Os portugueses têm de salvar-se de si próprios, para salvarem Portugal

domingo, 4 de março de 2007

922. Vêm aí os chineses… (9) – Revisionismo histórico e saudosismos imperialistas

Adivinhem quem circum-navegou o globo oitenta e sete anos antes de Colombo e cento e catorze anos antes de Magalhães?», pergunta-se num site da Internet da agência noticiosa estatal Xinhuanet.
Resposta certa: «O almirante chinês Zheng He explorou o Ocidente em sete viagens realizadas entre 1405 e 1433, percorrendo 50000 quilómetros e visitando 37 nações». No final do Verão de 2004, mal se extinguira o eco dos festejos pelas vitórias olímpicas dos seus atletas em Atenas (a China ficou em segundo lugar atrás dos Estados Unidos), quando o governo de Pequim lança nos meios de comunicação social oficiais uma celebração anti-Colombo. Trata-se duma tentativa ambiciosa de reescrever uma história oficial demasiado eurocêntrica e, em simultâneo, de legitimar a nova vocação como superpotência a nível planetário demonstrada pela China.
A grande ofensiva contra os recordes do navegador genovês foi desencadeada pela entrada em campo pelo ministro da Informação,Xu Zuyuan: «O governo chinês atribui grande importância às comemorações dos seiscentos anos das viagens de Zheng He ao Ocidente». Xu dirige uma comissão governamental composta por quinze ministros, desde os Negócios Estrangeiros às Finanças, mobilizados para repararem as injustiças cometidas pelos historiadores ocidentais. Sucedem-se conferências e exposições, suplementos especiais nos jornais e concursos com prémios para comemorar a proeza. A televisão pública começa a transmitir uma série em episódios dedicada às façanhas do lendário almirante.
(…)
A importância desta personagem, na verdade, há tempos que também é conhecida no Ocidente. A mando do imperador Cheng Zu, uma frota de dimensões sem par no mundo zarpou em Julho de 1405 do porto de Suzhou, a «Veneza chinesa», próximo de Xangai. A sua missão oficial era o estreitamento de laços com países longínquos e a expansão do comércio de produtos chineses. Era comandada pelo eunuco imperial Zheng He, conhecido também pelo nome de infância de Sanbao (…). Às suas ordens encontravam-se 208 embarcações, com 27.800 homens a bordo. Os barcos de maiores dimensões tinham 146 metros de comprimento e 60 de largura: cada um podia transportar um milhar de passageiros, para além de dispor dos meios técnicos mais avançados para a época. Nenhum país europeu estava em condições de competir com a China de então pela qualidade daqueles nove mastros, das cartas náuticas e das bússolas de bordo.
Para além das tripulações e dos soldados, a frota de Zheng He transportavaum exército de cientistas e intérpretes, de médicos e de meteorologistas. A expedição de 1405 serviu para explorar os mares do Sul da China até à ilha de Java (Indonésia) e do Sri Lanka.
Para Zheng He, tratou-se apenas duma primeira prova. Ao longo dos vinte e oito anos seguintes, a Armada chinesa zarpou umas boas oito vezes em direcção ao Ocidente: do lémen ao Irão, da Somália a Meca, o império chinês alargou desmesuradamente os seus conhecimentos e a sua influência.
Um controverso best-selleranglo-americano, da autoria do historiador naval e antigo oficial da Marinha Britânica, Gavin Menzies, 1421: The l'ear China Discovered the World, (ed. Portuguesa da D. Quixote) sustenta que Zheng He não navegou apenas em direcção a Oeste, e que as suas façanhas foram ainda mais clamorosas que o que se julgava. Menzies afirma ter recolhido provas que demonstram que o eunuco almirante atingiu com a sua frota a América sessenta anos antes de Colombo ter desembarcado nas Caraíbas. Um forte argumento a favor desta tese,segundo Menzies, é a descoberta, por parte dos portugueses, em 1424, duma carta geográfica da América de origem chinesa (…).
As teorias de Menzies sofrem uma contestação tal que o governo de Pequim mantém uma distância prudente, embora simpatize com o perito naval anglo-saxónico. «A ideia de que os chineses tenham descoberto a América antes de Colombo», declara o ministro Xu, «encontra-se ainda dentro do âmbito da investigação académica, e até ao momento não se chegou a conclusões unânimes».
A questão de quem tenha de facto descoberto a América pode permanecer em suspenso. Aquilo que conta, actualmente, é a decisão do governo de Pequim de investir generosamente nas celebrações em honra de Zheng He «dentro do espírito do patriotismo, da amizade entre os povos e na navegação científica», nas palavras do ministro da Informação. «As suas viagens ao Ocidente demonstram que naquela época a China possuía a tecnologia mais avançada, e contribuem para recordar a sabedoria e a coragem do povo chinês em todas as épocas.» Os historiadores ocidentais não contestam o facto de que a China do século XV se encontrava mais avançada, quer em termos de desenvolvimento económico, quer em termos científicos. A descoberta orgulhosa das façanhas de Zheng He constitui também o reflexo da opinião que a China alimenta actualmente de si própria: da conquista do espaço aos recordes olímpicos, da modernização económica à invasão dos mercados estrangeiros, todas as metas se encontram ao seu alcance. Se nos anos 50 Pequim ambicionava assumir a liderança dos países do Terceiro Mundo na coligação dos «não-alinhados», hoje em dia compete na série A: o objectivo mais próximo é ultrapassar o PIB da Alemanha e do Japão, para em seguida apontar o alvo aos Estados Unidos.
(…)
Tal como na época do grande almirante, que viveu seis séculos atrás, a China mostra-se pronta a renascer enquanto potência naval, apagando séculos de humilhação e de subalternização relativamente aos «impérios marítimos», em primeiro lugar o britânico, depois do japonês e por fim o norte-americano. (…)
Da orgia de retórica destaca-se a voz sóbria do historiador Xin Yuan'ou da Universidade ]iaotong, de Xangai. A verdadeira motivação da primeira viagem de Zheng He, esclarece Xin, prendia-se com o facto de a dinastia Ming estar prestes a sucumbir sob o assédio terrestre dos exércitos de Tamerlão, o imperador turco-mongol que conquistara grande parte da Ásia. O almirante foi enviado por mar na busca desesperada de aliados que fossem em socorro do império chinês, então próximo do fim.
A sorte foi benévola com os Ming: Tamerlão morreu repentinamente em 1405, no momento preciso em que acabara de preparar os detalhes finais do plano de invasão da China. Apenas depois de ter sido liberto como por milagre da missão mais urgente de salvar o seu imperador, Zheng He usou a Armada naval para explorar o mundo sem objectivos de poder nem de lucro.
Federico Rampini, in Il secolo Cinese
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(continua)
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sábado, 3 de março de 2007

921. A China. De há meses para cá...

Sim, de há meses para cá tenho vindo a alertar para a realidade chinesa.
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Aquela de que foi possível aperceber-me, quando lá estive, em Novembro passado.
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Impressionou-me de tal forma que, desde então, tenho vindo a escrever posts sobre o assunto e a transcrever parte do livro O século chinês, do jornalista italiano, correspondente do jornal La Repubblica, em Beijing, Federico Rampini, livro que considero de leitura indispensável para quem pretenda perceber o que está a acontecer e não quer ser completamente surpreendido, quando os Jogos Olímpicos de 2008 acordarem para a realidade muita gente nos meios de Comunicação Social, que parece andar um tanto desfasada das realidades contemporâneas. Principalmente, as estações de TV portuguesas, entretidas que exclusivamente se mostram, com meras notícias de âmbito paroquial, de conteúdo ao nível das mais baixas comadrices.
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Parece que a realidade está a começar a surgir aos olhos de outros... Neste caso de Rui Teixeira Santos, no Semanário.
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(Com agradecimento à Sulista)
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920. Dever de cidadania

C ontestar fortemente e sem tréguas este governo constitui dever de cidadania.
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Dever de cidadania que não pode ser menosprezado, porque um tal governo, sob a capa de propaganda como nunca se viu em Portugal, está a enriquecer as "instituições" e a empobrecer cada vez mais os cidadãos.
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Acresce que está a tirar-nos a consciência de cidadãos de acções transparentes, ideias escorreitas e humanitarismo sem mácula.
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Contestá-lo com o maior vigor, sem um momento de pausa e por todos os meios disponíveis é dever de cada português ainda não alienado.

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919. Aldeia global portuguesa (4) – Nagasaki


D ata de 1543 a chegada dos primeiros navegadores portugueses ao Japão.
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Na verdade, Francisco Zeimoto, António Mota e António Peixoto, arribaram ao Japão por volta de 23 de Setembro de 1543, depois de desertarem da nau de Diogo de Freitas, no antigo Sião (actual Tailândia), e se terem feito ao mar a bordo de um junco, na intenção de chegar à China.
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No decurso de uma tempestade, porém, sofreram desvio que os levou ao arquipélago nipónico, mais propriamente à Ilha de Tamegashima, onde, pelo excelente acolhimento recebido, ofertaram ao respectivo governador uma arma de fogo, o que causou profunda admiração, uma vez que ali era desconhecida.
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Vinte e sete anos mais tarde, em 1570, os portugueses fundaram, na baía de Nagasaki, uma cidade a que deram o mesmo nome.
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Dela fizeram um empório comercial que, durante longo período, foi a porta de entrada para o Japão e a saída do país para o mundo exterior. Os portugueses fizeram chegar a Nagasaki e ao Japão muitos produtos europeus e chineses, até então desconhecidos dos habitantes daquela região do mundo.
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Em 1639, após uma reacção japonesa, desencadeada a partir de 1637, os portugueses acabaram por ser expulsos, e, logo de seguida, outros marinheiros e comerciantes, europeus e asiáticos, que entretanto haviam chegado, o foram também.
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Com o decorrer do tempo e com o desenvolvimento do país, Nagasaki foi perdendo a importância inicial.
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Voltou a ser notícia de primeira página apenas no século passado e por más razões. Em 9 de Agosto de 1945, os americanos nela lançaram a segunda bomba atómica deflagrada em todo o mundo (a primeira foi-o em Hiroshima, três dias antes) na intenção de liquidarem a persistente resistência nipónica, no final da II Grande Guerra Mundial.
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No momento do impacto, morreram cerca de 40.000 pessoas e, vitimados pelos efeitos secundários que ainda hoje, mais de sessenta anos passados, se fazem sentir, outras cerca de 25.000.
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Actualmente tem cerca de 450.000 habitantes. Situa-se na Ilha de Kyushu, na região sudoeste do arquipélago nipónico.
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sexta-feira, 2 de março de 2007

918. A aventura do avô...

E, agora, toca a rir mais um bocadinho, muito embora tenha já, com toda a certeza, rido um bom pedaço, com o post anterior...
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A família estava à mesa a almoçar.
Os garotos resolveram gozar com o avô e meteram-lhe viagra no café.
Passados uns minutos, o avô levanta-se e anuncia que precisa de ir ao WC.
Quando regressa, tem as calças ensopadas...
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- Que é que aconteceu, avô?
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- Sinceramente não faço ideia... Sei que precisei de fazer xixi, pelo que tirei a pila para fora. Quando, porém, vi que não era a minha, voltei a pô-la para dentro... Foi só isto!
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917. Portugal, país do espanto geral!

Foto SIC

1º facto -
Nas cidades, nas vilas, nas aldeias e agora até na capital tem-se assistido a inúmeras e grandiosas manifestações populares contra as políticas do governo. Nunca mesmo se viu coisa assim!...
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2º facto -
Enquanto decorre o facto 1º, as empresas de sondagens, com destaque, merecido, aliás, para a Eurosondagem, de Rui Oliveira e Costa, conhecido militante socialista, atribuem, depois de aturados trabalhos de campo, cada vez maior percentagem de intenções de voto no PS. E menos nos restantes partidos, claro.
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Isto são apenas factos. Desta vez não comento.

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quinta-feira, 1 de março de 2007

916. Manuel Bento, o guardião do templo

Morreu o antigo guarda-redes do Benfica Manuel Galrinho Bento. O ex-guardião morreu esta quinta-feira aos 58 anos.

TVI
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Foi dos grandes guarda-redes que o Sport Lisboa e Benfica, meu clube de sempre, já teve. Foi, sem desmerecimento para todos os restantes, a par de Michel Preud'homme, o que, entre os postes, melhor soube sempre colocar-se.

Apesar da altura - para guarda-redes, não era mesmo nada alto - saía muito bem aos cruzamentos e até o seu conhecido temperamento fez dele figura ímpar em várias equipas do Benfica, porque esse seu temperamento mexia com os companheiros, a todos galvanizando.

Considero-o, a par com o belga Michel Preud'homme, o melhor guarda-redes que o SLB teve desde sempre. Acho, no entanto, que era superior ao Michel num aspecto que, curiosamente, hoje se perdeu muito nos guarda-redes, mas que nele sempre foi uma constante e que muito contribuíu para grandes vitórias da sua equipa e da selecvção nacional, onde brilhou a grande altura também.

É que Manuel Galrinho Bento tinha uma característica inconfundível: repunha a bola em jogo, assim que esta lhe chegava, sem demoras. Fazia-o invariavelmente à mão, e na direcção do companheiro em melhor posição no terreno com tal potência e precisão que logo transformava a jogada em situação de perigo para a baliza do adversário.

Neste aspecto foi absolutamente inigualável. E pena tem sido que nenhum dos seus sucessores o tenha conseguido imitar.

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915. A ONU e as "salas de chuto"

Segundo noticiam TSF, Diário de Notícias e Primeiro de Janeiro, as "salas de chuto" - recordam-se de que políticos tanto têm defendido essa solução idiota para Portugal? - foram agora apontadas como altamente inconvenientes pelo Órgão Internacional para o Controlo de Estupefacientes (OICE), organismo dependente da Organização das Nações Unidas (ONU), por violarem as regras internacionais que determinam que as drogas apenas deverão ser usadas para fins médicos e científicos.

Pois imagine que o Presidente do Instituto da Droga e da Toxicodependência se mantém firme na "esclarecida" opinião de que tal "não é motivo bastante para o instituto abdicar de uma ideia que tem defendido"(http://news.google.com/). E, ao que parece, a Câmara Municipal de Lisboa vai insistir na criação de tais aberrações.

É. Cá estamos nós, uma vez mais, no pelotão dos países "prá-frentex".

Curiosamente, do que vem lá de fora, apenas copiamos o que, na verdade, não presta e se mostra cretino e atentatório dos valores humanos mais impostergáveis, nuns casos, ou de uma correcta posição perante desvios comportamentais graves, em outros.


Mas será que jamais nos livraremos desta comandita que nos destrói o corpo e nos corrói a alma?

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914. Aldeia global portuguesa (3) – Tibete

O Tibete, então um reino, foi descoberto para o Ocidente pelo padre jesuíta português António Andrade, natural de Oleiros, onde nasceu em 1581.
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Partindo de Agra, na Índia - onde estava na sua qualidade de missionário - acompanhado de um irmão de sangue, Manuel Marques, chegou ao planalto do Tibete em Agosto de 1624....

Tratava-se da segunda tentativa, uma vez que no decurso da primeira, em Março do mesmo ano, sofrera tormentos indescritíveis, pelo que se vira forçado a dá-la por finda a meio, devido a graves problemas de saúde, resultantes do facto de ter partido sem indumentária adequada e mesmo sem quaisquer provisões.
......
Por mais de três semanas permaneceu em Chaparangue ou Saparango, capital do reino de Coque ou Guge, tendo desfrutado do bom acolhimento do respectivo rei.

Faleceu em 1634, vítima de envenenamento.

Actualizado em
27 Abril 2008

À data em que o jesuíta de Oleiros e o irmão chegaram a Saparango, o rei de Guge e o irmão, chefe do Budismo local encontravam-se em disputa pelo Poder efectivo do reino.

Então, o rei de Guge, para melhor afrontar o irmão, recebeu os dois portugueses com muitas honrarias e resolveu adoptar a religião que lhe era trazida por aqueles.

Tudo isto agravou imenso as relações entre a Igreja e o Estado, pelo que o confronto físico se tornou inevitável, iniciando-se, pois, uma sucessão de acontecimentos sangrentos que levaram à destruição de Saparango e consequente queda de Guge, tanto porque o chefe dos budistas acabou morto num desses confrontos , como porque as lutas enfraqueceram todos de tal modo que a reversão da situação se tornou inviável, também resultante de outra circunstância muito determinante àquelas altitudes, ou seja, a falta de água que fez perder terrenos de cultivo e, portanto, de meios de subsistência humana.

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Adenda - Este post foi novamente actualizado, com o post 2703. Aldeia Global Portuguesa - Tibete (adenda)

Click em todas as fotos, para ampliar

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quarta-feira, 28 de fevereiro de 2007

913. Dance - Jean Jacques André

Este resumo não está disponível. Clique aqui para ver a mensagem.

912. Alguém que acuda ao homem, caramba!

Lá está ele, uma vez mais, no hemiciclo, em imensa gritaria.

Será que não é capaz de discursar sem gritos? E sem aquela gesticulação... tão convincente!?... Sem aqueles tiques!?...

Já sabemos que nele é habitual tal estilo. Mas será que ainda ninguém foi capaz de dizer-lhe que o estilo é mau e faz reviver tempos que ninguém quer ver repetidos?

Aquele tipo de gritaria, não sendo próprio de uma câmara de deputados, representantes da nação eleitoral, fica-lhe mal e faz-lhe mal.

Porque, ao gritar daquela maneira, irrita quem o ouve e não ganha razão. Será que nunca lhe terão dado a saber a verdade elementar, básica mesmo, de que quem tem razão não precisa de gritar para se fazer ouvir? E que só grita a sua razão quem razão não tem?

Para além disso, com as veias a entumecerem daquela forma, ainda lhe dá um "treco". E, com as urgências hospitalares a minguarem a olhos vistos com a excelência da política do seu camarada do pelouro respectivo, não sei não... Ainda nos arriscamos a ter um desgosto profundo.

Mas hoje, particularmente, as coisas não lhe estão a correr lá muito bem. O discurso está a sair aos repelões (o que já é habitual), mas com muitos engasganços (o que já o não é muito).

Talvez se trate de um problema de discurso lido apressadamente e não suficientemente decorado (onde é que está o ponto electrónico, onde?).

Pois se até já chamou duas vezes de "director-geral" e outras tantas de "secretário-geral" à entidade que diz que vai pôr a coordenar as forças de segurança... Em que ficamos, afinal? Bem. pelo menos sabe que é "geral". Francamente, também não se pode saber tudo!

Aqueles gritos...

Cá para mim, tanta gritaria nem o deixa pensar em condições.

Estou mesmo a ver que, se tivesse barba ou, sei lá!, bigode, os arrancava aos repelões, tal a gana com que está aos deputados que se atrevem a questioná-lo... a ele, o deus no Olimpo, perdão, no hemiciclo. Hemiciclo que, aliás, não está à sua altura, é fatalmente pouco. Para tal personagem, só um ciclo poderá servir. "Hemi" é muito pouco, não é verdade, caro Eça?
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terça-feira, 27 de fevereiro de 2007

911. Que choldra!

Caro Eça,
Quer saber? Portugal continua a choldra que escreveu ser no teu tempo. Estou mesmo em crer que piorou. E muito.
Será que "isto" tem remédio?
Abraço
Ruben
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(Choldra - salgalhada, confusão de gente ordinária, mixórdia)
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910. A Comunicação Social que temos


A Comunicação Social que temos é bem a Comunicação Social que temos. Ponto final. Parágrafo. Requiescat in pace.
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Podia ficar-me por aqui. No entanto, é bom que continuemos a chamar os bois pelos nomes.

Pois bem:

Dias atrás, em entrevista de corredor, Francisco Pinto Balsemão, referindo-se às estações de TV portuguesas, portanto à dele também, certamente, afirmava mais ou menos isto:


- As nossas TVs estão bem, excepto no que se refere ao noticiário internacional, que dão pouco.


Descontando a afirmação (que seria surpreendente partindo de Francisco Pinto Balsemão, jornalista, mas que já não surpreende tanto, partindo de Francisco Pinto Balsemão, empresário e dono da Sic) de que tudo está bem com as TVs portuguesas, porque, pelo contrário, tudo está mal, com programas de uma pobreza franciscana, sem conteúdo que se veja e de uma assombrosa indigência mental, concordo com Balsemão quando diz que elas, as TVs, dão pouco noticiário sobre o que se passa no mundo.


E vou mais longe. Não dão pouco. Dão... nada. É, na verdade, espantoso como conseguimos ter os maiores noticiários do mundo, em termos de duração, e, ainda assim, não consigamos saber o mínimo dos mínimos do que se passa no planeta.

No tempo da II República, também chamada de Estado Novo, dizia-se que estávamos sós no mundo. E agora, em pleno regime dito democrático?

Se quero saber o que vai lá por fora (na tal aldeia global que o é para todos, menos para as TVs portuguesas), vejo a CNN, a BBC, a TVE ou até mesmo a Al-Jazeera, leio os jornais estrangeiros online ou navego pelos blogs. Através das TVs portuguesas é que não vale a pena. É um verdadeiro deserto. De ideias, de competências, de tudo, afinal.

Imagine-se que dão, como disse atrás, mais de 60 minutos em cada noticiário (da hora do almoço e da hora do jantar) e, desses bem mais do que 60 minutos, a maior parte das vezes não chega a 5 minutos, em cada um, o tempo que é dedicado a notícias vindas do estrangeiro.

Verdadeira mentalidade aldeã (closed mind, sim) tem a nomenklatura portuguesa ao nível televisivo!

E o que é curioso é que, noutros tempos, quando para se ser jornalista nem era preciso ter curso superior, havia mais espírito aberto para o exterior. Hoje em dia é o que se vê. Chauvinismo estúpido. E tanto mais estúpido quanto é certo que assenta em nada. Nada mesmo.

Temos, pois, TVs de índole paroquial. Melhor dito, de nível de comadres. Não têm âmbito mais alargado do que o de qualquer “vila maria”, das que antigamente havia espalhadas pelos bairros de Lisboa, em que as notícias que as pessoas recebiam se limitavam ao recinto onde viviam em comunhão, isoladas do resto da cidade, do próprio bairro.

O que se vê e ouve, pois, nos noticiários televisivos, circunscreve-se a um âmbito territorial contido num diâmetro de umas dezenas de quilómetros. E, mesmo assim, fica-se pelas “comadrices” todas, notícias que a mais ninguém interessam a não ser a, talvez, metade da população do bairro em que se verificam os acontecimentos. E nisto estamos. São raríssimas as notícias que dão, mesmo de âmbito interno, que interessem a mais do que duas dezenas de pessoas.

Àquela surpreendente frase de Balsemão – e surpreendente porque está nas suas mãos “dar a volta ao texto” já que tem o poder e foi precisamente a TV dele que entrou por esse campo, muito embora até já tenha sido ultrapassada – juntou-se ontem uma outra de um amigo meu, setubalense open mind, preocupado com a sua terra, mas não apenas com ela, que se lamentava para mim pelo facto de “os meios-audiovisuais não tirarem partido da nossa história tão rica e bela”. Isto, no seguimento e a propósito de dois posts que publiquei sob o título genérico “Aldeia global portuguesa”, um dedicado à Ilha de Tristan da Cunha e o outro a Punta Arenas.

Não há que estranhar, caro amigo António Alves. As coisas são assim mesmo. A partir do momento em que os jornalistas são licenciados, mas mais ignaros do que antes, tudo é de esperar.

O melhor é enchermo-nos de paciência e - para não estragarmos os nossos dias, assim que começarem os chamados noticiários televisivos portugueses - corrermos a mudar de estação ou irmos para a Net, em busca de noticiários que não agridam qualquer inteligência mediana.


Quanto ao aproveitamento das virtualidades da diáspora portuguesa, não há que esperar seja o que for cá dentro. Tirando os programas de José Hermano Saraiva, cá pelo burgo, que muita gente dita erudita contesta mas que não se vê que algo faça de melhor, nem sequer de parecido, e alguns timoratos e mal amanhados afloramentos, aqui e ali, como foram os do “bloquista” Miguel Portas, aqui há uns anos, a desertificação mantém-se.


No mais? Viver um dia a seguir a outro, esperando que a crise passe…


Por mim, é o que faço. E vou, também, prosseguir com a publicação, tanto quanto possível regular, de episódios da "Aldeia Global Portuguesa".

Se cada qual se dispusesse a fazer o que está ao seu alcance, certamente que nunca teríamos deixado de ser um grande país em que valesse a pena viver. Sem desgosto.

segunda-feira, 26 de fevereiro de 2007

909. Aldeia global portuguesa (2) - Punta Arenas


Se lhe agradou a sugestão que lhe dei no post 907, então deixe que, dentro do mesmo espírito, lhe sugira agora que se interesse igualmente pela história de Punta Arenas, cidade meridional, da Patagónia chilena, na região de Magallanes, ali mesmo ao lado do Estreito de Magalhães, que o nosso navegador atravessou, por volta de Novembro de 1520, tendo aportado a um local de “puntas arenosas” ousandy point”, onde se abasteceu de água, antes do início da longa travessia do Pacífico.

Na região está mesmo assinalado com uma placa, o local, numa pequena colina, a que se deslocou um português, de apelido Alves, que seguia na expedição de Magalhães, com o objectivo de verificar se a baía em que se encontravam tinha saída para o mar, do lado ocidental. O compatriota de Magalhães voltou ao navio com a informação de que não se avistava qualquer saída, mas o navegador teve a percepção de que sim e, por isso, ordenou que se seguisse em frente, acabando por chegar a um enorme Oceano que baptizou de Pacífico, pelo contraste que encontrou entre o que dele se dizia e a calmaria que se lhe deparou.

Mais tarde, no local estabeleceu-se uma pequena povoação, de nome Punta Arenas, onde uma significativa comunidade de portugueses se estabaleceu, tendo tido uma influência decisiva no desenvolvimento da região.
, tendo ...
Se quiser, procure mais notícias na Radio Magallanes ou no jornal La Prensa Austral.
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Fernão de Magalhães tem, no centro da cidade, no local mais destacado, um belo conjunto escultórico perpetuando o seu nome e o feito que o tornou conhecido.
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Mas também outro português teve grande influência em Punta Arenas, de que ele e a mulher, Sara Braun, foram expoentes máximos: José Nogueira.
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José Nogueira foi um dos grandes proprietários de Punta Arenas, tendo construído, em 1890, no centro da cidade, na praça mais importante, uma enorme mansão, onde hoje funciona o Hotel José Nogueira. Mas não se ficou por aí. A obra dele na região é vastíssima.
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No mesmo edifício está igualmente instalada a Casa-Museu Sara Braun, que foi residência do casal. Sara Braun sobreviveu ao marido e, após a morte deste, mandou construir, a inteiras expensas suas, um enorme cemitério que passou a ser pertença da cidade, com uma particularidade, que Sara deixou em testamento.

Consistia
ela em que o último cadáver autorizado a passar pela porta principal do cemitério seria o dela. Todos os posteriores teriam que entrar por portas laterais, de menor importância. E assim se fez…

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Além destes links, que lhe indico, procure outros, a partir de um motor de busca, em “Punta Arenas”, “Hotel José Nogueira”, “Casa-museo Sara Braun”, “Estreito de Magalhães” e tudo o mais que a sua imaginação lhe ditar.

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Vai certamente deparar com coisas que jamais imaginara.

Este mundo é realmente uma aldeia global, graças ao aventureiro e empreendedor espírito português. De antigamente, claro está. Infelizmente.

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Mas o espírito não se perdeu. Está apenas adormecido, esperando que a crise de liderança passe, para que ressurja em todo o esplendor. Algo me diz que assim há-de cumprir-se.
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Pode crer que estas idas ao passado constituem um refrigério para a alma, um retemperador de forças e um renovador de confiança no futuro deste povo, que não pode continuar ad aeternum nesta mediania embrutecedora.
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908. Virgem com o Menino

Virgem com o Menino
Hans Memling
c. 1485, óleo s/madeira
Museu Nacional de Arte Antiga, Lisboa
proveniente do Convento de Jesus, Setúbal
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907. Aldeia global portuguesa (1) – Tristão da Cunha


Com cerca de 300 habitantes, Tristan da Cunha é uma ilha situada no Atlântico Sul, a mais remota a nível mundial (37° 06' S, 12° 18' W). Foi descoberta em 1506, pelo navegador português Tristão da Cunha, quando se dirigia a caminho da Índia.

Ligar-se a Tristan da Cunha, através de Web, será uma forma de se ligar um pouco ao nosso passado aventureiro e glorioso, por forma a dele retirar alguns ensinamentos e conclusões que o/a ajudem a libertar-se da vil tristeza em que ora nos atolamos.
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Existe em Tristan da Cunha um jornal online, o Tristan Times de que você pode receber regularmente uma newsletter, se, para isso, se inscrever no site respectivo.
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Saiba também um pouco mais do descobridor da Ilha.
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Tristão da Cunha, (1460-1540), navegador português, foi proprietário, em Azeitão, entre Aldeia Rica e Oleiros, da Quinta da Torre (não confundir com Quinta das Torres, também em Azeitão, mas esta entre Vila Nogueira e Vila Fresca), foi o primeiro vice-rei da Índia, nomeado em 1505, pelo rei Manuel I, não tendo, porém, chegado a ocupar o cargo.
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Vale a pena estar em contacto com pontos do planeta (e suas gentes) de que os portugueses de antanho deram testemunho.
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Há mais terras e mais gentes. De algumas delas falarei proximamente.
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906. Carta aberta ao ministro da saúde

Em 24 Fevereiro 2007, Professor Catedrático jubilado, do Instituto Superior Técnico, António Brotas, endereçou ao Ministro da Saúde, a seguinte carta aberta:

Exmo Senhor Ministro da Saúde,

Quando tinha 8 anos parti um braço. Um soldado da Guarda Republicana pegou em mim ao colo, correu até ao quartel, e levaram-me ao hospital num carro não sei se da instituição se de algum oficial.

Lembro-me sempre deste episódio quando tento imaginar o que pode fazer hoje uma família sem carro numa aldeia, numa vila, ou mesmo numa cidade sem urgências médicas, quando um filho tem um acidente. Em situações de excepção, e depois de não conseguir outras ajudas, penso que deveria poder pedir auxílio à Guarda Republicana, ou à PSP. São instituições nacionais que dispõem de viaturas e de meios de comunicação. Custa-me imaginar a situação de uma família aflita com um carro da GNR, ou da PSP, a passar perto sem fazer nada. Sugiro que tenha uma conversa com o Ministro da Administração Interna para ele sensibilizar a GNR e a PSP para situações deste tipo.

A dificuldade está em definir as situações de urgência e excepção. Tenho presentes as palavras de V. Exª quando disse na Televisão que 80% dos casos das pessoas que acorrem às urgências dos hospitais não se justificam. O problema está em que, em muitos casos, só depois de ir às urgências se sabe que a situação o não justificava.

Sugiro, assim, a V.Exª. que organize um serviço nacional contactável telefonicamente a qualquer hora do dia ou da noite, que informe, aconselhe e acompanhe as pessoas que pensam ir a uma urgência.

A família de uma criança que parta um braço, por exemplo, entre Valença do Minho e Monção, receberá o conselho de seguir para Monção. Mas, se a criança tiver batido com a cabeça e estiver com vómitos, receberá o conselho de seguir directamente para Viana do Castelo e o serviço alertará imediatamente o hospital para o caso urgente que vai chegar.

No que diz respeito ao transporte, o serviço providenciará que chegue ao local o transporte mais adequado podendo, nos casos urgentes, pedir a ajuda da GNR e da PSP. Em qualquer caso, uma vez contactado, o serviço ficará a acompanhar o problema.

As pessoas numa situação difícil saberão, assim, que o seu caso não está a ser ignorado. Penso que não será difícil a criação de um serviço com estas funções, que será certamente mais barato e mais imediatamente benéfico para as populações do que a melhoria da rede rodoviária com que o Ministério espera poder vir a atenuar os inconvenientes da supressão de várias urgências.

Permito-me falar num outro assunto.

Eu não sou só um especialista em braços partidos. Também o sou em tuberculose.

No meu último ano de professor, quando tinha 69 anos e pensava ir numa missão a Timor, apanhei uma tuberculose.

Só o soube por acaso. Num dia em que estava com alguma tosse cuspi um pouco de sangue. Fui ai Hospital de São José onde consideraram que devia estar com um princípio de pneumonia e me receitaram um antibiótico. Por uma questão de precaução, aconselharam-me passar no serviço de combate à tuberculose que havia então na Praça do Chile para fazer uma análise. Assim fiz e, uns dias depois, quando já me sentia inteiramente bem, recebi um telegrama com a notícia do resultado da análise ser positivo. Tive de seguir um rigoroso tratamento diário de antibióticos durante 6 meses. Assim, sei algumas coisas sobre o assunto.

Lembro-me de um dia a médica me dizer: "Duas mil pessoas com tuberculose em Lisboa não é grave, mas 15 com bacilos resistentes é terrível". Os sanatórios do Caramulo, que existiam desde o tempo da Rainha Dona Amélia, foram todos encerrados. A decisão parece ter sido de economistas que julgaram que a tuberculose ia acabar.

O País não tem, assim, condições para oferecer um tratamento em regime de internamento a doentes em condições económicas difíceis.

Uma imagem que guardo é a de um cabo-verdiano, trabalhador da construção civil, desempregado, tuberculoso, com 55 anos e a parecer 65, avô, que vivia com os netos numa barraca. Em qualquer lugar de uma Europa minimamente civilizada, que mais não fosse por razões de economia, ser-lhe-ia oferecido um período de internamento numa instituição em que pudesse ser tratado sem contagiar os netos, e pudesse, eventualmente, seguir cursos de formação e reciclagem, como é corrente, por exemplo, em França. No caso dos doentes com bacilos resistentes, a estadia em sanatórios devia ser fortemente aconselhada, para seu bem e para não contagiarem a comunidade a beber galões nos cafés de Lisboa. O Presidente Jorge Sampaio, hoje responsável à escala internacional pela luta anti-tuberculose, ainda pode aprender muito em Lisboa.

Fiquei com um grande respeito pelas pessoas do centro que funcionava na praça do Chile, que tudo faziam para que os doentes seguissem a medicação diária. Mas o seu trabalho foi dificultado. O Hospital de Arroios foi vendido a privados pelo Ministério da Saúde, creio que numa altura em que V.Exª. era ministro, antes mesmo de se saber para onde iria o centro que nele estava inserido, que acabou por ir para a Av. 24 de Julho, onde não há metro e é bastante mais difícil os doentes irem tomar a medicação diária.

O Hospital de Arroios era um edifício indicado para nele instalar um hospital para doentes já convalescentes, ou em situação terminal, em que já pouco há a fazer e a preocupação deve ser a de lhes facultar, a eles e às famílias, algum conforto.

Um amigo meu, o escritor Raimundo Neto, demorou 15 dias a morrer no Hospital de São José, um hospital bem equipado, onde o trataram com todo o afecto, mas onde já nada podiam fazer por ele. No Hospital de Arroios podia ser também instalada uma urgência para casos não muito graves, mas urgentes, como é o caso dos miúdos com braços partidos. No caso de se revelarem graves, de lá seriam encaminhados para os hospitais especializados.

Como cidadão e potencial utente dos hospitais, sinto-me prejudicado com a sua venda. Em qualquer caso, os que a aconselharam foram maus economistas. Já me chegou a notícia de que os privados que o compraram o terão revendido em menos de dois anos com 100% de lucro.


António Brotas
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domingo, 25 de fevereiro de 2007

905. Aborto a simples pedido da mulher

O noss'primêro insistiu - na campanha pelo aborto livre, com especial ênfase a três e dois dias da votação - na necessidade que tínhamos de alinhar pela modernidade, ao lado dos países mais desenvolvidos da Europa a que pertencemos.
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Pois bem, volto ao assunto, para que fique tudo bem claro. E não em águas pútridas como é habitual.
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Vejamos, então, o que se passa na Europa, a nível de aborto livre a mero pedido da mulher.
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Apenas admitem, ou vão admitir, aborto livre, portanto a simples pedido da mulher, sem mais razões, os seguintes países (à frente a indicação do limite do prazo de gravidez, para a intervenção):
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10 semanas - Portugal e Eslovénia
11 semanas - Estónia
12 semanas - Dinamarca, Rep. Checa, Áustria, Eslováquia, Hungria, Roménia, Bulgária, Grécia, Letónia e Lituânia.
13 semanas - Holanda
18 semanas - Suécia
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Ressaltam destes dados, que são fiáveis e concrectos, várias conclusões:
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1. Dos países com os quais temos maiores afinidades e características comuns, ou seja, Espanha, França e Itália, nem um admite o aborto a simples pedido da mulher;
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2. Além destes, também Irlanda, Reino Unido, Bélgica, Finlândia, Alemanha e Polónia, não admitem tal possibilidade;
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3. Pondo de parte Holanda (13 semanas - que todos sabemos a bandalheira que é em termos de sexualidade, digo bem de sexualidade e de droga, bem como de família estruturada), Suécia (18 semanas - cuja taxa de suicídios é a mais elevada do Mundo, por alguma razão, se bem que não apenas por esta... mas também por esta certamente) e Dinamarca (12 semanas - igualmente extremamente liberal nestes assuntos e pertencendo a outro tipo de sociedade que não a nossa nem dos países mediterrânicos ou latinos), Áustria (12 semanas - não está na linha da frente dos países desenvolvidos), e Grécia (12 semanas - que há séculos não é exemplo para ninguém), apenas estão connosco os países constantes do ponto 5.;
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4. Nenhuma das potências europeias, desde as democracias mais antigas às mais recentes, se encontra no rol dos países que conferem à mulher - e a ela só - o poder de decidir discricionariamente sobre a morte do filho que traz no ventre;
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5. Ficamos na companhia de Rep. Checa, Eslováquia, Hungria, Eslovénia, Roménia, Bulgária, Estónia, Letónia e Lituânia, que herdaram a sua situação, também nesta matéria, da extinta URSS, que, como bem sabemos, não primava pelo respeito pelos direitos humanos. Estão, pois, amarrados ainda a uma herança a que não tiveram capacidade para renunciar na totalidade ainda.

6. Se retirarmos da lista "dos qe vão ficar connosco" os antigos países de Leste, os tais, o resultado que se verifica é que, dos que antes já faziam parte da UE, apenas Holanda, Suécia, Dinamarca, Áustria e Grécia, na verdade, estão connosco, ou seja, países com os quais não temos a menor afinidade, como é sabido;

7. Não querem, pois, estar connosco
Espanha, França, Itália, Irlanda, Reino Unido, Bélgica, Finlândia, Alemanha e Polónia.
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Significa isto que, além de ficarmos em dissonância relativamente aos países e povos com quem mais nos identificámos como povo, ao longo de toda a nossa milenar História, o grosso da coluna dos países com que agora passamos a identificar-nos são - com respeito se afirma, mas são-no na verdade - resultado da desagregação de um regime totalitário - o mais opressivo de quantos já se conheceram - para o qual os direitos humanos eram letra morta.
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Estamos, pois, em vias de descaracterização, relativamente ao espaço social em que se inserem os que nos são semelhantes e fomos levados a aderir a quem nada tem que ver com a nossa ídiossincrasia e história.
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A isto nos trouxe Sócrates, cantando e rindo. É também e principalmente por isto que a História o julgará. Severamente. Tardará, talvez, mas não faltará.

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É. Quando se analisam as coisas, à luz das evidências dos números e dos factos concretos, com estudo, sem demagogias nem inverdades, facilmente se chega à conclusão de que nem Sócrates consegue iludir o algodão. Sim, porque, na verdade, o algodão não engana. Nem se deixa enganar.
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904. Shangai - 29

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903. Shangai - 19

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Como se pode ver, há sempre arvoredo e manchas verdes ao redor dos arranha-céus.
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902. Sócrates assusta-se e Correia Campos recua

Sob o título de capa

CORREIA DE CAMPOS
RECUA NAS URGÊNCIAS


publica o Diário de Notícias de hoje, a seguinte "cacha":


Recuo do ministro deixa autarcas a clamar vitória

Pedro Correia

No mesmo dia em que se reuniu com um "preocupado" José Sócrates para analisar a escalada de protestos contra o encerramento de serviços hospitalares de urgência a nível nacional, o ministro da Saúde, Correia de Campos, fechou negociações para a celebração de protocolos com os presidentes de seis municípios afectados. O protocolo, ontem assinado em Lisboa, deixou os seis autarcas "muito satisfeitos", conforme confessaram aos jornalistas. E parecem ter boas razões para isso: não só as urgências não encerram em Cantanhede, Espinho, Fafe, Macedo de Cavaleiros, Montijo e Santo Tirso como o Ministério da Saúde acaba de dar ainda mais garantias do que os autarcas esperavam à partida: além de se manterem as urgências, ampliam-se os horários de funcionamento dos centros de saúde e colocam-se viaturas especializadas em atendimento urgente à disposição dos municípios.

Em declarações ao DN, Correia de Campos confirmou ter estado reunido com o primeiro-ministro, entre o meio-dia e as 13 horas de sexta-feira, para debater a questão dos protestos, admitindo que o assunto "preocupa genericamente" não só José Sócrates como a ele próprio. Mas o ministro desmentiu que o chefe do Governo tenha assumido directamente o controlo da situação, como ontem noticiava o Público: "Estou tranquilo. A questão da confiança política não se põe."
(...)
(Diário de Notícias)
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Talvez que, finalmente, o noss'primêro comece a convencer-se - e convença os respectivos ajudantes - de que Portugal e os portugueses não são chão vindimado que possa ser atravessado à Lagardère.

E, menos ainda, couto privado, em que o proprietário faz o que muito bem entende, achando que não tem quaisquer contas a prestar seja a quem for.

Talvez que, finalmente, comecem a convencer-se de que as pessoas são indivíduos com direitos, que é preciso respeitar, não podendo ser tratadas como coisas inanimadas, sem alma e sem vontade.

Parece começarem a compreender, mas apenas depois de terem sido empreendidas iniciativas populares mais firmes e de real ameaça.

Infelizmente, em Portugal é assim. Só à bruta as coisas são compreendidas e interiorizadas pelas "altas instâncias". Até esse ponto, vão palpando o pulso e, enquanto sentem apenas matéria glútea, sem nervo, vão avançando, pelo que se torna sempre indispensável o arregaçar de mangas e o mostrar de músculo.

Infelizmente, em Portugal, cerca de 33 anos após, ainda é assim.

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901. Shangai - 6


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