Os portugueses têm de salvar-se de si próprios, para salvarem Portugal

quinta-feira, 30 de agosto de 2012

2967. O combate é necessário...


Tenho de confessar que constitui para mim um alívio ver que começam finalmente a surgir vozes que se opõem à prática do deita abaixo, da acusação infundada, da mentira descabelada muito em uso de há um ano para cá pela cambada de sempre.

Cambada dos tachistas habituais, que não querendo perder as regalias usam de todos os meios ilícitos para subverter a realidade dos factos, no que são acompanhados pelos tais idiotas úteis de que tenho falado – os tais que, embora não estando ao lado dos patifes – são mentalmente limitados, pelo que não são capazes de ver a verdade por detrás da patifaria hipócrita que grassa por todo o País, o que os faz ajudar à festa, mas apenas como “trolhas”, apanhando as canas dos foguetes que os malvados elevam aos ares.

E digo que é um alívio porque na verdade o é. Creiam.

Sem pretender colher louvores para qualidades que não tenho e para acções de que não sou agente, em abono da verdade devo dizer que me tenho sentido bastante só, numa batalha extremamente difícil e desgastante. Tudo, porque quem pensa como eu – e é a maioria dos portugueses, estou crente – tem tido por lema manter-se mudo e quedo à espera de "melhores dias" ou que outros façam o que apenas a si compete.

Ora, essa atitude não é a mais aconselhável, porque propicia à cambada e aos seus ajudantes (os idiotas úteis, não esquecer) um "tempo de antena" desproporcionado relativamente àquilo que efectivamente representam no conjunto da sociedade portuguesa.

E, proporcionando essa audiência, garantem-lhes também a possibilidade de intoxicarem cada vez mais o conjunto dos cidadãos comuns que, à força de ouvirem as mentiras que propalam como se de realidade fossem, acabam, mais tarde ou mais cedo, por sucumbir ao “diktat” desinformativo e malvado que tudo subverte. É sabido que uma mentira mil vezes repetida, sem que alguém com o sentido da decência se levante a desmascará-la, acaba por "tornar-se verdade indesmentível". Mais ainda se essa mentira descabelada “veio nos jornais e foi dada pelas TVs e rádios”. Como cada vez mais acontece. Impunemente.

É forçoso que as pessoas com algum sentido de honra, se convençam de que é imprescindível combater quem actua com a indignidade da mentira, com a indecência da falta de vergonha na cara. Se tal não for feito, os mentirosos, os pulhas acabarão por levar a cabo com êxito a sua acção de continuação da destruição do País.

Cada mentira, cada indignidade tem de ser denunciada e combatida até completamente desmontada. Ora, é nisto que – salvo em casos muito raros e honrosos – me tenho visto mais desacompanhado do que seria aconselhável.

É evidente que pessoalmente não temo estar só, desde que a verdade e a razão me acolitem. Mas temo, isso sim, pelo País e pelos cidadãos decentes que, a não actuarem a tempo e horas, de forma a não deixarem dúvidas quanto às suas intenções de preservar a dignidade nacional, a decência da sociedade portuguesa, estão a colocar todos os trunfos nas mãos dos irresponsáveis que bem conhecemos.

E, a cada passo que dão, sem que alguém lhes saia ao caminho mostrando a todos o que são e o que querem, mais eles avançam no atrevimento das atitudes, nas malfeitorias que pretendem levar a cabo.

Os exemplos que ilustram esta afirmação são já inúmeros, mas deixo aqui apenas um, por invulgarmente representativo:

Se as pessoas de bem não deixassem que eles avancem, como se estivessem em coutada própria, jamais se teria chegado ao ponto inimaginável de ouvir António José Seguro dizer alto e bom som, aos gritos comicieiros mesmo, que, se chegar ao governo, desfaz o que este tiver feito no que respeita à RTP.

E por "o que este tiver feito no que respeita à RTP" entenda-se, o cumprimento de uma promessa eleitoral que foi sufragada nas últimas legislativas por corresponder ao que a generalidade dos cidadãos eleitores – e não só, pois que a grande maioria da população nesse sentido se manifestava – de há muito reclamava, ou seja, dar um fim definitivo ao descalabro financeiro e à enorme mentira que constitui o serviço público que a RTP “presta”.

Se não se sentisse com as costas quentes, pelo facto de os aldrabões terem campo aberto e as pessoas decentes os deixarem campear à vontade, certamente que Seguro jamais teria o atrevimento, o desplante de tão irresponsável afirmação, bem reveladora, afinal, do seu sentido de Estado e de que, tanto ele como os que o rodeiam não são melhores nem mais confiáveis do que os que os antecederam. Para a confirmação, é só dar-lhes a hipótese de ascenderem ao Poder. Aliás, muitos deles, imensos deles mesmo,  que por lá andam, numa conspiração sem fim, são exactamente os mesmos que, até Junho de 2011, há pouco mais de um ano, portanto, tudo fizeram para nos trazer à vilania actual, de que o actual governo tenta desesperadamente resgatar-nos, sendo alvo, por isso, de inúmeras incompreensões e afrontas.

Verifico, todavia, que finalmente começam a aparecer umas quantas vozes. Ainda muito poucas para cobrir as necessidades, mas já vão aparecendo, o que não aconteceu em todo último longo ano.

É um começo. Muito tímido, mas um começo. Que é preciso que cresça. Há que combater a sério quem nos quer fazer regressar à anterior porcaria de vida, alimentada por falsidades e poucas-vergonhas. Ou combatemos as nossas justas batalhas ou soçobraremos, pois que por nós ninguém combate. Nem queremos que combata, porque somos capazes por nós próprios.

Não basta ter razão. É preciso dar-lhe força, levá-la à vitória. Para tal, o combate é necessário é há que não lhe fugir.

30 Agosto 2012

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

2966. Não sou Seguro... nem confiável!


Há uns quinze dias ou três semanas atrás, alertei aqui e em outras plataformas para a forte possibilidade de o trabalho que está a ser levado a cabo pelo actual governo vir a ser miseravelmente atirado para o lixo, mal outro seja eleito, perdendo-se todo o trabalho e bem assim os sacrifícios que estão a ser feitos em prol do bem-estar da comunidade portuguesa e da dignidade nacional.

Não o escrevi por ter uma bola de cristal ou cartas de Tarot onde consulte o porvir, mas tão somente por ter vindo a constatar que os senhoritos não têm emenda e tudo têm feito no sentido de originar um levantamento de rancho de tal forma que durante muito tempo não haverá comida para ninguém.

Atente-se nas declarações do Tozé acerca do serviço público de televisão.

Diz ele, cada vez mais jovem – os anos por ele não passam pelo que o que com eles costuma vir não passa também… – que, se chegar ao governo e logo que chegue, o serviço público será reposto com antes. Significa isto que a bandalheira vai regressar com “Segur…ança”! Mais claro não podia o Tozé ser…

Conjugue-se agora com esta intenção de uma vez mais desbaratar esforços no sentido de trazer o País ao bom caminho, com a posição de radicalismo total na defesa dos desmandos que nos trouxeram à actual miserável situação.

É o mesmo sentido de Estado e irresponsabilidade de gente imatura que o leva a opor-se a que se inscreva na Constituição ou em lei com semelhante força, o princípio da impossibilidade de os órgãos do Estado e empresas, institutos e organismos de si dependentes e bem assim os das autarquias, contraírem compromissos que levem a dívidas cuja liquidação não esteja garantida desde o início.

Esta é a regra de ouro, a única que pode evitar que o País volte a ser profundamente lesado por patifaria – ou mesmo apenas negligência – de governantes a todos os níveis. E esta é a regra que Seguro e seus “mininos” não aceitam e não se conseguirá levar por diante, porque para tal são necessários os votos do PS que os nega. Estes é que são factos objectivos e não “patuá” para entreter idiotas úteis..

 Isto também responde àqueles que acusam o governo de nada estar a fazer. Na verdade, melhor resposta não parece haver… Pense-se bem no assunto e logo se verá a que conclusão se chega. Se o governo nada estivesse a fazer, a zanga das comadres e dos alapados à mesa do Orçamento não existiria. Não haveria revoltas nem Seguro seria levado a dizer barbaridades perigosíssimas.

É que, ao fazê-lo está a prometer coisas que sabe que não pode fazer, sem comprometer, agora sim de forma irremediável – tão irremediável que nem a Troika nos pode valer – os destinos do País. O sr Seguro está a ameaçar levar-nos para caminhos piores do que os da Grécia e que ele nem faz uma pequena ideia do que sejam e onde terminarão.

Quem é que quer entrar nessa aventura de meninos rabinos, já não pintores de paredes, como eram os do MRPP, mas com a mesma irresponsabilidade, que causará ao País danos bem mais graves do que aqueles que estamos tentar reparar com  tantas dificuldades e até incompreensões dos principais destinatários?

27 Agosto 2012

PS.- Se chegar e quando chegar a altura dos queixumes habituais, que ninguém diga que não foi avisado...

sábado, 25 de agosto de 2012

2965. À sombra da Constituiçã...ã...ão !


J á algum dia se meteu a pensar maduramente em quantos crimes se cometeram no País, desde 1976, à sombra da Constituição?

Ora experimente lá cantar a quadra abaixo, com a música de “Grândola, vila morenaça”.


E, quando estiver afinado(a), ensine-a às suas criancinhas, para que, ao menos elas, não venham a ser também idiotas úteis e menos ainda cretinos inúteis.


Olhe que será uma obra de misericórdia!

2964. Intoxicação da opinião pública?

Todos sabemos – estamos cansados de saber, aliás – que a RTP tem dado, de há pelo menos 20 anos para cá, prejuízos de raiz ciclópica, sem que a sua programação mostre sinais evidentes de que o serviço público que deverá prestar, em obediência constitucional, é realmente relevante ou minimamente se contém nas balizas que lhe deram forma.

Muito pelo contrário, a RTP, designadamente o Canal 1, tem-se limitado a seguir os passos eminentemente comerciais de SIC e TVI, na maior parte dos casos com gastos muito mais avultados e resultados muitíssimo piores. Mesmo no famigerado serviço público em que as outras duas frequentemente a ultrapassam de largo.

Para além do que fica dito, em termos de pessoal a RTP tem-se revelado, aos olhos da opinião pública, um “mare magnum” onde tudo cabe, inclusivamente na concepção e divulgação de programas de lamentável nível cultural e social que me abstenho de nomear para não ser acusado de destruição de reputações, mas que, na verdade, nem precisam de ser nomeados, tal a falta de um mínimo de substrato e decência cultural, bem do conhecimento da generalidade dos portugueses menos alienados.

Pois bem, após a entrevista televisiva de António Borges, em que se aventou – meramente se aventou – como uma das possíveis soluções para o ruinoso, lamentável e escandaloso (sob todos os pontos de vista que se queira apreciar) caso da RTP, logo um coro imenso dos “habitués” se levantou.

Claro que era de esperar. Ninguém gosta de perder prebendas, sinecuras ou conezias assim do pé para a mão…

O que talvez – seguramente mesmo – ninguém ou muito poucos esperariam era que, da noite de 5ª feira para a de 6ª, portanto num máximo de 24 horas, qual milagre que actualmente já nem a Senhora de Fátima consegue realizar, os brutais prejuízos anuais da RTP – sem a devida justificação em termos de serviço público e alguns casos igualmente sem a muito merecida punição pela sua falta ou completa deturpação – resultassem em avultadíssimos ganhos e saldos positivos, apresentados em gráficos, de “barras, queijos,e linhas”, muito coloridos para mais atractivos, “acompanhados” do habitual cortejo de individualidades, “generalistas de tudo e especialistas de nada”, tonitruando definitivas sentenças, de alguidar e avental de xadrez, sobre o assunto, todas elas muito mais sábias, embora partejadas em 24 horas, do que as conclusões governamentais provenientes de estudo intensivo de cerca de um ano.

Bichana-me aqui ao ouvido o vizinho do lado – tipo sempre muito desconfiado e matreiro – que tudo não passa da habitual intoxicação da opinião pública, na tentativa de que os idiotas úteis de serviço e mais uns quantos inúteis de plantão ajudem a salvar o que salvo não merece ser, por dezenas de anos de incompetência, desvario e, em muitos casos certamente, de verdadeiros actos do foro criminal.

Não sei se o raio do vizinho terá razão ou não, pelo que me abstenho de aplaudir ou contestar. Por agora, fico-me nas minhas tamanquinhas, à espera de Godot, ou melhor, à espera de novos desenvolvimentos, que me esclareçam ou confirmem o que no íntimo penso mas a que agora não quero dar publicidade.

Será que me faço entender ou continuo canhestro?…

25 Agosto 2012

sexta-feira, 24 de agosto de 2012

2963. The astonished norwegians

Tenho duas histórias, ambas reais, para contar, que ilustram bem a conjuntura actual, mais propriamente em Lisboa, mas que bem pode ser extensiva ao País.

Uma das histórias, passou-se comigo e é agradável, pelo reconhecimento de gente insu
speita, vinda lá de fora e que não conhecia Portugal;

A outra é algo a que vamos estando já habituados, infelizmente já muito habituados.


Começo pela agradável:


* * *

Na tarde de sábado passado resolvemos – os dois membros da família, que ainda vivem cá em casa – ir até Lisboa, como acontece com frequência por lá viverem filhos e netos, mas desta vez de forma diferente e com destino diverso. Tratava-se de ir dar um giro no Terreiro do Paço e ver a qualidade das esplanadas ali agora instaladas e do respectivo serviço.

Deixámos o carro no cais do Seixalinho, ali ao Montijo e atravessámos o “mar da palha” no barco até Sul e Sueste, ao lado do nosso destino. A viagem foi de curta duração e agradável, mas, aqui que ninguém nos ouve, nada comparável aos estupendos cinquenta minutos que demoravam a fazê-la os barcos antigos, quando se viajava no tombadilho, pela alta tardinha de Verão. Podia-se, então, apreciar com todo o vagar, diria mesmo languidez, a silhueta da Ponte sobre o Tejo, a primeira, recortada no pôr-do-sol, mas sempre com atenção ao voo das gaivotas que, por vezes, pareciam autênticos bombardeiros largando as suas cargas sobre os mais aventureiros e descuidados viajantes.


Lá chegámos à mais espectacular Praça da Europa – que durante dezenas e dezenas de anos foi miserável e criminosamente descuidada, até que um dos presidentes da autarquia que mais ideias teve para a cidade e mais “torpedeado” foi precisamente por aqueles que depois lhe aproveitaram os planos, deles se apresentando como autores… – tomámos assento numa das esplanadas, dessedentámo-nos e refizemos forças, após o que ficámos a apreciar os “surroundings”.


Nisto estávamos quando fomos interpelados por um casal de uns 40 e tal 50 anos, altos como ciprestes e de um loiro flamejante, que entretanto haviam chegado vindos da Rua Augusta e se sentaram numa mesa ao lado da nossa.


A interpelação foi no sentido de que a “nossa” Lisboa era uma cidade muito bonita e extremamente agradável. Sorrimos, agradecemos e lá ficámos a trocar umas impressões...


Noruegueses de Bergen, a cidadezinha dos quase trezentos dias anuais com chuva, resolveram, depois de durante anos, nas férias, terem corrido mundo, vir até Lisboa, cidade de que tinham ouvido falar bem numa viagem a Barcelona, em Setembro do ano passado.


Tendo sabido que as coisas aqui se processavam com facilidade, que a cidade era acolhedora e os portugueses pessoas muito prestáveis, prescindiram de integrar qualquer grupo excursionista e meteram-se a caminho, tendo chegado à Portela onde apanharam um táxi para os levar ao “Four Seasons”, que acharam demasiado distante do aeroporto, uma vez que o táxi demorou mais de meia hora a lá chegar, por ruas e avenidas e avenidas e ruas… (aqui, nós sorrimos, mas achámos melhor não estragar a festa e dissemos que, pois... sim.,.. não é muito perto, não!…).


Estavam há cerca uns cinco dias em Portugal e tinham já visitado Cascais, Sintra, Mafra, enfim o circuito habitual. Não tinham vindo a Setúbal, o que era uma pena, pois que lhes dissemos que tinha uma das 7 baías mais belas do mundo, bordejada por uma serra, a Arrábida (ou “local de oração”), com vegetação da era jurássica e vistas assombrosas sobre a baía e a margem sul do Sado, com praias ininterruptas até cerca de 100 quilómetros. Claro que não nos alongámos muito porque a Aleksandra e o Rasmus são da região dos fiordes…


Naquele momento estavam ali porque tinham saído a pé do “Four Seasons” (Ritz) e tinham subido ao alto do Parque Eduardo VII. Uma vez ali, olharam para baixo e ficaram positivamente siderados (“astonished”, asseguraram) com aquela vista deslumbrante até ao Tejo, que nunca tinham encontrado em cidade nenhuma das que haviam já visitado por todo mundo. De tal modo que não resistiram e quiseram ver de perto tudo aquilo. Meteram-se a calcorrear a calçada portuguesa em passeio pelo Parque abaixo, contornaram a “beautiful square”, desceram a Avenida da Liberdade, passaram pela Peter, the fourth, square, continuaram pela August Street e só pararam na esplanada.


- We’re truly astonished! Amazing, indeed! – não se escusaram a afirmar-se


Continuámos a conversar – diga-se em abono da verdade que nós já pouco concentrados, porque envaidecidos como sempre ficamos quando as gentes lá de fora reconhecem o que de bom temos e poucos de nós apreciam e valorizam… – e, subitamente, lembrei-me de ser um pouco mais incisivo no realce das nossas qualidades e perguntei:


- Vocês estão cá há cinco dias, não é verdade?

- Sim, e ficámos encantados com Sintra, Cascais, o Guincho, tudo, enfim. Mas este passeio lá de cima até aqui deixou-nos estupefactos! Vocês são muito happy por terem estas maravilhas.

E foi então, que eu rematei a minha:


– E, nestes cinco dias e em todos os passeios, quantos polícias viram nas ruas?

– How many what?! Policeman? Hum… Let’s see… Talvez uns… quatro… cinco. Não mais do que isso.
– Pois é… E alguma vez se sentiram inseguros?
– Ah! – olharam-se surpreendidos – não, nunca nos sentimos inseguros. Andámos sempre à vontade. Até já tínhamos falado no assunto. Como é possível?
– Pois, my friends, é assim. Só nos servimos dos polícias para restabelecer a ordem… Got it?

A resposta deles foi uma imensa gargalhada e muitos “oh, I see!” que pôs os restantes frequentadores da esplanada em risco de apanharem um torcicolo, na tentativa de verem, eles também, o que se passava.

24 Agosto 2012
* * *

Um dia destes vem a outra história, a menos agradável. Tem que ver com a enorme vontade de trabalhar que há por aí.

quarta-feira, 22 de agosto de 2012

2962. Valerá mesmo a pena?


 

  
VALERÁ A PENA?


A saga, a despudorada sem-vergonha, continua.

Enquanto o governo tudo tenta para tirar-nos do lamaçal em que fomos atolados, os mesmos de sempre remam contra a maré e valem-se de todos os truques.

O Governo tenta introduzir na lei uma cláusula que impeça o endividamento dos gastos do Estado para além das possibilidades de cumprimento dos compromissos assumidos, ou seja, que o Estado não assuma compromissos para além daquilo que pode pagar. O princípio, pois, da sã economia, o travão ao desregramento público, para que não caiamos novamente nesta vil tristeza em que estamos.

De imediato se levanta o coro dos patifes que tudo fazem, para que tudo fique na mesma, pois querem que a bandalheira prossiga, sem o que não sobrevivem, pois falta-lhes preparação e vontade de actuarem com justiça e equidade. Apenas sabem viver na tramóia.

Agora, querem a todo o custo que o TC trave a LEI DOS COMPROMISSOS, como se ela fosse um mal para o país, quando afinal o que com ela se pretende é impedir que as autarquias e serviços públicos contraiam dívidas que não possam pagar, como, afinal, faz qualquer dona de casa minimamente competente e lúcida, que zelosamente cuida do bem-estar do agregado familiar.

Depois de tantas facécias semelhantes, alguém tem dúvidas de que o trabalho, o enorme esforço que o actual governo está a desenvolver e os sacrifícios por que os Portugueses estão a passar, por força da loucura de dezenas de anos antes, resultarão inglórios?

E quer saber porquê?

Simplesmente, porque, quando este governo terminar a missão e for substituído por outro, mais de acordo com o que antes se fez, tudo voltará à forma do costume, ou seja, à mais despudorada das bandalheiras e seremos de novo atirados para o lodaçal, que será a quarta vez numa única geração!!!

Nunca, em 900 anos de História, passámos por tamanha miséria! Impressionante!

De 1143 a 1977 (em 827 anos, portanto, estivemos em risco de perder a independência uma vez, durante a crise de 1383-1385, e perdemo-la mesmo por 60 anos, de 1580 a 1640). Pois bem, desde 1977 até 2011 (em 34 anos anos, portanto), perdemo-la efectivamente já por três vezes (1977, 1983 e 2011)… Isto devia deixar todos os Portugueses a pensar muito a sério no assunto.

Cabe aqui perguntar:

Valerá a pena continuar ou simplesmente virar costas a tudo e… que se desenvencilhem, já que assim querem? Um povo que vai nesse engano uma vez mais, que nem para si próprio e para os seus filhos e netos consegue ser bom, não percebendo o que está em jogo, será que não merece ser deixado à sua sorte, nas mãos dos patifes que o empobrecem, indignificam e humilham?

Há sacripantas – não podem ter outra designação e para os quais esta ainda é muito suave – que há muito deviam estar atrás das grades, recebendo o prémio merecido pelas barbaridades antes cometidas e que persistem em cometer.

Num país mais radical do que o nosso, estes criminosos, ainda como tal não oficialmente declarados, mas de há muito bem conhecidos, já teriam parado de vez. À força de chapada nos respectivos focinhos. Quando menos...

rvs – 22 Agosto 2012

segunda-feira, 6 de agosto de 2012

2961. O que me leva a apoiar o actual governo


N um comentário a um post no grupo “Salvar os Portugueses de si próprios, para salvar Portugal” e a propósito de várias pessoas, num outro grupo, me “acusarem” de “defender os laranjas”, comprometi-me a esclarecer as razões por que apoio e defendo o actual governo, o que nada tem que ver com “defender os laranjas”.

Em primeiro lugar, “defender os laranjas” nem sequer é pecado. Pecado seria defender laranjas podres. Mas a verdade é que eu não os defendo. Quem me conhece sabe que, em 1989, há 23 anos, portanto, me afastei, sabendo igualmente as razões, e quem me lê na Net desde 2003 também está em condições de o confirmar.

O que apoio e defendo, isso sim, é o actual governo português, pelo menos enquanto não for merecedor da minha oposição frontal. E, até hoje, não o foi.

Vejamos a quem me refiro:

* 1º Ministro - Pedro Passos Coelho
- presidente do PSD
* Finanças - Vítor Gaspar
- independente, sem filiação partidária
* Economia, Energia, Obras Públicas e Telecomunicações - Álvaro S.Pereira
- independente, sem filiação partidária
* Assuntos Parlamentares e da Presidência - Miguel Relvas
- militante do PSD
* Saúde - Paulo Macedo
- independente, sem filiação partidária
* Justiça - Paula Teixeira da Cruz
- militante do PSD
* Educação e Ensino Superior - Nuno Crato
- independente, sem filiação partidária
* Defesa – José Pedro Aguiar Branco
- militante do PSD
* Negócios Estrangeiros - Paulo Portas
- presidente do CDS-PP
* Administração Interna - Miguel Macedo
- militante do PSD
* Agricultura, Território, Mar e Ambiente - Assunção Cristas
- militante do CDS-PP
* Solidariedade e da Segurança Social - Pedro Mota Soares
- militante do CDS-PP

Por aqui se constata que Pedro Passos Coelho teve, além da precaução de escolher gente de mãos limpas, o extremo cuidado de equilibrar poderes no seio do governo, resistindo à tentação de açambarcar lugares para o seu partido, oferecendo tachos aos “boys”. O mesmo fez relativamente aos secretários de estado. Mas podia nem o ter feito, porque a diferença eleitoral entre PSD e CDS-PP nas últimas legislativas tal autorizava.

Esta circunstância tem levado o primeiro-ministro a sofrer sucessivos ataques soezes de grande parte da nomenklatura de sempre dos social-democratas, que estava louca por se sentar à mesa do banquete, como era habitual, e saiu completamente frustrada.

Escuso-me a indicar nomes, pois eles estão bem identificados por toda a gente, sendo rara a semana que não vêm lançar as mais baixas de todas as farpas ao primeiro-ministro e ao governo. Sem o mínimo pingo de vergonha na cara, porque o despeito é o que os move e sabe-se bem que o despeito cega, tentando não deixar que a verdade prevaleça.

De entre os 12 governantes escolhidos por PPC, 5 são militantes do PSD, incluindo o primeiro-ministro, 3 são do CDS-PP e 4 são independentes, sem filiação partidária. Como se vê, maior equilíbrio é difícil de encontrar.

Mas, além disso, se descontarmos os casos de Aguiar Branco e de Paulo Portas, nenhum deles integrara qualquer executivo, pelo que não estava comprometido com qualquer tipo de acção governativa anterior.

Nenhum deles contribuíra, pois, para que tivéssemos sido lançados nesta situação miserável em que estamos e de onde o actual governo tenta a todo o custo tirar-nos o mais depressa possível, arrostando com milhentos escolhos criados principalmente por quem mais o deveria apoiar e pelos já falados e sempre presentes idiotas úteis.

São, pois, gente que chegou ao governo de mãos limpas e com as palmas viradas para cima, à vista de toda a gente.

Mas mesmo os casos de Aguiar Branco e Paulo Portas são facilmente explicáveis. Não quero significar, com o que deixo dito, que estes dois últimos não tivessem as mãos limpas. Não sei se ti8nham ou não. No entanto, advirto para as seguintes circunstâncias de relevo:


* Quanto a José Pedro Aguiar Branco teve uma curtíssima passagem pelo Ministério da Justiça, o que lhe tirou logo hipóteses de as sujar, mesmo que para isso tivesse predisposição. E nada algum dia alguém lhe apontou.


* No que se refere a Paulo Portas, como disse acima, ignoro igualmente se as tinha/tem limpas ou não, mas, do ponto de vista da sua nomeação por Pedro Passos Coelho, é bom que se lembre que o governo é de coligação e em governos de coligação não é apenas uma vontade que conta. Para mais, tratando-se do presidente do partido coligado.

No entanto, há que notar que não tutela qualquer ministério de execução interna, mas sim no dos Negócios Estrangeiros, onde a incumbência principal é a da representação do País perante o estrangeiro.


Para além do que fica dito, o actual governo já deu mostras de estar imbuído de recta intenção e, embora por vezes me pareça que deveria ter chegado mais longe já – não obstante as coisas não poderem ser feitas sem os cuidados devidos, sob pena de tudo se agravar em vez de remediar, como no caso das PPPs – o que é certo é que tem vindo a fazer o que toda a gente reclamava que fosse feito, ou seja, acabar com a bandalheira de décadas, mas que alguns agora (porque lhes “bateu” à porta) parecem entender que não devia ser tocado.


Podia acrescentar mais razões, mas as que aqui deixo julgo-as mais do que suficientes para que quem me lê, sem intuitos de má fé, ajuize correctamente a posição que assumi e mantenho até ao dia em que me veja forçado a revê-la, por alteração os pressupostos que a ditaram e me levam a mantê-la até ao momento. Sem hesitação. Por dever de consciência.


(texto de um post publicado hoje no Facebook)

sexta-feira, 3 de agosto de 2012

2960. O amigo do Filusufu du Bois de Boulogne


O socialista
– tinha que ser socialista, pois que só eles são capazes deste descaramento inaudito… –
Guilherme de Oliveira Martins, Presidente do Tribunal de Contas, veio agora, todo pressuroso e diligente, garantir que o Tribunal em que manda vai fiscalizar muito bem a privatização da TAP.

– Acho bem, ó Guilherme, acho mesmo muito bem, que fiscalizes. É essa mesmo a tua função. Para isso te pagam. Se não fosse por isso, o lugar que ocupas não tinha razão de ser e o teu vencimento ainda menos. Deixa-me, contudo e apenas, que te manifeste a minha enorme surpresa por igual diligência e pressa não teres tido ao longo dos seis anos em que o “filusufu du Bois de Boulogne” campeou por aí como por coutada própria.
Pensando melhor, afinal não tenho surpresa nenhuma! Porquê? Porque és socialista e, assim, está tudo explicado. Tanto a pressa e diligência de agora, como a sua completa ausência de antes.
Vocês não têm mesmo um pingo de vergonha na cara!
Mas fiscaliza, pá, fiscaliza, porque é para isso que te pagam. Vê, pois, se justificas o investimento que o Estado tem feito em ti.
E também se atenuas o prejuízo de muitas centenas de milhões que Portugal tem estado a perder só por tu não teres cumprido o teu dever nas parcerias público-privadas e em tantas outras negociatas nesses seis anos feitas.
Se o tivesses feito, talvez não tivesse sido necessário pedir a ajuda externa. Imagina, tu, ó Guilherme, o que não teria sido! Já reparaste o dano que tu e o teu camaradinha Constâncio juntos deixaram que tivesse sido provocado ao País e aos Portugueses, por serem, no mínimo, desleixados e, assim, protegerem o tipo?

terça-feira, 31 de julho de 2012

2959. O coro dos idiotas úteis

O coro dos idiotas úteis é como o antigo coro da tragédia grega. Amplifica e acentua os contornos da tragédia, tornando-a mais sentida, ainda que os factos não correspondam à realidade.

Não tema – ou tema menos, muito menos… – os fautores da tragédia em que estamos e de que tentamos sair, mas que uns quantos teimam em dificultar ao máximo.


Porquê?

Porque uns são tão minoritários que nada representam.

Em conjunto não significam sequer 10% – um décimo, veja bem!... – dos cidadãos portugueses; outros, embora representando mais, estão tão descredibilizados pela última década e meia de desvario, que também não contam.


Tema, isso sim – e muito! – os idiotas úteis. Porque eles tolamente amplificam as mal intencionadas sentenças e acções daqueles.


No fundo, são eles que, inocentemente porque a idiotia não lhes permite perceberem o que realmente à sua volta se passa, levam ao engano cidadãos descuidados, desatentos.


Como qualquer idiota que se preze, o espécime em referência é todo aquele que, embora não alinhando na ideologia e praxis dos patifes, porque é burro chapado, verdadeira calhau imenso, inamovível à percepção das coisas, amplifica o alcance das teorias e vigarices dos outros, supondo estar a corrigir os males.


E, porque é idiota, não percebe que está a fazer o jogo de quem o quer lixar, com as papas e os bolos com que se enganam todos os que como ele são, ou seja, tolinhos da cachimónia.


Se não houvesse idiotas úteis, os outros, os patifes, não infundiriam receio a ninguém. Porque as suas teorias de destruição e arraso, terra queimada, não teriam aceitação. São eles, os idiotas úteis, que tornam os facínoras perigosos.


A História de Portugal das últimas quatro décadas está repleta de ensinamentos acerca de facínoras e idiotas úteis. Que, aliás, os idiotas úteis não há maneira de colherem, por não reconhecerem um facínora mesmo à frente do nariz e serem mentalmente incapazes de perceberem que eles próprios, idiotas que são, servem lindamente aos desígnios dos outros…


É preciso estar-se prevenido contra os efeitos deletérios que eles causam nas sociedades, em todas as sociedades. No caso vertente, na sociedade portuguesa.

segunda-feira, 30 de julho de 2012

2958. Isto é que vai uma crise, hein?

Por mim, não me queixo da crise.

Mas... não fui de férias..


* * *

              Crise não trava férias 

A crise não está a impedir as viagens de férias dos portugueses, que optam agora por destinos mais baratos, procuram promoções e, por vezes, reduzem os dias de estadia, segundo os agentes de viagens contactados pelo CM, que garantem que as vendas deste ano estão em linha com as do ano passado.

Os destinos tradicionais, como Cabo Verde e Tunísia, continuam a estar no topo da preferência dos portugueses, não sendo alheio o facto de os preços para estes destinos, no regime de ‘tudo incluído', rondarem os 600 euros - um preço inferior aos praticados na Madeira ou no Algarve.

"O que temos sentido no mercado é que as pessoas procuram obter a melhor relação entre a qualidade e o preço, adequando assim o seu orçamento às diferentes propostas que são apresentadas", explica ao Correio da Manhã Nuno Anjos, director comercial da Soltrópico.
Fonte da agência Abreu garante que o número de reservas, sobretudo nos últimos dois meses, "situa-se praticamente em linha com o Verão passado". "Algumas datas já estão cheias para os destinos e hotéis mais procurados", garante, por outro lado, uma fonte da Top Atlântico. Há, no entanto, ainda uma vasta oferta para aqueles que decidem as férias à última hora.

O esforço das agências de viagens, que procuraram dar resposta aos orçamentos limitados dos portugueses, parece estar a ser recompensado. Mas, admite ainda Nuno Anjos, a "facturação tem sofrido algumas quebras devido aos baixos preços que estão a ser praticados".

CM, 30 Julho 2012

2957. Assim é que é!

Primeiro, alarma-se a opinião pública, fazendo-se constar que não há inspecção alimentar.

Logo de seguida, para não se perder a embalagem na corrida à malvadez, noticia-se que a exportação da carne nacional vai ser prejudicada.


Em qualque
r país normal, em que a política se exercesse com decência, jamais passaria pela cabeça do maior patife por em crise a qualidade dos produtos nacionais, assim prejudicando a balança comercial do país.

Isso seria em qualquer país normal.

Portugal não é, porém e actualmente, país normal, em que a oposição política se exerça de forma limpa e decente.

Vale tudo, porque à cambada, quanto pior... mais lhe calha bem...

terça-feira, 10 de julho de 2012

2956. Separemos águas


A todos quantos – não socialistas nem aparentados – aqui participam activamente ou se limitam a ler, assim tentando esclarecer-se, gostaria de deixar hoje uma prevenção e uma convocação, que me parecem indispensáveis.

Consistem no seguinte:


A luta política que actualmente se trava em Portugal é mais decisiva do que nunca. Tem por finalidade tirar o País da situação miserável para que foi arrastado, por força de décadas – que quase imitaram a derrocada aviltante em que foi transformada a I República – de incompetência governativa e de desbragada corrupção, que teve o seu auge nos malfadados seis anos de desgoverno e desvergonha socratista.


Para que se obtenha algum ganho de causa nessa luta pelo resgate do País, indispensável se torna que as forças socialistas e seus aparentados, que a este lamaçal nos conduziram, sejam fortemente combatidos e derrotados. Sem apelo nem agravo.


Como é natural, eles defendem-se e, por sua vez, tentam derrotar-nos, como tanto nos derrotaram nestas mais de três décadas de ignomínia.


A luta é, pois, entre quem é socialista e quem deles e das suas artimanhas e esquemas está saturado, não querendo deixar tão vergonhosa herança às gerações que se lhe seguirem.


É bom que não se perca de vista esta premissa, que não se confunda o objectivo principal com distracções criadas pelos adversários, para nos desviarem do rumo que pretendemos seguir.


É absolutamente necessário que não confundamos quem é realmente o nosso adversário e quem, mesmo que nos causando algumas dificuldades motivadas pelo descalabro que eles deixaram e persistem em agravar, está na nossa trincheira, combatendo ao nosso lado, fortalecendo o nosso ânimo.


Disso – dessa lucidez – depende a vitória de um modelo de sociedade, que queremos, ou de outro, que repudiamos.


Não há, pois, que tergiversar.


Separemos as águas que não podem estar misturadas, em promiscuidade. Todos devemos escolher o campo em que queremos estar. E, uma vez escolhido, actuar em conformidade e sem hesitações.

O combate é e será duro. Mas valerá a pena ser travado, porque do seu resultado depende a vitória ou a derrota, a continuação desta triste condição actual ou o arranque definitivo em direcção a um futuro melhor, porque mais digno.

2012Julho10
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segunda-feira, 11 de junho de 2012

2955. Do aspecto nunca me queixei...


U m belo discurso retórico na mentirosa data para Comemoração da Portugalidade, o proferido por Sampaio da Nóvoa. Retórico no sentido apreciativo, que hic et nunc não se cuida de depreciar. Exemplar na função para que o autor decididamente o vocacionou.

Outros tem havido, mas este tem mais elaboração.

Dá para satisfazer gregos e troianos, os daqui e os seus antípodas, os da tese e os da antítese, os do claro e os do escuro, os do pão, talvez queijo e os do queijo, talvez pão. De total abrangência, enfim, e, como tal, amalgamado, verdadeiro albergue espanhol, não separador de águas.

Definitivamente, somos os maiores e os melhores na palavra - escrita ou falada - estando o busílis da questão todo na acção, melhor dito na inacção. E também nos velhos do Restelo e adjacências, sempre que, ao longe, a acção começa a ser esboçada. Porque o que em todos está assinalado como trade mark é a palavra, único instrumento catártico conhecido e aceite. Por enleador.

Ao ouvir a oração, veio-me à lembrança uma frase de há uma dúzia de anos atrás, proferida por meu Pai, falecido em 2001, aos 83 anos.

Já então bem atacado pela doença que haveria de vitimá-lo uns meses depois, ao ser interpelado sobre como se sentia, ao que respondera que "não muito bem, mas, enfim...", tendo recebido por réplica que "mas olhe que de aspecto está muito bem!", não resistiu:

- Pois... estou a ver. Mas, sabe, do aspecto nunca me queixei...

Nós, portugueses, estamos como meu Pai; da retórica nunca nos queixámos; o que nos corrói a saúde é o resto…

Curiosamente, Sampaio da Nóvoa socorreu-se até de textos de outras épocas, para mostrar que, afinal, apenas repetia. Nem sequer se pretendia inovador.

Claro que um discurso motivador, congregador de vontades, orientado no sentido de reerguer o País e os cidadãos, levando-os a cerrar fileiras, em torno de um objectivo nacional comum, estava fora de questão, por inconveniente... Sabemos disso.

Assim prosseguimos. Pelos vistos, até à consumação dos… milénios.

quinta-feira, 7 de junho de 2012

2953. Organizem-se!


A ctualmente está na moda a fixação mais ou menos generalizada em Miguel Relvas.

Até hoje nada de concreto existe, apenas rumores. Não significa isto que rumores não possam vir a revelar-se correspondentes à verdade, mas, por enquanto, não passam de mexericos.

Isso, porém, não obsta a que Relvas (a quem gente que até actua por soundbytes chama José, tal o grau de conhecimento que do homem tem...) seja o osso – pelos vistos descarnado até ao momento – por que tanto aspiraram e desesperaram, uma vez que ainda não surgiu uma só voz a clamar que ele tenha recebido um tostão indevidamente, nem que tenha chegado ao governo teso que nem carapau e que agora veste (com nome inscrito na montra e tudo) da mais afamada e cara boutique de vestuário do mundo, situada em Rodeo Drive, Hollywood City.

Relvas, que se saiba, nem trafica nem traficou diamantes em aviões que caíram lá pela Jamba! Olha, se o tivesse feito ou sequer sonhado fazer!

Mas a culpa é dele mesmo, quanto a isso não restam dúvidas. Nada disto aconteceria se não se tivesse metido a liderar o processo de privatização de uma parte substancial da RTP e igualmente no processo de eliminação de umas quantas dispensáveis freguesias, que apenas existem para dar sinecura a outros tantos afilhados.

Porque aí é que está o busílis, já que são mais duas corporações (daquelas que apenas havia no tempo do "fassismo"...) que são postas em causa.

Resumindo, uma vez mais se constata que toda a gente achava que tudo estava mal e tinha que levar uma volta mas, ATENÇÃO, mexam em tudo o que está mal, MENOS NO MEU BUTECO, porque eu vou aos arames.

Compreende-se – embora dificilmente se aceite – que quem é directamente atingido pelas reestruturações indispensáveis, para que a escandaleira e a delapidação anual de milhões de euros (que bem precisos são para fins mais dignos do que encher os bolsos de uns quantos, à custa do erário público) prossiga alegremente.

O que não se compreende é que tal aflija também meros contribui9nyes que ao longo de todos este anos têm vindo a ser roubados nos impostos que pagam.

Afinal, quer-se que as coisas mudem e se corrija o que está mal ou tudo estava bem e como tal deve continuar?

Organizam-se e decidam-se de uma vez por todas.

* * *

Pessoalmente, não aprecio nem um milímetro, o estilo do homem. Daí, porém, a condená-lo sem que ache, em tudo quanto se lê ou ouve oficialmente, seja o que for de concreto contra o que faz ou fez, vai a distância da dignidade social.

O grande caso seria o da jornalista Maria José Oliveira do Público que, veja-se, até com o jornal em que trabalhava se zangou, dele se demitindo. Pelos vistos, só ela tem razão e todos os restantes são uma cambada… Mas o que é certo é que nem ela apresentou a mínima prova do que foi alegado. E teria sido bem fácil fazê-lo, pois é sabido que os telefonemas ministeriais – e outros – para os jornais, rádios e televisões são gravados, pois apenas assim os jornalistas se podem defender, se forem acusados de deturpação informativa. Só os ignorantes, os anjinhos e quem estiver eivado de má fé pode ignorar esta verdade simples.

A Maria José Oliveira apenas bastaria, pois, exibir a gravação do telefonema para deitar abaixo o ministro. Não o fez nem nenhum dos seus amigos. Lá saberão porquê. Talvez não desse jeito a exibição de uma gravação em que o ministro alegadamente tivesse ameaçado revelar coisas da vida particular da jornalista… que… toda a gente do meio conhece! Que ameaça mais sem nexo e estúpida, hein?!

terça-feira, 5 de junho de 2012

2952. Estamos a empobrecer?!


Propalar-se, como faz a Oposição, que o País está a empobrecer é uma evidente mentira, completa deturpação da realidade, quando a observação vem da parte dos partidos comunistas que temos. Quando, porém, surge das hostes socialistas, então resulta mesmo em ignomínia.

O País não está a empobrecer. Como é que o poderia estar se nunca saiu da condição de pobre? O País está, isso sim, a reconduzir-se à sua condição de sempre, isto é, pobre mas honrado, cumpridor dos compromissos que assume, não caloteiro, não vigarista. Não, Portugal nunca saiu da pobreza em que sempre esteve.

O que aconteceu foi que há 25 anos começou a viver alegremente à custa do suor alheio, dos impostos pagos pelos cidadãos de países seus parceiros na EU. E essa vivência alegre, despreocupada e completamente irresponsável, acentuou-se de forma inesperada há 15 anos atrás e atingiu foros de escândalo nacional – e internacional – no período de 2005-2010.

A muita gente, a muitos portugueses, dir-se-á mesmo à maioria dos portugueses, talvez seja difícil de compreender isto, de aceitá-lo, porque se trata da mais cruel das realidades e quanto mais duras as verdades mais difícil se torna reconhecer-lhes as virtualidades.

Vai, no entanto, sendo tempo de se acordar da anestesia mortal de anos e anos de mentiras que geram irresponsabilidades difíceis de erradicar. Tempo de resistir à patifaria sem nome do engano persistente da população em geral, por parte de políticos inescrupulosos que incompreensivelmente continuam a receber o apoio das suas vítimas, como se gente séria e honrada fossem.

Destes arautos da aldrabice destacam-se – pelas especiais responsabilidades que lhes cabem – o PS em primeira mão, por ser, muito destacadamente, o que mais responsabilidades tem, mas também sectores não despiciendos do PSD, para quem os interesses do País vergam sempre perante os próprios.

Prouvera a todos os portugueses que, de uma vez, fossem completamente desmascarados e postos em exposição pública, tal como efectivamente são e não com as roupagens que habitualmente vestem e que estão nos antípodas daquelas que devem vestir.

Enquanto tal não acontecer, Portugal não poderá aspirar a que lhe seja restituída a dignidade nacional que lhe é devida.

03 Junho 2012

sábado, 2 de junho de 2012

2951. O concluio das PPP


“Para perceber melhor a displicência do PGR neste caso, denunciado por muitos há muito tempo, é melhor ver este vídeo da SICN, em que José Gomes Ferreira diz expressamente que houve um conluio entre várias pessoas para esta desgraça e esta hecatombe na economia nacional. E disse mais:

Que o destemido, ou seja a PGR já vem tarde de mais. E que o presidente da República ainda terá que explicar porque assinou de cruz os diplomas legais.

Esta é a história de um grande conluio...que tem coniventes.José Gomes Ferreira enunciou os conluiados: alguns políticos, bancos, construtoras, consultoras e grandes gabinetes de advogados. Atravessa e está no coração do regime.
Faltou enunciar outros importantes conluiados: os directores de informação das televisões. Os josés albertos carvalhos e assim outras anas lourenços. Estes são responsáveis no conluio porque sabendo do mesmo, tiveram medo de o denunciar. E trataram de se proteger dos tubarões tornando-se dóceis para o poder e o establishment. São jornalistas de terceira categoria, evidentemente.

Aliás, se alguém quiser saber quem são os conluiados basta desenrolar as páginas deste e doutros blogs, ao longo da última meia dúzia de anos. Estão lá todos, mas todos mesmo”.
(blog “Porta da Loja”)

http://youtu.be/7HuWL0YX7dY

sexta-feira, 1 de junho de 2012

2950. It's now or never!


Outros e mais absorventes afazeres, de ordem principalmente familiar, têm ultimamente vindo a ocupar-me o espírito, as preocupações e o tempo, pelo que não tenho podido manter a disponibilidade anterior. Mas tenho estado mais ou menos atento e não podia deixar de vir hoje relembrar “profecias” que por aqui tenho deixado e que estão a revelar-se inteiramente acertadas. E não sou descendente dos Maias, nem de Nostradamus nem sequer do Bandarra! Serei, apenas e isso sim, mero e curioso observador da cena política nacional & surronding.

Como, desde Março passado, tenho vindo aqui a anunciar que iria acontecer, prosseguem, a cada semana que passa em sucessão geométrica, os trabalhos (es)forçados da Oposição no sentido de, seja como for, derrubar o governo, neste pré-Verão de 2012.

Como igualmente tenho referido, o alcance de tal objectivo é crucial para os interesses que visa o bloco socialista-vertentes várias e festivaleiras do comunismo retrógrado que por aí temos, uma vez que a época estival, em que o País fecha para banhos gerais é pouco propícia a grandes manobras de engrolamento nacional.

Por outro lado é o it’s now or never, pois a subida à cena dos primeiros resultados consolidados da acção que tem vindo a ser exercida pelo executivo – de que os últimos e surpreendentes – para alguns, claro! – desenvolvimentos da crónica da Fitch constituem exemplo significativo (mas só até que as restantes agências notadoras lhe sigam o rasto, para não perderem a face por completo), as coisas começam efectivamente a ser bastante adversas aos oposicionistas e principalmente aos adoradores do “filusufu” du Bois de Boulogne, o que obriga ao uso de manobras de bastidores ainda mais rasteiras do que até aqui.

É, pois, o tudo por tudo, já!, antes de que tarde seja. E o tarde tem também que ver com a saída, muito próxima já, do Encobridor Geral da República das Bananas da Zona Temperada do Norte, acima do Trópico de Câncer e abaixo do Círculo Polar Ártico.

É cada vez mais evidente que todas as manobras vão ter o desastroso resultado, para os seus agentes, que desde sempre se mostrou previsível. Tal circunstância, porém, não se tem mostrado até ao presente suficientemente clara e, portanto, desmotivadora para eles, de molde a que arrepiem caminho. O que é pena, porque, uma vez mais, vão perder o comboio da História e confinar-se à buraqueta de onde momentaneamente saíram.

quinta-feira, 17 de maio de 2012

2949. A hipocrisia galopante

A hipocrisia é uma das mais marcantes características da sociedade portuguesa, melhor dito, de estratos da sociedade portuguesa, sendo o da Oposição e o da maior parte da opinião publicada bem exemplificativos.

Quando se constatou que Portugal não poderia passar sem um pedido de ajuda externa, logo se constatou igualmente que os tempos que estariam para vir seriam duros, muito duros. Havíamos andado a folgar, a rir e a cantar por tempo demasiado e essa postura de irresponsabilidade colectiva iria sair-nos caríssima, como era inevitável que acontecesse.

Quando o pedido de ajuda foi feito e conhecidos os termos do memorando, mais se acentuou a percepção de que o futuro iria ser tudo menos risonho por um período alargado e tanto mais alargado quanto menos decididamente e com custos reais para o conjunto da nação, o problema fosse atacado.

Ora, os custos a suportar – toda a gente com dois dedos de testa o sabia – teriam que fazer-se sentir na diminuição dos rendimentos da população (rendimentos fictícios, como se sabe, por não terem sustentação real no esforço nacional e respectiva produção, pelo que o suporte vinha quase exclusivamente dos impostos que os nossos parceiros europeus pagam).

E a diminuição dos rendimentos gerais teria que resultar – também todos o sabíamos – da abolição de direitos sem suporte e de regalias sem amparo.

A abolição de direitos e de regalias é evidente que teria que visar a diminuição de salários e a perda de emprego para muita gente e bem assim a suspensão de subsídios e outras prebendas similares.

Pretender-se que assim não fosse é ser-se muitas coisas e todas elas pouco dignas, mas, logo em primeira mão, completamente idiota.

Alguém em seu juízo perfeito, de boa fé e consciente das realidades é capaz de vir dizer que, quando lá no respectivo agregado familiar as coisas correm mal sob o ponto de vista económico, a atitude que toma é a de viver como se tivesse ordenado de nababo, em vez de realisticamente apertar o cinto?

Quando no agregado familiar as coisas correm mal, continua-se a pagar à mulher-a-dias ou dispensam-se-lhe os serviços e começa-se a passar a ferro por si mesmo? E, quando se dispensa a mulher-a-dias o dispensante é um patife fascista ou está a zelar pelos interesses do agregado familiar?

Ora, um país mais não é do que um agregado familiar de proporções gigantescas.

Como é que pode alguém bem intencionado pretender que numa situação como aquela em que nos puseram, os níveis salariais se mantivessem intocados e o desemprego ao nível percentual anterior à crise?

Mas isso contradiz tudo o que o senso das realidades determina. Assim sendo, não estaríamos em crise. E estamos assim, precisamente porque alguém nos meteu em crise. E nós ajudámos à festa. Já elegendo-os, mesmo quando vimos que não serviam e que estavam a tramar-nos, já levando vida de ricos, quando não passávamos de pelintras, a viver à custa de terceiros.

Só esta última condição, a de termos vivido tantos anos à custa do esforço e dos impostos alheios, devia ser tal motivo de embaraço para todos nós que uma postura de dignidade obrigar-nos-ia a manter uma atitude de recato e a trabalhar duramente para pagarmos o que devemos e sairmos rapidamente deste lamaçal.

Para nunca mais nele deixarmos que alguém nos metesse.

Pois bem, não é isso a que temos vindo a assistir, o que revela bem a falta de brio e hipocrisia que assola a sociedade portuguesa actual, de que são bem representativas as atitudes dos que isto causaram e agora começam a querer aparecer como se limpos estivessem e os culpados sejam aqueles que estão a esforçar-se por devolver a dignidade ao país e aos seus cidadãos.

Com sacrifícios, sim. Porque sem sacrifício ninguém consegue seja o que for. Porque é o sacrifício que limpa a alma e redime o pecador.

quarta-feira, 16 de maio de 2012

2948. Coimbra 2011

 
Coimbra 2011 - um outro olhar, um sentimento perene



2947. Seguro, cheerleader de Hollande


E sclarecimento, talvez desnecessário:

"Cheerleader" significa chefe de claque.

Trata-se daquelas meninas que a anteceder os eventos desportivos e no seu intervalo, animam as hostes, abanando os seus atributos e plumas ou pompons, o que intenta nas ditas hostes, causar descompressão da tensão nervosa e, ao mesmo tempo, despertar a ocular.

Não fazem parte do espectáculo principal, o que realmente conta, mais não sendo do que mero derivativo, inconsequente, de foguetório, para distrair.

Se for necessário, são levadas mesmo a correr atrás das canas dos foguetes dos festejos, para que não fiquem espalhadas pelo recinto, em amontoado de fim de festa desleixado.

segunda-feira, 14 de maio de 2012

2946. As bichas de racionamento


D epois da aventura do 1º de Maio, em que dezenas de milhares de desgraçados “raparam” de cem euros cada um e foram para as bichas do Pingo Doce, mostrar como dinheiro é escasso, depois de ter sido amealhado, mais do que nunca, de há 20 anos para cá, nos cofres das contas bancárias das várias classe médias que por aí pululam à míngua, agora calhou a vez de Armação de Pêra.

Mais um exemplo impressionante de como a crise está a afectar os portugas foi dado este fim-de-semana, naquela, praia algarvia.

A crise é tão grande, tão violenta, tão desmedida, tamanha, que a oferta de produtos de primeiríssima necessidade se mostra incapaz de satisfazer todos os necessitados que buscam um pequeno conforto – por mais ínfimo que seja – que lhes amenize as agruras do dia-a-dia.

Foi então que tiveram de recorrer a meios drásticos, para tentar, numa fila interminável, conseguir um lugar que lhes permitisse obter o produto de que tanto estavam a necessitar para o sustento no dia que aí vinha.

E a solução qual foi? Começarem a formar “bicha” às onze da noite da véspera, esperando pelo manhã seguinte em que, de permeio com uns quantos empurrões, certamente imensos palavrões e outros gestos de delicadeza extrema, que isto de boa educação e civismo é apenas com os pobrezinhos todos muito bem educadinhos, arrancarem para si e para os seus o produto tão desejado e tão necessário à respectiva subsistência.

E, como a crise é geral, a todos contemplando, era “malta” de todos os recantos do país, do Minho ao Algarve e só não até Timor, porque entretanto o Império… fora-se, oh, fora-se!

Mas que produto de primeiríssima necessidade é esse, que obrigou as pessoas a passarem uma noite inteirinha sentadas em cadeiras de plástico ou deitadas em soleiras de portas, na esperança de não perderem a oportunidade de matarem a fome que os atormentava?

Se é fome, só pode ser de pão, arroz? Ou batatas, cuja falta tanto os tem feito sofrer!

Não, que ideia. Trata-se de produto de muito maior carência e necessidade, que satisfaz as mais primárias necessidades de qualquer ser humano que se preze, ainda que sem dinheiro para o adquirir:

O toldo de praia !!!

Portugal está assim, que se lhe há-de fazer?

Nota:
Eu não estive lá porque, como bom capitalista, fiquei em casa, aqui na margem do Sado, a comer roer cartilagens de camarão do fino e cascas de lagosta da grossa, que é com o que diariamente mato a desgraçada da fominha.

segunda-feira, 7 de maio de 2012

2945. As SCUTs

É conveniente relembrar...

O escândalo das SCUTS explicado mais em pormenor, em reportagem da TVI, de 11 de Maio de 2011.


Veja 


quarta-feira, 2 de maio de 2012

2944. Duas histórias da actualidade portuguesa (2)


C omo é hábito cá por casa, semanalmente, hoje calhou irmos fazer o rancho ao hipermercado de onde gastamos.

Ora, calhou-me ser eu a ter de ir procurar o açúcar de que precisamos para. Aproximei-me da bancada e, tendo recolhido a embalagem que me interessava, preparava-me para abandonar local quando fui interpelado por uma senhora, pedindo-me que lhe chegasse uma embalagem de outra marca de açúcar. Prontamente acedi. No entanto, reparando no preço, virei-me para a senhora que estava já a arrumar a embalagem no carrinho das compras e disse-lhe:


- Desculpe-me, mas permite-me que faça uma observação?

- Certamente, faça o favor.
- Reparo agora que a senhora vai levar o açúcar da marca “x” que é um bom produto, sem dúvida, mas talvez não saiba que o açúcar da marca da casa, ou seja, “branca” é mais barato…
- Pois é…
- … mas, além de substancialmente mais barato é o… mesmo.
- ?!?
- Sim, o mesmo. Tal como acontece com o leite UHT e tantos outros produtos, o açúcar com a marca deste hipermercado é o mesmo, é embalado no mesmo sítio que esse da outra marca que a senhora leva. A diferença está apenas na embalagem.
- Não me diga!...
- Posso garantir-lhe que é. Sei de fonte segura. E já reparou bem na diferença de preços entre ambas as embalagens, ambas de 1 quilo? De modo que é muito mais conveniente usar a marca “branca”.
- Sendo assim, tem toda a razão. Agradeço-lhe a informação. Mas, sabe… estou habituada a esta marca, pelo que a levo.

Cai o pano, com uma síncope, apenas faltando esclarecer um pormenor. A embalagem de 1 quilo do açúcar da marca que a senhora levou custava 1,39€; a embalagem, igualmente de 1 quilo do mesmíssimo açúcar, da marca da casa, “branca”, portanto, custava 0,95€ A diferença é, pois, de apenas 0,44€. Coisa pouca num singelo quilo de açúcar!...

Que se há-de fazer?!

Portugal está assim. Por mais que algumas almas queiram desmentir, Portugal está mesmo assim.

2943. Duas histórias da actualidade portuguesa (1)



N ão sei se Vocências se aperceberam do charivari, ou seja, chinfrim, balbúrdia, desordem, alvoroço, gritaria que ontem se armou nas lojas do Pingo Doce.

Já sei que vai haver algumas  almas muito piedosas que virão logo com lições de moral, dizendo que aquilo que Alexandre Soares dos Santos fez é uma patifaria aos trabalhadores e aos consumidores.

Mas confesso que estou marimbando-me para essa parte da questão, muito embora tenha alguma dificuldade em perceber como é que os consumidores se irão mostrar muito danados com o homem, depois do bodo que receberam e mesmo os trabalhadores, quando chegar o momento do pagamento que lhes vai ser feito do trabalho extraordinário que ontem tiveram. Mas, como disse atrás, não quero saber dessa questão.

O que me traz aqui é o seguinte:

Pelos vários estabelecimentos do Pingo Doce espalhados pelo País passaram ontem, dezenas de milhares de pessoas, que se empurraram, se insultaram, se bateram, se esgadanharam, pintaram a manta, para chegar aos produtos que lhes interessavam. Foi engraçado, mas também não é isso que me ocupa neste post.

O que me ocupa neste post é o que segue.

Não sei se Vocências repararam que houve ontem dezenas de milhares (pelo menos!) de pessoas que entraram nos estabelecimentos Pingo Doce para fazer aquisição de bens.

Pois….

Até aqui nada de surpreendente. As pessoas foram ao engodo de preço anormalmente aliciante, bónus antes insuspeitado. Portanto, tudo “normalmente normal”.

Só que… para terem acesso esse aliciante, a esse bónus, necessitavam de fazer compras no valor mínimo de 100 euros.

Então, é assim:

ontem, dia 1º do mês de Maio do ano da graça de 2012 da Era de Cristo Nosso Senhor, houve em Portugal – onde, rezam as crónicas de vida, diárias, se morre de penúria – dezenas de milhares (pelo menos!) de pessoas que dispunham, sob as mais diversas formas (dinheiro vivo, Multibanco, cartão de crédito, etc.) de 100 euros por cabeça, prontos a ser gastos.

Mais:

Não consta que nenhuma dessas pessoas fosse mulher, irmã, filha, enteada, sobrinha, neta, bisneta, trineta, tetraneta, amiga colorida, conúbia, e por aí fora de, por exemplo Joe Berardo ou Américo Amorim ou Duarte Lima ou José Pinto de Sousa ou outro qualquer assim, pela simples razão de que as mulheres, irmãs, filhas, enteadas, sobrinhas, netas, bisnetas, trinetas, tetranetas, amigas coloridas, conúbias desses ilustres senhores não se metem nessas coisas, por não precisarem e essas coisas se destinarem ao povoléu ou povo ao léu e não a elas.

Mas nem elas nem outras com rendimentos menos avultados, mas razoáveis ainda assim. Quem se mete nestas coisas são as gentes da classe média, maioritariamente da média baixa

Portanto e resumindo, houve ontem dezenas de milhares (pelo menos!) de pessoas do povoléu que dispuseram, sob as mais diversas formas (dinheiro vivo, Multibanco, cartão de crédito, etc.) de 100 euros – uma centena de euros!!! – por cabeça, prontos a ser gastos.


Alexandre Soares dos Santos tem destas coisas, raios o partam! De uma assentada, com é hábito, destrói, deita por terra, teorias e conceitos aceites como certos e que, afinal não passam de endrominações sem jeito.

E mais, num só gesto, demonstra aquilo que alguns, como eu e outros, de há muito andamos a tentar demonstrar por escrito.

Que se há-de fazer?!

Portugal está assim. Por mais que algumas almas queiram desmentir, Portugal está mesmo assim.

Por alguma razão os depósitos bancários têm vindo a crescer anormalmente, para o que era hábito.