como estratega e líder (dele sempre entendi que tem perfil adequado para director de serviços mas jamais para director-geral...) e um autismo, um total alheamento do que o rodeia e uma notória incapacidade de reagir com eficiência aos escolhos que pelo caminho encontra, a continuar por tudo quanto antecedeu esta crise da CML e o decurso da mesma e a terminar na fraquíssima prestação (porque de melhor não é capaz) do candidato de 5ª ou 6ª escolha descoberto por MM já no estertor da agonia, o que o levou a nem sequer tentar saber, em Setúbal, se o candidato valia a aposta... e o tremendo risco inerente. O que, diga-se em abono da verdade, logo nos primeiros passos da campanha se constatou que não.
Em tais condições, jamais o PSD poderia ter alcançado mais do que efectivamente alcançou. Entendo mesmo que não ter sido pior só pode ter acontecido por intercessão de algum santo de altar verdadeiramente milagreiro.

As responsabilidades, segundo os eleitores

A julgar pelos resultados, restam pouquíssimas dúvidas de que o eleitorado lisboeta
não responsabilizou Carmona Rodrigues pelo que na CML se passou, mas, isso sim, atirou toda a culpa para as costas do PSD, por inteira responsabilidade de quem não soube estar à altura da situação.

O que fica dito, resume, em traços largos, o que me parece mais relevante nos resultados verificados.

* * *

O que segue

a) A Marques Mendes resta apenas uma saída de dignidade. Isso mesmo: sair de cena. E certo que será uma saída pela esquerda baixa, mas, ao menos, preservará uma certa e muito necessária dignidade política. Tem que demitir-se e, de preferência, já esta noite. Ele é o grande responsável pelo sucedido, como igualmente pela falta de liderança do PSD e pela completa ausência de oposição a Pinto de Sousa e aos seus desmandos.
Não se demitindo de imediato, Marques Mendes não só penaliza o PSD, como abre as portas a nova maioria absoluta de Pinto de Sousa, em 2009, mesmo que este continue a praticar enormidades como até aqui. É que, não havendo contradita, não tarda que o eleitorado se "habitue" a este estilo de vida e passe a considerá-lo coisa normal. E quem é que quer desfazer o que já será "normal", para ir em busca do desconhecido?

b) Para sobreviver com alguma dignidade e capacidade de regeneração e recuperação, o PSD tem que livrar-se, com a máxima urgência, da tenebrosa influência de "inscritos" seus como Manuela Ferreira Leite e Marcelo Rebelo de Sousa, entre outros, mas estes principalmente, piores para o partido do que os piores dos adversários.
Desde que, no período que antecedeu as legislativas de 2005 (Marcelo mesmo de muito antes, como todo o Portugal bem sabe...), juntamente com Cavaco Silva, criaram inúmeras dificuldades ao partido, algumas das quais ainda não foram superadas, não têm parado na perniciosidade da sua acção.
Urge libertar o PSD. E essa libertação passa, não tenhamos dúvidas, pelo corte de ervas daninhas que muito prejudicam o normal desenvolvimento do conjunto do partido.


Ou se vai fundo e os sociais-democratas tomam as decisões correctas, entre as quais estas duas absolutamente imprescindíveis ou redundará em tarefa inglória tudo quanto se tente fazer pelo partido. Os militantes, principalmente os que detêm maiores responsabilidades institucionais, sempre souberam mostrar-se à altura dos acontecimentos e da história do Partido. Espera-se, portanto, que não falhem desta vez. Os militantes, não os que do partido apenas se servem...

Nota final... e indispensável

Uma última palavra que pretende ser de reparo a alguém a quem o PSD muito deve em pugnas eleitorais e que tem sido muito injustiçado e em relação ao qual, o tempo que passa, quanto mais alargado, mais revela tal injustiça: Pedro Santana Lopes.

O que lhe foi feito pelos adversários - legítimos, nos partidos, e ilegítimos, na Comunicação Social - foi uma vergonha. Nada, porém, comparável com o que lhe fizeram "companheiros", entre os quais Marcelo Rebelo de Sousa (o homem para quem tudo só está bem quando bem não está e que não consegue "admitir" que alguém consiga o que ele próprio não consegue..., caso a que não me atrevo a rotular de patológico), Manuela Ferreira Leite (que está, sempre esteve, ao serviço de uma estratégia cavaquista pessoal, pouco parecendo importar-lhe o que mais convém ao partido de que é militante) e Cavaco Silva (que, como aliás se vem constatado uma vez mais, agora na Presidência, apenas tem como objectivo em mente o poder pessoal, tratando-se de um homem para quem o PSD sempre foi apenas e só mero instrumento de perseguição de fins pessoais e apenas na medida em que o desiderato não podia ser alcançado por meios diversos dos do Partido e seus esforçados militantes).

Pois bem, toda a competência política que Pedro Santana Lopes revelou, bem como o árduo trabalho que desenvolveu para levar de vencida a coligação PS-CDU - que há muitos anos dominava Lisboa a seu bel-prazer - vitória essa conseguida contra adversários frontais, nos partidos, e contra adversários assolapados e subreptícios, na Comunicação Social, e bem assim putativos companheiros, que tudo fizeram para obstar à sua excelente vitória - que foi também uma bela e inolvidável vitória do PSD - pela incompetência de uns e ressabiamentos e invídias mal disfarçadas e estúpidas de outros - que nada de útil fazem pelo país há muitos anos já ou mesmo jamais algo fizeram... - foram agora deitados a perder e será muito difícil de recuperar nos tempos mais próximos, e menos ainda enquanto por lá andarem tais aves de mau agoiro.
...

1184. Proposta decente e... irrecusável!


Que me dizem
à ideia de fazermos uma quete,

e conseguirmos fundos suficientes
para mandar estes governantes,
que diariamente nos amolam,
para o Arquipélago de Bora-Bora,
em férias perenes,
com todos os luxos e mordomias incluídos?

Hein?!

Descansávamos de vez,
era uma paz de espírito,
que bem merecemos!...

'Bora nisso,
Bora-Bora com eles!

Alguém que faça as contas
dizendo quanto cabe a cada um,
que eu quero pagar já a minha parte.

'Bora qu'é uma pressa!
...

sábado, 14 de julho de 2007

1183. Late afternoon thought... (viiic)

A partir do momento em que atropela a Ética,
o Poder não mais é democrático e resulta no pior dos facínoras,
dispondo, como nenhum outro, de meios que lhe permitem
- e aos seus agentes -
os mais hediondos feitos, em completa impunidade.
Não pode, assim, ser deixado à rédea solta;
tem que ser combatido e derrotado por todas as formas
Ruvasa
...

1182. Citação do dia

"Sou pastor e faço prédicas acerca da idolatria. Tenho dúvidas quanto a estar aqui, mas este é David Beckham".
JORGE DO TORO, um adepto da equipa de futebol L.A. Galaxy, numa recepção à sua nova estrela.
New York Times, 2007Jul14
...

sexta-feira, 13 de julho de 2007

1181. Carta de uma mulher em desespero


Gentileza de D. Pereira
...

1180. Dúvida existencial

Com

Sócrates no Governo

e

na presidência da União Europeia,


Barroso na Comissão Europeia,


e Guterres na dos "Refugiados"



Fugimos para onde ?

Recebida agora,
por gentleza de T.Nódoas

...

1179. Receita para subtrair governantes a aplausos exagerados




Exmo senhor Pinto de Sousa,

Agora que os ventos têm andado menos de feição, pelo que os "vivas e aplausos" com que actualmente está a ser recebido um pouco por toda a parte parecem ferir-lhe os tímpanos sem o mínimo recato ou decoro, sequer comiseração, e espelharem-lhe no rosto um esgar que qualquer um nota assemelhar-se, cuspido e escarrado, aos arrancados a ferros do íntimo mais íntimo de uma vesícula biliar certamente bem deteriorada, permita-me que, humildemente e com súbdita prostração, lhe sugira uma técnica de efeitos seguríssimos, que tive oportunidade de constatar em Mitla, México, no ano de graça de 2003
.

Para se inteirar das características de tão excelsa técnica, queira dignar-se ter a bondade de clickar na foto e aguardar só um pouquinho...

Sempre na expectativa de directivas suas...
...

quinta-feira, 12 de julho de 2007

1178. Uma pequena alegria de vez em quando


Sim, no meio desta vil tristeza em que nos movemos, por obra e graça dos desengraçados políticos que cada vez mais, mais nos desgovernam, lá me surge, de vez em quando, uma pequena alegria.

Desta vez é ela a de não viver em Lisboa nem no seu concelho.

É que, assim, não vou precisar de me escusar a votar num dos candidatos ao município, vendo-me, pois, obrigado a fazer uma quadrazita popular a cascar neles.

Sim, porque eu - pelas razões conhecidas - não sou de me abster e menos ainda de votar em branco, porque não sou parvo e já cá ando há muitos anos e vi muitas coisas.

E, assim sendo, teria que, no próximo domingo, fazer o que de há muitos anos faço aqui em Setúbal, inscrevendo no boletim de voto algo como isto:

Vocês querem o meu voto
mas que fizeram por isso?
Não vos dou nem um arroto;
só vos dava no toutiço!...

Pois é, desta vez safei-me!... Aguentem-se, lisboetas duma cana! Mandem essa tropa fandanga para o Bugio.
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quarta-feira, 11 de julho de 2007

1177. Pois...

Chegou-me, há pouco, este texto:

Acontece desta forma:

* Por cada 100 euros que o patrão paga pela minha força de trabalho,
o Estado,
e muito bem, tira-me 20 euros para o IRS
e 11 euros para a Segurança Social;

* O meu patrão, por cada 100 euros que paga pela minha força de trabalho,
está obrigado
a dar ao Estado, e muito bem,
mais 23,75 euros para a Segurança Social;

* E por cada 100 euros de riqueza que eu produzo, o Estado,
e muito bem, retira ao meu patrão outros 33 euros;

* Cada vez que eu, no supermercado, gasto os 100 euros que o meu patrão pagou, o Estado, e muito bem, fica com 21 euros para si.

Em resumo:

* Quando ganho 100 euros, o Estado fica quase com 55;

* Quando gasto 100 euros, o Estado, no mínimo, cobra 21;

* Quando lucro 100 euros, o Estado enriquece 33;

* Se compro um carro ou uma casa, herdo um quadro,
registo os meus negócios
ou peço uma certidão, o Estado, e muito bem,
fica com quase metade das verbas envolvidas no caso.

Na pior das hipóteses, cada 300€ em circulação em Portugal
garantem ao Estado 100€ de receita.

Portanto, se pago, e acho muito bem, tenho o direito de exigir:

* Um sistema de ensino que garanta cultura,
civismo e futuro emprego para os meus filhos;

* Serviços de Saúde exemplares;

* Um hospital bem equipado a menos de 20 km da minha casa;

* Estradas largas, sem buracos e bem sinalizadas em todo o país;

* Auto-estradas sem portagens. Pontes que não caiam;

* Tribunais com capacidade para decidir processos em menos de um ano;

* Uma máquina fiscal que cobre igualitariamente os impostos;

* Pago, e por isso quero ter, quando lá chegar, a reforma garantida
e jardins públicos
e espaços verdes bem tratados e seguros...
polícia eficiente e equipada...
os monumentos do meu país bem conservados
e abertos ao público...
uma orquestra sinfónica...
que não haja um único caso de fome e miséria nesta terra...


Portanto, Srs. Governantes, governem-se com o dinheiro que lhes damos
porque nós queremos e temos direito a tudo aquilo.

(ass.) Português contribuinte

* * *

Sem comentários
Gentileza de T.Nódoas
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terça-feira, 10 de julho de 2007

1176. Carta ao primeiro-ministro

Pelo extremo interesse de que se reveste e sem comentários, por desnecessários para avaliação de lisura de procedimentos transcrevo abaixo uma carta hoje enviada ao primeiro-ministro pelo professor jubilado do Instituto Superior Técnico com os anexos que acompanharam a referida carta.

* * *

10 de Julho de 2007

Caro José Sócrates,

Li nos jornais de ontem ("Meia hora" e outros) que disse que: "No nosso ponto de vista [ penso que do Governo] a manutenção da Portela é inviável" e que "já estudámos isso". Estas afirmações chegaram-me algo isoladas.

O LNEC está, neste momento, a estudar as duas possíveis localizações do NAL (novo aeroporto de Lisboa) em Alcochete e na Ota.

Se o NAL vier a ser em Alcochete, poderá ser construído de um modo faseado e ter uma expansão quase ilimitada. Construída uma primeira fase (uma pista e algo mais) todos os nossos problemas aeronáuticos imediatos da região de Lisboa ficam resolvidos. Quando começarmos a pensar na construção da 2ª fase (talvez daqui a 10 ou 15 anos) teremos de decidir se o novo aeroporto se deve expandir de modo a substituir completamente o da Portela, ou se devemos adoptar em definitivo o modelo dos dois aeroportos: Portela + Alcochete.

É uma decisão que dependerá de factores difíceis de avaliar agora, nomeadamente, evolução do tráfego aéreo, problemas de som e segurança, qualidade dos transportes na região de Lisboa, influência sobre o Turismo, etc.. A questão não pode, assim, de modo nenhum, ser considerada já estudada.

Se o NAL for na Ota, terá de ser construido de uma só vez e depois de construído não se poderá expandir. Se fecharmos a Portela no momento em que estiver pronto, pouco depois, teremos o muito grave e dificil de resolver problema de só termos na região de Lisboa um único aeroporto saturado e sem possibilidades de expansão.

Não temos, felizmente, de tomar uma decisão imediata sobre o fecho ou manutenção da Portela. Esperemos algum tempo, pelo menos até conhecermos a localização do NAL e o calendário da sua construção, para discutirmos o assunto com calma e tomarmos uma decisão que possa ser acertada e consensual.

Envio-lhe a seguir os resumos de duas curtas intervenções que fiz, no passado dia 6, num encontro promovido em Leiria pela JS sobre o aeroporto da Ota. ("A Ota, solução ou problema")

Vou enviar estes textos para a "Acção Socialista" pois considero da maior importância que estes problemas e este tipo de informação sejam divulgados e discutidos no interior do PS.

Com as minhas melhores saudações socialistas

António Brotas

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1ª Intervenção

O governo criou em 1998 a NAER com o encargo de estudar e assegurar a construção do NAL (novo aeroporto de Lisboa) impondo-lhe desde logo a localização na Ota, ou no Rio Frio.

A NAER abriu um concurso para escolher um consultor tendo sido escolhido os Aeroports de Paris (ADP).

Os ADP indicaram três implantações possiveis para o NAL (duas no Rio Frio e uma na Ota) e fizeram uma listagem de estudos parciais EPIAs (Estudos Preliminares de Impacto Ambiental) que teriam de ser feitos.

Foi escolhido um conjunto de especialistas coordenados pelo Professor Fernando Santana, da Universidade Nova de Lisboa, para elaborarem estes EPIAs. Depois de 1999 estes EPIAs não foram continuados nem actualizados .

Tenho aqui o resumo do EPIA relativo à OTA.

Com base neste documento e nalgumas informações adicionais vou indicar 7 questões que desconselham fortemente hipótese da Ota:

  1. A localização do NAL na Ota permite a construção só de duas pistas que nunca poderão ser aumentadas . O espaço para estacionamento de aeronaves é também muito limitado. Se for construido o aeroporto na Ota o país necessitará dentro de uns 30 anos de um novo aeroporto que não se vê como poderá ser construido. Entretanto, o nosso desenvolvimento aeronautico será atrofiado porque a Ota não poderá servir para um hub internacional de cruzamento de grandes rotas internacionais.
  2. A construção do NAL na Ota obriga a uma movimentação de cerca de 60 a 70 milhões de metros cúbicos de rochas e terras (cerca de 1/5 do volume da Muralha da China).
  3. A construção do NAL na Ota obriga a desviar ou canalizar a Ribeira do Alvarinho e a dar bastante atenção a outras duas. Em qualquer caso, se for feito o aeroporto da Ota, será, com a excepção de algumas grandes barragens, a maior construção da Europa e talvez do Mundo em leito de cheia .
  4. Houve uma lacuna nos estudos de 1999. Não não parece ter sido notado que, além dos problemas referidos nos itens anteriores, era necessário consolidar os terrenos argilosos do leito das ribeiras. Fui alertado para este problema pelo Professor Diogo Pinto responsável pela construção do aeroporto de Macau. A NAER só se terá dele apercebido em 2003. Encomendou então um estudo à empresa Parsons. No relatório elaborado por esta empresa recentemente divulgado (há poucos meses) é indicado que a consolidação dos terrenos (numa profundidada da ordem dos 25 metros) deverá ser feita por meio de 250 mil estacas de brita com 90 cm de diâmetro e com um comprimento total de 3.000 km. Que eu saiba, ainda não foi feita por engenheiros portugueses uma apreciação cuidada e crítica deste trabalho, mas há especialistas portugueses com experiência deste tipo de trabalhos que pensam que outros processos de consolidação poderão ser preferiveis.
  5. Do ponto de vista puramente aeronautico, um aeroporto na Ota tem inconvenientes que o desconselham e para os quais vários pilotos e oficiais oficiais da Força Aérea têm procurado chamar a atenção.
  6. Um aeroporto na Ota tem dificeis acessos ferroviários e rodoviários que estão ainda muito longe de estar estudados.
  7. Um aeroporto na Ota tem um impacto ambiental muito negativo. Em particular, a sua construção destroi uma área significativa de uma zona húmida que, em todo o território, corresponde a 1 % do território nacional.

A meu ver, estas questões deviam ter excluido liminarmente o aeroporto da Ota. Em vez disso, a hipótese da Ota foi escolhida depois de excluido o Rio Frio com argumentos, que nunca foram seriamente avaliados [e um deles, o do choque com aves, baseado em estudos risiveis como poderei provar] . Na sequência, a NAER, não foi capaz de apresentar um único argumento sério em favor da Ota e, sistematicamente, procurou ignorar as opiniões de técnicos e outros intervenientes que tinham opiniões críticas contrárias aos seus propósitos. Acho que foi um erro.

O problema ficou quase parado porque os estudos feitos com vista à construção do aeroporto da Ota só mostraram a dificuldade desta construção. De facto, todos os estudos com vista à construção do Aeroporto da Ota estão hoje atrasadíssimos. Felizmente que, com o aparecimento da Internet, dos emails, dos blogues e com alguma ajuda da Comunicação Social, os críticos puderam falar directamente para o País que compreendeu que o assunto lhe dizia respeito.

Foi assim que o problema da Ota se transformou num problema nacional.

Surgiu a alternativa de Alcochete e o LNEC vai agora apreciar as duas hipóteses tendo, necessariamente, de aprofundar e se pronunciar sobre as questões atrás referidas e outras mais. É fundamental que o seu parecer e o relatório finais sejam considerados convincentes pelo País e, em especial, pelos que olham o problema com o saber e o sentir de engenheiros. É a condição essencial para chegarmos a um consenso nacional, que é possivel mas que já tarda, sobre esta matéria.

Penso que, sobretudo nas questões relacionadas com o ponto 5 atrás citado, o LNEC deve estar atendo e ouvir as opiniões dos intervenientes que já se pronunciaram sobre o assunto.


2ª Intervenção

Não esqueço que estou estou numa cidade e numa região particularmente interessadas em conhecer o impacto local que poderá a localização do NAL.

Para abordar o assunto há que relacionar a localização do NAL com o planeamento da rede ferroviária pois os dois assuntos estão intimamente ligados. É este assunto que me parece mais importante abordar aqui.

Começo por fazer um apelo à Comunicação Social. Evitem falar em TGVs e falem em linhas de bitola europeia. O nosso problema ferroviário é o de construir uma rede ferroviária que permita aos nossos comboios, sobretudo de mercadorias, entrarem em Espanha, quando a Espanha mudar a bitola das suas linhas para a bitola europeia, o que está a fazer aceleradamente. Se o não fizermos, daqui a 15 ou 20 anos os nossos comboios de mrercadorias não poderão sair do país. Se o fizermos, poderão até à Polónia. Teremos de ter em funcionamento, durante um largo periodo (mais de duas décadas) duas redes com duas bitolas. Mas as novas de bitola europeia não serão todas linhas TGV, no sentido de permitirem a passagem de comboios TGV. Umas serão e outras não. Mas mesmo nas linhas TGV circularão comboios que não são TGV.

Neste momento, o que vos proponho é um exercício. Admitam, como hipótese, que o aeroporto da Ota vai ser construido a que, daqui a 15 anos, estão concluidas as linhas TGV de Lisboa para o Porto com passagem pela Ota, e de Lisboa a Badajoz, com as entradas em Lisboa que têm anunciadas (ponte para o Barreiro e entrada a Norte de Lisboa).

Qual será o trajecto ferroviário das mercadorias do Centro para a Europa? Poderão descer a Lisboa, atravessar o Tejo, passar por Badajoz, Madrid e Valladolid., ou subir ao Porto e passar por Vigo e por cima de Bragança. Está adiada, neste momento, para calendas gregas, a linha fundamental para o desenvolvimento do Centro, a linha com 200 km de Aveiro a Vilar Formoso, que não tem obviamente de ser uma linha TGV, mas tem de ser de bitola europeia.

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segunda-feira, 9 de julho de 2007

1175. "A Constituição que desmente a Europa"

A Constituição que desmente a Europa, artigo de João César das Neves, no Diário de Notícias online, de 2007 Julho 07.

Para reflectir.

Veja aqui.
Gentileza de A. Alves
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1174. A vergonha e a humildade dos "judites"

A Polícia Judiciária está incomodada e envergonhada mesmo, tendo o seu Sindicato pedido já publicamente desculpa aos Portugueses.

Devo começar por dizer que também eu estou envergonhado e fiquei sensibilizado pelo pedido de desculpa que também me foi endereçado.

Em, tempos, tive oportunidade de contactar e trabalhar amiudadamente com a Polícia Judiciária e habituei-me a ver no seu pessoal - dos inspectores de mais alto nível aos simples agentes estagiários - gente trabalhadora, séria, muito esforçada e muito mal compensada pelo esforço que desenvolvia em defesa da legalidade e da democracia em Portugal. Também a PSP e a GNR me inspiraram sempre, pelos contactos que com eles tive, profunda admiração e respeito. Mas a Judiciária, pelo trabalho específico e postura que sempre revelou, tinha - e continua a ter - um lugar muito especial na minha consideração.

Foi, por isso, com grande incomodidade que tive conhecimento da questão dos 21 inspectores de vários escalões que agora estão sob a alçada da Justiça, pela prática de actos que nada terão de honroso e que muito dano terão causado já na imagem daquela polícia.

Admiro, porém, a forma como a própria Judiciária tratou do caso e o investigou e deu a conhecer, facto que só a enobrece, embora apenas fazendo o que é seu dever. Admiro igualmente a coragem de afirmar publicamente a vergonha sentida e a grande humildade e afirmação de respeito pelos cidadãos e sentido democrático demonstrados, quando publicamente foi pedida desculpa aos portugueses pelo sucedido.

Esta atitude é tão mais surpreendente e reveladora de dignidade raramente vista quanto é certo que todos sabemos não ser habitual no nosso País, onde tudo se faz sem que contas se prestem, sem que as responsabilidades sejam assumidas, sem que a dignidade seja interiorizada para depois se oferecer aos concidadãos em inequívoca manifestação de civilidade e democracia. Muito pelo contrário, o que vemos a cada passo, é precisamente o contrário. A fuga às responsabilidades, a mentira, o logro, o embuste, as trafulhices sem nome.

Estou em crer que a Judiciária - pela atitude que os seus agentes tomaram a diversos níveis, ainda que profundamente ferida por atitudes menos correctas e isentas de alguns de seus membros - vai sair, no seu todo, com a imagem de lisura e sentido de cidadania claramente reforçada aos olhos dos portugueses de boa vontade.

Bom seria que todas as instituições e cidadãos com responsabilidades no país fossem capazes de atitudes de tamanha integridade na correcção do que se fez mal e humildade só possível entre gente de bem entranhadas convicções democráticas.


Aqui deixo, pois, uma saudação muito especial e agradecida à Polícia Judiciária Portuguesa. Agradecida, pelo reconhecimento do respeito que, como todos os portugueses, lhe mereço e de que deu inequívoco testemunho. É que, infelizmente, em Portugal, vermo-nos respeitados, principalmente por quem tem o poder em suas mãos é motivo de profunda emoção e agradecimento sem regateio. Não devia ser, mas é.

Quanto aos elementos da PJ que terão cometido os ilícitos de que tivemos conhecimento, apenas se me oferece chamar a atenção para o seguinte: coisas destas acontecem. Há que investigá-las, puni-las e... seguir em frente.

Portanto, acontecem. E hão-de sempre acontecer. No entanto, certamente que aconteceriam menos e bem menos graves do que esta - que é, efectivamente, de gravidade extrema - se não tivesse sido instalado no país um clima de total laxismo de costumes públicos nos departamentos estatais, mesmo a todos os níveis, e de total e vergonhosa impunidade, cujos exemplos mais expressivos me dispenso de enumerar já que estarão bem presentes no espírito dos portugueses que prezam a dignidade de carácter.

Com a atitude assumida, veio dizer a todos os portugueses que é uma instituição digna, responsável, de mentalidade e prática democráticas, em que os portugueses podem continuar a confiar. Falo da Polícia Judiciária, da "cara Judite" evidentemente, e dos seus agentes, como certamente se perceberá.
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sexta-feira, 6 de julho de 2007

1173. Afinal, parece que há gente já a abrir os olhos...


Curiosamente, depois de tanto essa situação ter sido denunciado na Blogosfera, parece que há gente finalmente a abrir os olhos para a realidade.


Na Assembleia da República, a deputada Zita Seabra acusou o governo socialista de estar a



generalizar no país um clima persecutório,
de intolerância,
de intimidação,
de perseguição na Administração Pública

inadmissível em qualquer país democrático
e assente num Estado de Direito
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1172. Mude-lhe o nome!


O Hospital de Portimão, o Hospital de Garcia de Orta e a Maternidade Alfredo da Costa são os primeiros estabelecimentos a praticar o aborto a pedido da utente.
Notícia de há momentos, na SIC


* * *

Maternidade
- s.f. qualidade ou estado de mãe; estabelecimento hospitalar destinado a mulheres parturientes (De materno + -idade)
Qualquer dicionário de língua portuguesa

* * *

Há por aí alguém que seriamente seja capaz de afirmar que a chamada
Maternidade Alfredo da Costa, ao dispor dos seus recursos, materiais e humanos, para a realização de abortos, está a honrar o espírito que presidiu à intenção com que foi criada e o seu nome indica, isto é, está a servir alguma mãe, está a auxiliar alguma parturiente, ou seja, mulher que se prepara para ser mãe e põe nesse acto as suas melhores esperanças e anseios?

* * *

Assim sendo, senhor Correia de Campos, faça o favor de cumprir este também seu dever inalienável, que é o de não permitir que, em maternidade - que existe para ajudar a que seres humanos possam aceder à vida extra-uterina - se faça precisamente o contrário daquilo para que está vocacionada, pelo que um dia alguém a criou, ou seja, retirar a seres humanos a possibilidade de virem a ter uma vida extra-uterina.

Ou, quando para isso não se ache capaz, então, por uma questão de decoro, mude o nome à Maternidade Alfredo da Costa. Rapidamente!


Haja algum senso e dignidade, porque o país não é uma coutada onde cada um que, casuística e conjunturalmente, acede ao poder faz apenas aquilo que lhe dá na real gana, sem se julgar obrigado a prestar contas.

O país é mais do que isso e precisa de mais do que isso. Muito mais.
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1171. Alguém se surpreende?

Claro que, para alguns, constituirá grande engulho, muito difícil de engolir. Mas isso apenas porque têm vivido em doce engano, talvez embalados por sonhos irrealizáveis, por inatingíveis. Vão começar a acordar para as realidades. Talvez, quem sabe...

As Sads do futebol português começaram a entrar em Bolsa há já alguns anos.

Todos se recordam, certamente, do burburinho que tal facto levantou, até porque, dos chamados "grandes", só o Benfica, segundo se dizia, não tivera capacidade para tal feito.

Os anos foram passando e nada de especial se verificava. Era como se nada tivesse acontecido...


Há para aí uns dois meses, o Benfica entrou na Bolsa de Valores.


Pois bem, há 15 dias as coisas começaram a acontecer. Veio uma Opa de cidadão nacional e, agora, apresta-se para chegar outra, esta de interesses estrangeiros.

Era fatal como o destino e todos já o esperávamos.

Quem é que resiste a uma marca chamada Benfica? Quem é que fica indiferente a este emblema?

Aqui e lá por fora.


É. A diferença é essa. Ser-se ou não se ser.

Para quê acrescentar mais seja o que for?

......