Aqui vão sendo deixados pensamentos e comentários, impressões e sensações, alegrias e tristezas, desânimos e esperanças, vida enfim!
Assim se vai confirmando que o Homem é, a jusante da circunstância que o envolve, produto de si próprio. 2004Jul23
Após um período de retiro sabático que a si própria resolveu impor, a bela Otília Martel regressou ao nosso convívio e. com ela, a sua poesia de rara sensibilidade. Entretanto, publicou o livro "Menina Marota - Um Desnudar de Alma", cuja apresentação decorreu no Porto e, na passada sexta-feira, também em Lisboa, no auditório da Livraria Bertrand do CC Vasco da Gama.
Agora que a temos de volta, deseja-se que não mais nos falte, porque a Blogosfera não pode viver apenas da prosa, quantas vezes dura e escabrosa, da política, do fait-divers, do lado mais insensível da vida.
A notícia fala por si, sem necessidade de muitos considerandos.
Ficam apenas dois:
* Era inevitável, toda a gente o sabia, excepção feita aos ilustres governantes;
* A última vez que o País passou por situação análoga, foi no decurso da II Guerra Mundial, por força da terrível escassez de alimentos que então se verificava por toda a Europa. Mesmo nessa altura, contudo, inúmeras famílias portuguesas tiveram a generosidade - e possibilidade - de se constituírem abrigo para milhares de crianças refugiadas, fugidas do horror nazi. No entanto, nem nessa situação de dificuldades inenarráveis, a classe média se viu obrigada a chegar a este extremo.
Só falta que alguém do executivo venha, com a "esperteza" e a "sagacidade" d'habitude, apresentar um desmentido, dizendo que tudo não passa de alarmismo oportunista e irresponsável dos opositores do Governo...
(...) o PSD (...) É um (...) predador (...) Pode-se concordar ou discordar de Luís Filipe Meneses em muitas das suas atitudes passadas e até presentes. O que não pode negar-se-lhe é o seu apego ao partido e os inestimáveis serviços que lhe tem prestado, ao contrário de tantos outros que tanto e tão despudoradamente o atacaram.
Antes de prosseguir e para evitar interpretações não consentâneas com a realidade, declaro que nunca fui apoiante de Luís Filipe Meneses e não comungo de muitas das suas análises e rotas políticas.
O que LFM diz no artigo do Diário de Notícias de hoje, "Depois de mim virá..."(título que considero particularmente infeliz), para o qual acima faço o link, pode até ser encarado com uma mera vendetta por tudo quanto lhe fizeram passar, quando do seu consulado na direcção do Partido Social Democrata.
A uma primeira vista, assim é ou, quando menos, parece ser.
Quem se entrega à tarefa de ler, porém, deve sempre fazê-lo de modo a não se quedar pelas impressões que surgem mais na rama - até induzidas pelo inadequado título - mas procurar o real fundo da questão.
E, neste caso, fazendo-o, de imediato constatará que o "ataque" a Manuela Ferreira Leite e ao que ela representa e que, aqui, no blog e em anterior oportunidade, tive oportunidade de caracterizar, podendo ter sido evitado - até para que os leitores da "rama" não façam leituras apressadas e os adversários não se sirvam de uma ou outra frase menos cordata (embora de justificada presença, pelas judiarias de que foi alvo pelos actuais detentores do poder laranja) para provarem o que provar não podem, se bem que poderão, isso sim, iludir os desprevenidos - mais não é do que uma preparação para o que no artigo de opinião está para vir, ou seja, o verdadeiro tema do escrito, isto é, a característica de predador que enforma o PSD, também por força da sua indefinida matriz ideológica.
Predador de líderes, predador de tudo quanto mexe no partido, predador de si próprio, enfim.
E essa sua condição não é "qualidade" recente.
Começou logo com Sá Carneiro que só não foi predado porque soube, como ninguém, interpretar o sentido das bases, então ainda não contaminadas por interesses que não os do partido, e nelas se firmar inamovivelmente. Continuou com Francisco Pinto Balsemão, que acabou como se sabe e não mais quis passar pelo mesmo, tendo-se entregue aos negócios.
No entanto, nunca foi tão sentida quanto com a eleição e posterior consulado de Aníbal Cavaco Silva. E se é certo que nunca o partido teve tanta expressão eleitoral e força social como com Cavaco, não menos certo é que foi com o mesmo Cavaco que perdeu a "inocência" e se tornou predador e autofágico.
Os interesses instalaram-se e nunca mais deixaram o partido desenvolver-se em paz e harmonia, com todos a remar no mesmo sentido, mesmo na enriquecedora diversidade de opiniões, sempre que o essencial estava em jogo.
Com Cavaco, o partido julgou estar a chegar à vitória final e decisiva, quando, no verdade, se perdia. Irremediavelmente até hoje.
Ora, esta é uma constatação por demais evidente, para que não seja percebida - e reconhecida -por todos quantos se debruçam sobre o fenómeno político português dos últimos trinta e cinco anos.
Já em finais de 1983 ou princípios 1984, antes, portanto, do consulado cavaquista, quando de numa visita de Rui Machete, então um dos líderes do PSD, à cidade em que vivo, em sessão partidária tive oporturnidade de, dirigindo-me a Machete, afirmar a minha convicção de que o maior problema com que o partido se debatia já - e mais se debateria no futuro - estava na indecisão reinante entre a opção por uma matriz social-democrata, com uma vertente liberal, e uma matriz liberal, com uma vertente social-democrata.
Essa minha convicção nunca se esbateu e está, hoje em dia, mais reforçada. Com a agravante de que, entretanto, o partido perdeu a pureza da inocência bem intencionada, completamente dominado que foi por arrivistas prenhes de interesses difusos, pouco claros, que, à sombra de Cavaco, foram ingressando no partido.
Sabe-se o que aconteceu depois. O PSD inicial, já infectado desse pecado original, foi-se degradando cada vez mais, até que chegou ao estado a que assistimos impotentes. E impotentes, porque o poder laranja tem estado, salvo em raríssimos momentos - os de maior convulsão resultante de sacudidelas da canga... - em que militantes - atrevo-me a dizer mais genuínos - tentaram fazer regressar o partido ao seu espírito inicial, nas mãos de quem o acorrenta a um verdadeiro muro da vergonha.
Enquanto os seus militantes mais puros, porque mais libertos de jogos de interesses, não conseguirem triunfar das forças de bastidores que o manietam, o Partido Social Democrata muito dificilmente poderá ser útil a si próprio e ao país, aos seus militantes e aos portugueses.
E vou mesmo mais longe, reafirmando o que já em outras oportunidades dei a saber. Em minha opinião, o PSD necessita de se livrar, de uma vez por todas, da canga que lhe tem vindo a ser ajaezada por Cavaco Silva, com o precioso auxílio de Manuela Ferreira Leite, José Pacheco Pereira e Marcelo Rebelo de Sousa. Se há que dar nomes aos bois, pois então, eles aí estão. Os nomes, claro.
O diagnóstico está feito. De há muito. Há, pois, que tirar conclusões, traçar caminhos e agir. ...
Como os leitores portugueses sabem e os de outras nacionalidades vão ficar a saber também, anda agora por aí uma polémica quanto à questão dos arrendondamentos nos empréstimos bancários concedidos para, designadamente, aquisição de casa, que os bancos (não confundir com bandos) portugueses fazem há anos, sempre a seu favor, como se compreende, aliás. Não?!?!
Tais arrendondamentos não terão sido autorizados por qualquer lei vigente, moritura ou nascitura.
Conluíu-se até que os lucros assim obtidos - nem me atrevo a afirmar se legítima se ilegitimamente, porque "eles" têm dinheiro que se farta para me processarem durante milhentos anos nos velocíssimos tribunais portugueses e eu não tenho assim tanto, nem uma ínfima parte, sequer, para que, nos mesmos tribunais, me possa defender eficazmente - são da ordem dos milhares de milhões de euros. Isto, entre 1995 e 2006.
Bem, o problema está a ser discutido por eles - que nós, embora lesados, não somos chamados a votar (é isto a actual democracia portuguesa, que já o foi apenas formal e, hoje em dia, nem isso...) - e, se houver vergonha neste rectângulo que não faz jus ao merecimento actual (porque está de pé, quando, para ser condizente com a realidade, deveria estar deitado ou de gatas, de preferência de traseiro bem alçado...) cada lesado irá ser ressarcido, consoante o seu prejuízo, entre um mínimo de 1.000 e um máximo de 5.000 €.
Para se avaliar bem da dimensão do escândalo, bastará que se pense na mais pequena daquelas quantias e se a multiplique por nunca menos de 4 a 5 milhões de contas bancárias.
Estou na expectativa. Com a esperança do cego, ou seja, a ver vamos...
* * *
Este assunto recordou-me um outro de que pessoalmente fui interveniente involuntário e fortemente lesado, sem direito a dar um chapadão em quem me veio aos bolsos com um descaramento inaudito. A história é bem ilustrativa...
Em 1996, mais precisamente em Outubro, comprámos casa nova, já que a velha era mesmo velha e com condições que já não satisfaziam o ego da família nem as reais necessidades do agregado, que era então avantajado e não apenas constituído por dois "velhotes" mais ou menos caturras, a Isabel e eu próprio, que já pouco ligam ao ego, seu ou alheio. Coisas boas que a idade transporta consigo.
Pois bem, ficámos a pagar o empréstimo por um período de 18 anos. Já lá vão 12. Não vou "dedar" o banco de que se trata, porque me parece que são todos iguais, louve-os Deus!
A determinada altura, mais precisamente em 2006, ou seja 10 anos após, fartos de pagar estupidamente uma prestação tão alta, que nos parecia exagerado manuseamento dos nossos bolsos - repare bem na força da expressão -, metemo-nos nos respectivos "pedibus" e, envergonhados por nos termos mostrado de tão lentinha compreensão, a medo, muito receosos mesmo, pois que nunca se sabe o que dali sai, abeirámo-nos da "caixa azul", a que dizem que temos direito, no tal banco e manifestámos a nossa insatisfação pela circunstância de estarmos a pagar uma prestação mensal verdadeiramente obscena, quando a poderíamos reduzir imenso, não somente porque o prazo podia ser alargado - a lei permitia-o - deixando de terminar aos 65 anos da Isabel, a mais nova, e podendo ir até aos 75 anos da mesma Isabelinha. E também havia a questão do spread. Estava a ser-nos contabilizada uma taxa de 1,5%, quando muitos outros bancos andavam, relativamente aos novos empréstimos, pelos 0,3%.
A medo, como atrás referi, de boné na mão e cajado bem recolhido, a limpar as botas cardadas no tapete, para não conspurcar as alcatifas, lá entrámos e, "respeitosos, veneradores e obrigados", demos os "b'dias" e, perante o sinal de que, enfim, por uma vez era-nos, a título muito sem exemplo, concedida autorização para entrarmos e sentarmos os traseiros remendados - mas asseados, hom'essa! - e disséssemos ao que íamos.
Tremebundos, lá dissémos, com meia dúzia de engasgadelas pelo meio.
E ao que íamos nós, afinal? Bem, ao certo, ao certo, não sabíamos. Porque quem sabe dessas coisas são Vocemecêses, com licença de Vocemecê que está aqui presente. Ao certo, pois, não sabemos. Apenas sabemos que, de joelhos, se for permitido a gente ajoelhar-se, vimos pedir que nos baixem o montante da prestação mensal, que nos parece muito alto e pouco justificado. Claro que nos apressámos a pedir desculpa pelo nosso parecer... não fosse o mafarrico tecê-las!
E, para nossa estupidificante surpresa, logo nos foi respondido que, quanto ao prazo, alargava-se por mais três anos, o que era uma benesse tremenda, dado que, assim, não terminaria apos 65 anos de idade da Isabel, mas sim aos 68. O facto de a lei prever que se pudesse alargar até aos 75 anos, era coisa a que não se devia dar grande importância. Era mesmo bom não dar, pois que nunca se sabe...
Claro que não demos!!! Então a gente é lá gajos para ir estragar uma conversita que começara tão auspiciosamente, só por uma questão de meia dúzia de "tustes"? "Semos" somíticos, ó quê? Não sei se estão a ver a coisa...
Portanto, não se fala mais nisso. Passemos ao assunto seguinte.
E o assunto seguinte era a questão do malfadado spread. Ok., ok., aqui também se dá um jeito. Vocês estão a pagar 1,5%, não é? Então a gente passa isso para 0,75% - tiramos, portanto, 50% - e não se fala mais nisso.
Confesso que, com a surpresa, o cajado me saltou da mão, indo estatelar-se no chão de mármore com grande estrondo, o que assustou muito a nossa interlocutora mas muito mais a mim e à Isabel, que nos acagaçámos como o catano com o susto dela, porque, julgo que sabem, nestas ocasiões, não é nada aconselhável que quem está do outro lado da secretária se assuste, porque pode até não gostar...
Portanto, ssssshhhhhiiiiiuuuu, Isabel, ssssshhhhhiiiiiuuuu, Alexandre. Tenham maneiras. E, claro, fizemos mesmo o tal ssssshhhhhiiiiiuuuu o mais silenciosamente que nos foi possível.
E o sacana do cajado já não foi levantado do mármore, para ali ficando abandonado à sua sorte. O sacripanta, hein?! Saltar assim da mão do pobre utente, sem pedir autorização nem nada, como se estivesse vivo e refilão, deixando o utente em tal aflição, que até lhe podia ter dado um "treque"!...
Mas onde ia eu?
Ah!, Sim... A divindade passou-nos, pois, o spread de 1,5% para 0,75%. E não se fala mais nisso! Pronto, não se fala mesmo mais nisso...
Mas o raio da Isabel, que nestas coisas de economia doméstica é refilona como o rai's qu'a partissem, já ia para abrir a boca, quando cá eu, rapidamente e aproveitando a circustância de a divindade ter voltada a cabeça para o outro lado, consultando o terminal do sistema informático, para ver se não teria, também ela, metido o pé na argola, logo lha tapei com a mão, impedindo, deste modo, que alguma tragédia se abatesse sobre as nossas cabeças.
Eu sei que a Isabel tinha razão e ia pugnar por uma maior e bem justificada baixa, pois que 0,75% continuava a ser mais do que o dobro do que grande parte dos bancos já praticava, ou seja 0,3%. Mas, perante a possível e previsível indisposição divina, achei melhor que recolhêssemos ao ninho, como passarinhos bem comportados e respeitadores da autoridade e não como passarucos mal-educados, que não respeitam nada nem ninguém, nem mesmo quem magnanimemente os protege de tantas intempéries. Sim, porque, contrariando bocas foleiras que por aí circulam, não é verdade que os bancos emprestem um guarda-chuva quando o dia está radioso e no-lo venham pedir devolvido quando começa a chover. Isso, meus senhores, são calúnias e aleivosias.
Assim sendo, nada mais havendo a falar, pelo que nos deu a entender a divindade, olhando para nós com alguma notória impaciência, pedimos licença para tirarmos os respectivos cus impróprios para tão esplêndidos assentos, e, obtida a permissão, lá nos levantámos e nos fomos despedindo num total de umas cinquenta e três vezes, com outras tantas vénias, enquanto nos retirávamos às arrecuas, em direcção da porta. Por acaso, não sei como é que a Isabel fez, mas, mesmo de costas e curvada para a frente, lá conseguiu acertar na porta.
Já eu não tive tanta sorte nem tanta destreza. Recuando muito a medo e com a preocupação das mesuras, inadvertidamente fui chocar o traseiro, com uma linda jarra que estava sobre uma mesa, decorativamente postada...
Nem queiram saber qual não foi a minha aflição!
Ao pressentir - mais do que a ver, porque estava ainda às arrecuas - que a jarra se ia despencar do tampo da mesa e saltar em direcção ao marmóreo chão, onde se desfaria em mil pedaços - triste e infeliz de mim!!! - tive, nesse momento o único lampejo de raciocínio rápido de toda a sessão, e, sem hesitar, atirei-me para o mármore, no local em que pressenti que a jarra iria cair.
Fui bem sucedido!!! A jarra salvou-se!
Era o que interessava. Salvou-se, não na minha mão, porque não a consegui agarrar, mas, tendo batido no meu corpo, acabou por chegar ao chão em segunda queda, esta muito mais suave, não só por ter sido por mim amortecida, como por, com o desvio sofrido, ter tido à sua espera uma bem acolchoada alcatifa.
E porque não a apanhei eu, depois de esforço tão inaudito? Porque, ao cair, no esforço para agarrar a jarra, bati com a omoplata direita na esquina de um banco que ali se encontrava, o que teve como resultado tê-la fracturado em dois sítios diferentes. Também, por força da queda, desloquei o ombro direito e, tendo batido forte com o peito no chão, igualmente uma costela flutuante "foi para o maneta".
Mas isso não interessa!
O que realmente interessa é que a jarra se salvou, bem como a disposição de ânimo da divina majestade. E, assim também, os ganhos que dali trazíamos.
Levantei-me, pois, pressuroso e, esquecendo as dores das fracturas e do deslocamento, mais a da costela que abalara para o maneta, corri pelo corredor fora, ganindo baixinho, com tudo isso me esquecendo de trazer o cajado jacente no chão que, por sorte, foi visto pela divina criatura.
Amavelmente chegou à janela e, gritando-me que não me esquecesse dele, atirou-mo, com o que me provocou mais uma fractura, esta craniana, com fortíssima concussão, de que estou ainda a tentar recuperar, como bem se nota, pelo desconchavo que é esta narrativa.
Chegados a casa, pudémos, enfim, descansar um pouco, passando de respiração galopante a ofegante e, 4 horas, 6 copos de água, 47 "valdisperts", 17 "lorenins" e uma caixa cheia de "prozacs" mais tarde, a normal.
Vimos, então, que as benesses obtidas não sendo embora grande coisa, correspondiam a um substancial ganho. E nem sequer quisemos apurar ao certo quanto recuperávamos relativamente aos generosos 3 anos de alargamento do prazo, quando poderiam e deveriam ter sido 13. Magnânimos, demos isso de barato.
Fizemos, no entanto, outras contas.
E, por elas, chegámos à conclusão de que só na diferença do montante do spread, ficámos a pagar menos 150€ mensais do que anteriormente.
E, curiosos dum raio, fomos mais longe e apurámos o montante que, em 10 anos, teríamos pago indevidamente, quando o que, com justiça, deveríamos ter pago era outro montante bem diverso. Não querendo ser injustos para quem para nós o é, resolvemos partir a coisa ao meio, ou seja, não fizemos os cálculos pela diferença maior, mas pela média baixa. E o resultado que nos deu foi que, em 10 anos, pagámos mais cerca de 10.000€ do que deveríamos ter pago. Isto, meus amigos, em 10 anos e num empréstimo total (na moeda actual) de menos de 100.000€.
Vale a pena dizer mais alguma coisa?
Sim, vale: apenas que o logótipo que embeleza este post é o da Caixa Geral de Depósitos, a tal que diz Scolari ser "Banco, banco é Caixa!", e não outro, pela simples razão de que era o mais disponível, de momento. Mas a regra é geral. Nada de criar ilusões.
Ah! Esquecia-me de um pormenor interessante e esclarecedor relativo à epopeia que acima narrei: é que a Isabel quer recarregar a argumentação e voltar ao ataque; tenho conseguido evitar tal temeridade, fingindo-me ainda muito combalido, em resultado das sequelas da aventura. Não sei quanto tempo conseguirei segurá-la com tais enganos, mas acho que é o mais avisado. Ignoro é qual vai ser a reacção dela, quando isto ler. E temo-a. Muito. ...
A Lista aqui deixada respeita a ordem de chegada à Tertúlia, no dia de hoje, primeiro de uma série que se quer prolongar pela Web e para além dela, pelo tempo de hoje e para além dele, per omnia saecula saeculorum.
É caso para dizermos que hoje já somos muitos, mas amanhã, seremos milhares de milhões e, connosco, o mundo ficará um pouco menos amargo, um pouco mais solidário.
Como dizem os brasileiros, a ideia não foi de jerico, não! ...
O Eduardo Lunardelli, de Piacaba, Santa Catarina, Brasil, e o Jorge Pinheiro, aqui dos arredores de Lisboa, na linha do Estoril, resolveram desafiar-se - e desafiar quem a eles se queira juntar - para que, mensalmente, ao dia 15, se reúnam em tertúlia virtual, de cada vez subordinada a um tema previamente anunciado, publicando no blog próprio de cada qual, um texto, fotos, imagens, seja lá o que for respeitando o tema de cada mês.
Nesta oportunidade, o leit motiv é “O melhor lugar do mundo”.
Confesso que, esquecendo, pelo menos por agora, que ninguém me tira da cabeça que o melhor lugar do mundo sou eu mesmo - porque é em mim que me encontro, sempre que regresso de qualquer lugar do mundo, real ou imaginariamente, porque é em mim que me realizo, muito embora não possa viver sem a envolvência que me rodeia e a circunstância que me norteia também - tentei escolher aquilo que considero, fora dos parâmetros acima delineados, o segundo melhor lugar do mundo. E confesso igualmente, que tive muita dificuldade em fazer uma selecção.
Na verdade, considero tarefa extremamente difícil valorar de modo exclusivo em relação a outros, um inigualável Tibete, o seu incomparável planalto desértico de centenas e centenas e centenas de quilómetros, a perder de vista, que percorri de “jeep”, em jornada de mais de quatro loucos e incríveis dias, sentindo-me anão perante tal grandiosidade e deslumbrado pela luminosidade de um sol quase nada filtrado a 5.230 metros de altitude, em que a cabeça nos volteia constantemente e os pulmões não deixam, a todo o tempo, de exigir que a inspiração lhes forneça mais oxigénio, para reforçar o pouco que a altitude deixa que lhes chegue em condições normais,
ou
o Nepal e os seus aromas característicos, a azáfama dolente das suas gentes, a sua filosofia de vida,
ou, por exemplo,
a enorme China, com as suas medidas não comparáveis com outras na Terra, as suas gentes, cuja simpatia merecia bem melhor sorte do que uma ditadura que se vai abrindo, mas que, ao mínimo sinal de simples aparência de vontade dos cidadãos de chegarem um pouco mais longe, logo se fecha sobre si mesma,
ou, também,
o extraordinário Vietname, de uma beleza campestre verdadeiramente cativante e de um anseio fortíssimo de se chegar aos seus parceiros mais desenvolvidos,
ou, também,
a Índia profunda, tão profunda que não a conseguimos inteligir, ainda que sofrivelmente, um mundo à parte, dentro deste nosso mundo,
ou, quiçá,
os muito orientais e absorventes Tailândia e Camboja, repletos de imensos tesouros de milénios passados a que as gerações actuais atribuem um valor que nós, ocidentais, imbuídos do espirito imediatista e mercantilista que nos enforma, na maior parte das vezes, muito raramente entendemos, os que entendemos…
ou, até,
os bem mais ocidentais México dos incríveis Maias e Aztecas e Mixtecas e… e… e…, Argentina e o seu renomadíssimo tango, as belíssimas pampas, os pecaminosos bifes de um país com 40 milhões de pessoas e o dobro de vacas, Chile e as suas amabilíssimas gentes e as suas paisagens de estarrecer e outros… tantos outros…
Assim, deixando-os todos em segundo lugar, e porque o melhor lugar do mundo, nesta perspectiva, é igualmente o lugar onde vou encontrar vestígios, memórias, conversas de hoje, em que se fala dos dias de ontem e, nelas, vêm à baila, por todo o lado, a chegada dos primeiros europeus, os portugueses – e quem mais poderia ser?!... - opto, nesta oportunidade, por dar realce, ainda que muito insuficiente, à cidade chilena de Punta Arenas, mais meridional do que quase todas, apenas um pouco menos do que a bem mais pequena e argentina Ushuaia.
E porquê Punta Arenas, a cidade da Patagónia chilena, capital da região administrativa de Magallanes y Antártica Chilena?
Porque ali ao lado está o Estreito de Magalhães, o ponto onde arribou o nosso navegador quando, ao serviço dos reis espanhóis, e a caminho das especiarias do Oriente, iniciou, verdadeiramente iniciou, a descoberta de novos caminhos marítimos para o mundo e, com eles, forneceu aos seus contemporâneos o conceito de “aldeia global”, hoje em dia tão propalado por outros, gente pouco avisada certamente, como descoberta recente e de rara felicidade... E, com essa descoberta, pôde realizar a primeira circum-navegação do nosso planeta e dar-nos o motivo de maior orgulho que um povo pode para si reclamar com toda a justiça.
Eis aqui, para o efeito desta tertúlia virtual de 15 de Julho de 2008, o meu melhor lugar do mundo.
Para que o viva também, embora não tão real, aqui ficam fotos e outras informações que julgo interessantes, contidas no post a que o link conduz.
Fotos:
. Vista geral de Punta Arenas
. No Canal Beagle, Avenida dos Glaciares, Nov.2004
1998, 50x70cm técnica mista, colagem e óleo s/tela
Isabel Magalhães
Click nas imagens,para ampliar
Sinceramente espero que a autora, minha blogamiga Isabel Magalhães, de blogs como o "Isabel Magalhães" e Oeiras local, não se amofine com esta publicação atrevida da sua obra.
Faço-o, porque muito gosto do quadro, entendendo que se trata de um belíssimo trabalho que merece ser glosado sob diversas cores e tons.