Os portugueses têm de salvar-se de si próprios, para salvarem Portugal

sábado, 24 de fevereiro de 2007

900. Ai juro... juro!


Num tribunal de uma pequena comarca de província, o advogado de acusação chamou a sua primeira testemunha, uma velhinha de idade avançada e avó.

Aproximou-se dela e perguntou:

- Sra. Maria: a senhora conhece-me?

- Claro que te conheço. Desde pequenino. E, francamente, desiludiste-me. Mentes descaradamente, enganas a tua mulher, manipulas as pessoas e falas mal delas pelas costas. Julgas que és uma grande personalidade quando nem sequer tens inteligência suficiente nem para ser varredor. Claro que te conheço.

O advogado ficou branco, sem saber que fazer. Depois de pensar um pouco, apontou para o outro extremo da sala e perguntou:

- Sra Maria: conhece o advogado de defesa?

- Claro que sim. Também desde a infãncia. É cobardolas, tem problemas com a bebida, nao consegue ter uma relação normal com ninguém e na qualidade de advogado bem, aí... é um dos piores que já vi. Alé
m disso, engana a mulher com três mulheres diferentes, uma das quais, curiosamente, é a tua. Sim, conheço-o. Claro que sim!

O defensor ficou em estado de choque.

Então, o juiz pediu a ambos os advogados que se aproximassem de si e, em voz muito baixa, disse:

- Se a algum dos senhores ocorrer perguntar ao diabo da velha se me conhece, juro-vos que o meto na cadeia!
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(Com um beijinho à Lili)
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899. Sócrates e a igualdade de oportunidades


Sócrates: Ainda há muito por fazer no combate à discriminação

O primeiro-ministro, José Sócrates, afirmou esta sexta-feira que Portugal já deu passos significativos no âmbito da igualdade de oportunidades e no combate à discriminação, mas admitiu haver ainda muito para fazer.

«Claro que a igualdade de oportunidades compete, em primeira linha, ao Estado, mas não apenas ao Estado, também aos cidadãos, a cada um de nós e cada cidadão tem o dever de contribuir para uma sociedade livre», disse o chefe de Governo na cerimónia de apresentação do Plano Nacional de Acção do Ano Europeu da Igualdade de Oportunidades.

José Sócrates congratulou-se com o «orgulho que é para Portugal poder exercer a presidência da União Europeia durante o Ano Europeu para a Igualdade de Oportunidades».
Diário Digital

* * *

Ora, se há, noss'primêro, se há!

Quanto a discriminação e igualdade de oportunidades, o senhor, noss'primêro, Vossa Reverência, é uma verdadeira autoridade.

Só não estão aí para o atestar os morituri porque, como sabe, ainda nascituri, vão morrer mesmo. Por sua humanística iniciativa. Não fora esse facto desprezível e certamente que eles seriam os primeiros a atestar essa sua indiscutível autoridade. Uma pena, não concorda, noss'primêro?

E uma pena, porque eles é que saberiam avaliar bem essa sua característica. Os viventes "são muito... voláteis", como diria o seu camarada de lides, Jorge Coelho.

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(A partir deste post da "Sulista")
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898. Shangai - 9

Click na foto, para ampliar

Peço a atenção para a circunstância de, em todas as fotografias que publiquei e vou ainda publicar, se poder constatar que, tal como anteriormente afirmei, também aqui e à semelhança de Beijing, quase não há um arranha-céus - ou um conjunto de dois ou três - que não tenha junto de si espaços verdes e, mesmo quando isso não seja muito possível, pelo menos arborização razoável.

Isto, sim, revela preocupação com qualidade de vida, numa metrópole habitada por mais de 20 milhões de pessoas.
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sexta-feira, 23 de fevereiro de 2007

897. O calafrio de Jorge de Sena

Um calafrio me percorreu, de pensar que eu podia ter descido também, num balde despejado, pela pia abaixo (como outros irmãos meus que os meus pais não tinham querido).

E reagi, pensando maldosamente, como seria bom que soubéssemos, retrospectivamente, quem mandar a tempo por aquele caminho.


Jorge de Sena
Sinais de Fogo, Cap. XXIX

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896. Shangai - 8

Click na foto, para ampliar


Esta não é uma das maiores avenidas. No entanto, atente-se na zona rodoviária (5 faixas), na zona cicloviária (1 faixa, mesmo a calhar para o Carneiro...) e na zona pedestre (1 faixa), em cada sentido da via... E as três zonas bem delimitadas. Em Pequim ainda é notória essa delimitação.

Anote-se igualmente o arvoredo.



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quarta-feira, 21 de fevereiro de 2007

894. "Dez mandamentos do Estado para..."

Vá ler este post de António Balbino Caldeira, em Do Portugal Profundo.

Quanto mais não seja para estar informado acerca de pode acontecer de um momento para o outro.
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893. Ainda o novo aeroporto de Lisboa

O professor António Brotas, de quem aqui já falei em ocasião anterior, concedeu uma entrevista ao semanário O Diabo. A determinada altura, em resposta a uma pergunta, disse o que adiante se poderá ler:

Semanário O Diabo - Alguns especialista também já criticaram o facto do Governo ter optado pela construção do metropolitano quando já havia planos para o aeroporto de Lisboa sair da Portela. Acha que estamos perante mais um grande negócio de especulação imobiliária?

António Brotas - Estava previsto que a linha vermelha do metro se prolongaria para fora de Lisboa para o lado de Sacavém. Era uma solução que evitaria a entrada de dezenas de milhares de carros em Lisboa. Recentemente, foi tomada a decisão (que não foi, que o saiba, discutida em nenhum dos orgãos da Municipalidade) de inflectir para a esquerda esta linha para a fazer chegar ao Aeroporto da Portela.


A Avenida de Berlim, que vai da Portela à gare do Oriente, tem cerca de 2 km. É um trajecto inferior ao de muitos trajectos no interior dos grandes aeroportos. Era incomparavelmente mais barato e mais cómodo para os utentes comprar e utilizar 4 autocarros com fácil entrada para as bagagens, que fizessem o trajecto intercalados de 5 em 5 minutos, com os bilhetes para os passageiros dos aviões incluídos nas taxas do aeroporto. Esta solução foi-me sugerida pelo senhor Rui Rodrigues que tem escrito muito sobre estes assuntos.

Não penso que a insistência num aeroporto na Ota seja devida só a interesses imobiliários. Há o interesse dos grandes construtores, há o interesse da "indústria dos estudos", há os consórcios interessados em ter o domínio e o exclusivo sobre os aeroportos de um país.

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terça-feira, 20 de fevereiro de 2007

892. A "leitura não evidente" do ministério da justiça

Esta só mesmo de terça-feira de Carnaval!

Mas não é para rir. Pelo contrário, é para chorar.

Se digo que é de terça-feira de Carnaval é apenas porque se trata de uma autêntica… ai, caramba!, não me recordo da palavra. Quando do governo Santana Lopes, falava-se em “trapalhada”, mas não é essa palavra, não. Ah! Qual é ela, qual é?... E não me recordo, hein?! Esta memória, ai esta memória!...

Bem, adiante!

Como é do conhecimento de toda a gente – mesmo dos mais “ausentes” destas coisas, que os há sempre, e até esquecidos – aqui há tempos, o presidente da república indultou um fulano que fora anteriormente condenado a pena de prisão e que se pusera ao fresco, sem cumprir um dia sequer da pena, existindo até pendentes, mandados de captura, ao que diz de cariz internacional.

Toda a gente entrou em delírio e com razão. O que aconteceu é um escândalo e só foi possível pela cultura de laxismo e incompetência que de há muito vigora em Portugal, mas que tem vindo a agravar-se de forma assustadora nos últimos tempos.

Pois bem, foi decidido que se iria apurar os factos e atribuir-se as responsabilidades inerentes. Comme d’habitude, évidemment. Já se sabe bem do que a “casa” gasta…

Então não é que o ministério da justiça, portanto, o ministro da justiça, de sua graça (nem de propósito, hein?) Alberto Costa, apareceu agora justificar o sucedido com um argumento de truz?

E qual foi ele, qual foi?!?! Pois bem, prepare-se:

Tudo se ficou a dever a um documento que instruiu o processo de concessão do indulto que (sente-se, segure-se…), “não era de leitura evidente”!!!

Hã! É capaz de repetir, ó sôr ministro?! O que é que isto quer dizer? Que o tal documento estava:

- mal escrito?
- redigido em chinês antigo?
- de pernas para o ar?
- com o texto de costas?


O quê, santo Deus?! “Não era de leitura evidente”?! Esta não lembraria a ninguém. Mas o que é que será de leitura evidente? E de leitura não evidente?

Mas, acresce que o ministro, através do ministério, nem se deu ao trabalho de esclarecer para quem é que o documento “não era de leitura evidente”. Limitou-se a acrescentar que a responsabilidade não cabe ao presidente da república. Também era o que faltava que a responsabilidade fosse do homem de Belém! Esse tem responsabilidades, sim, mas serão de outra índole.

Sabendo-se de quem não é a responsabilidade, é de toda a conveniência saber-se de quem é. Ou não?! Sim, é absolutamente indispensável que se saiba a quem se fica a dever tanta incompetência e laxismo. Ou, mesmo, quem ou que entidade é incapaz de interpretar de forma correcta e adequada o que lê. Dito de outra forma: quem ou que entidade sofre de grave iliteracia, isto é, lê mas não compreende, não assimila o que lê.

E quem será esse alguém ou essa entidade?


* Os serviços judiciais?
* Os serviços do ministério?
* Os serviços da presidência da república?
* O ministro ele mesmo?
* O vendedor de castanhas assadas à porta do ministério?
* O atracador dos cacilheiros?

Quem, afinal, gente de Deus? Quem?! Quem ou o quê, meus senhores, sofre desse tormentoso problema de iliteracia?

Para quem não se arrepiou até agora e esse "não-arrepio" se ficou a dever à circunstância de ignorar como se passam estas coisas até ao indulto e pense que se trata de processo extraordinariamente complicado, deixe-me que explique, ainda que de forma sucinta, para que melhor possa apreciar o caso:

Um indivíduo é julgado por determinado crime e condenado a uma pena de prisão que tem que cumprir mesmo. Como está ausente em parte incerta não pode ser preso, pelo que o tribunal emite e distribui mandados de captura, para que o homem seja preso e vá cumprir a pena em que foi condenado.

Todos estes factos, acusação, transformada em pronúncia, julgamento, condenação, declaração de que está ausente em parte incerta, emissão de mandados de captura, etc, e respectivas datas, tribunal, juízo e secção em que tudo se passou, ficam a constar do seu cadastro, no registo criminal.

Tudo bem até aqui? Ora muito bem. Também não é difícil. Tal como o que vem a seguir.

E o que vem a seguir é isto:

Chegada a hora de se conceder indultos, organiza-se o respectivo processo e faz-se a lista dos presos (leu bem, sim senhor, PRESOS, não dos que estão em liberdade…) que estarão em condições – pelo comportamento que têm tido na prisão, etc. – de receber a benesse do indulto, indulto esse que pode ser o perdão do cumprimento de toda a pena restante ou apenas de parte dela.

A esse processo junta-se um documento indispensável, para se saber se o homem não andou a cometer outras patifarias: trata-se do certificado do registo criminal. Sim, aquele que referi lá em cima e de que constam, eu repito, eu repito:

- acusação, transformada em pronúncia,
- julgamento,
- condenação,
- declaração de que se encontra em parte incerta,
- nota de que existem mandados de captura emitidos e expedidos

bem como
- as datas de todos aqueles eventos,
- o tribunal,
- o juízo
- e a secção em que tudo se passou

para além da completa
- identificação do sujeito, com alcunhas incluídas.

Ou seja, está lá toda história do homem.


Feita a apreciação de todo o processo pelos serviços (in)competentes, o mesmo processo é, com o parecer respectivo, entregue no MJ, onde os respectivos serviços o escalpelizam (deveriam escalpelizar, melhor dito) e o entregam ao ministro que, por sua vez, após nova verificação, o apresenta pessoalmente ao presidente da república, para que conceda o indulto que ele, ministro, lhe vem propor. É claro que este, no fim de tudo, depois de tantas verificações e reverificações, não vai, por sua vez, esmiuçar tudo. Nem lhe cabe a ele tal papel. Era o que mais faltava! Há que ter confiança no governo, nos serviços, no ministro, caramba!

Pressupõe, evidentemente, que, estando onde estão, todos cumpram os seus deveres, com escrúpulo e pundonor. Até porque é para isso que são pagos. Como é que é, pois, concebível que, somente depois da "barracada" é que, tendo procedido a averiguações, como sempre "exaustivas", o ministro da justiça, através do ministério que tutela, conclui pela caricata "não evidente leitura" de um documentito?

Ora muito bem: de todos os dados que acima elenquei, quais os que, no entendimento do ministério da justiça, portanto do ministro da justiça, “não serão de leitura evidente”?

* o nome do condenado?
* de que era acusado?
* em que pena foi condenado?
* em que tribunal, juízo ou secção?
* que está ausente em parte incerta?
* que há mandados de captura emitidos contra ele?
* quando é que tudo teria acontecido?
* qual a filiação do homem?
* qual a naturalidade do dito?

* quais os sinais particulares que se lhe notam?

O quê, santo Deus!, o que é que "não é de leitura evidente"?

Quem é que se imagina a viver tal história? E quem é que anda a “chuchar” com o pagode? Isto, senhores, acontece num processo de uma simplicidade notável. E que acontecerá na maioria deles, que são muito mais complicados? Imagina-se, não?!

Só em quadra de Carnaval esta justificação poderia ter aparecido, não acha? Ou será que não. Será que poderia aparecer em qualquer outra quadra, com este ministro e com estes serviços? Valha-nos São Judas Tadeu, padroeiro dos aflitos!... Talvez nem esse consiga. É que nós já nem estamos aflitos. Estamos, sim, à rasquinha!... E, para gente nas nossas circunstâncias, já não haverá santo que valha.

E cá vamos, cantando e rindo, levados, levados sim…


Ridículo! Desconsolador mesmo. Não é mesmo uma tristeza?

891. Desemprego em Portugal

Mas esta terça feira de Carnaval ainda não acabou. Nem podia acabar sem uma parte humorística da parte do escol que nos governa...

Ora imagine que os vários ramos do Estado, tutelados pelo mesmo governo (não se iluda, não é por vários governos, mas sim pelo mesmo, este que nos calhou na rifa...) desataram agora a divergir substancialmente nos números do desemprego actual no País.

Imagine que veio o Instituto Nacional de Estatística (INE), aqui há não mais do que uma semana, disponibilizar números que garantem que nunca a taxa de desemprego foi tão alta em Portugal. Atinge 8,2%, percentagem com que jamais alguém sonharia. Basta relembrar que a percentagem de desempregados, à data em que cessou funções o "incompetente" governo Santana Lopes, rondava os 6%!...

Pois bem, apareceu seguidamente o Banco de Portugal (BP), do conhecidíssimo socialista Vítor Constâncio, o bombeiro de serviço, que, sempre que o socrático governo entra em aflição, desencanta números que só ele vê, através dos quais se constata que tudo está no sétimo céu cá pelo reino. Que disse ele? Que o desemnprego, ao invés de ter subido, baixou.

Outros, sem tanta importância e também sem carros tão luxuosos, foram dizendo que sim, baixou, ou não, subiu, até que, hoje, aparece o Instituto do Emprego e da Formação Profissional (IEFP) dizendo que é verdade, o desemprego baixou, em comparação com há um ano, muito embora tenha subido em Janeiro.

Não conseguem entender-se entre eles. E são tutelados, repito, pelo mesmo governo. É o desgoverno total!

Imagine que até o Secretário-Geral da UGT, o socialista João Proença, a quem os jornalistas foram a correr pedir a opinião, tendo ficado serm fala, se limitou a dizer que o melhor era esperar pelos dados oficiais referentes ao ano passado, que o INE (entidade que trata das estatísticas em Portugal... o tal dos 8,2%...) há-de fornecer. E por aqui se ficou, no que fez muito bem, digo eu, porque com gente desta, nunca se sabe.
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(não se vá já embora, que a terça-feira de carnaval ainda está a decorrer e quarta-feira de cinzas é apenas amanhã...)

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890. Columbano Bordalo Pinheiro



Aproveitando estra terça-feira de Carnaval, sem graça nenhuma cá pelo burgo (Setúbal como Lisboa), fomos, a Isabel e eu, ao Museu Nacional de Arte Contemporânea (mais conhecido como Museu do Chiado), apreciar uma exposição de quadros do considerado maior pintor português do séc. XIX, Columbano Bordalo Pinheiro.

Valeu a pena!

Confesso que, embora amador de pintura, de Columbano, ao vivo, apenas conhecia um quadro: o retrato de Teófilo Braga, que está no Palácio de Belém.

Dos restantes, tinha visto uma ou outra fotografia e nada mais.

Fiquei admirador confesso e vou deixá-lo na galeria de pintores portugueses de que muito gosto, como José Malhoa, Carlos Botelho e Maria Helena Vieira da Silva, isto para não citar outros.

Se me permite um sugestão, dir-lhe.ei que, se tiver tempo e disponição, não perca. São belíssimos trabalhos, a que apenas faltam, como a tantos outros de artistas portugueses, a divulgação a que fazem inteiro jus.

Basta ver que, dos artistas universais, está a Web cheia. Porque a Arte é para se ver e apreciar, não para guardar am baús poeirentos, em cantos escusos. Dos portugueses, porém, apenas conheço um site que reproduz alguns quadros. É o mesmo de sempre e em todas as actividades...

Para aguçar o apetite, deixo-lhe aqui a reprodução do quadro "O grupo do Café Leão" e um auto-retrato do artista.
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889. Alberto João Jardim


Alberto João Jardim é um político truculento.
Mas sério.
Alberto João Jardim é trabalhador e competente.
Fez pela Madeira o que gerações de políticos não fizeram pelo Continente.
Alberto João Jardim é um político incómodo.
Mas com razão para o ser. Quase sempre.
Alberto João Jardim diz alto aquilo que os restantes políticos pensam mas não são capazes de dizer.
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* * *
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Desta vez e uma vez mais, tem toda a razão. E actuou em conformidade.
Tem tanta razão que, desta vez, até o PCP e o BE vieram reconhecer a razão que lhe assistia, porque o que o governo da república fez é simplesmente um escândalo.
Para o PCP e o BE virem reconhecer que Alberto João tem razão, imagine-se a razão que o homem não terá!...
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Para mim existe apenas um senão em Alberto João.
Para se ter razão e evidenciar essa razão perante todos e de forma conclusiva, não é preciso gritar nem insultar seja quem for.
Ao actuar-se desse modo, perde-se um pouco da razão que se tem.
Embora permaneça intocada toda a restante!...
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segunda-feira, 19 de fevereiro de 2007

888. Portugal: Democracia abortiva

Portugal: démocratie avortive - la suite

Le référendum portugais sur la légalisation de l'avortement est un échec, puisque la participation n'a pas dépassé les 50% nécessaires pour la validation du référendum.


Est-ce que la question va donc être enterrée ? Et bien non, le gouvernement portugais va tenter cette fois-ci de passer par le parlement. Quelle belle conception de la démocratie, n'est-ce pas? Cela me rappelle cette histoire de référendum sur la constitution européenne: le peuple a voté négativement, mais on essaie de l'imposer quand même. On remarquera la présentation pleine de condescendance de l'article de TF1 :

Dans ce pays encore fortement imprégné de catholicisme [...]

Comme si être catholique c'est être sur la sortie et donc être has been...

(…)
lundi, février 12, 2007

dieu-seul.blogspot.com
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887. Sócrates em versão “gauloise”


Ségolème Royal, candidata socialista ao cadeirão da presidência da república francesa tem todas as características necessárias para atingir o desiderato que persegue.

Não. Não pelo facto de a madame se chamar Ségolème, muito embora um tal nome ser muito sugestivo e indicativo já. De facto, não é para todos conseguir “seguir ao leme” mesmo antes de o poder fazer…

Mas, talvez porque tenha seguido o socrático percurso, haja aprendido umas quantas prestidigitações e esteja agora a aliar a prática à teoria. Vai daí, promete tudo e mais alguma coisa, desconfia-se que o que sabe que pode fazer mas, de forma muito especial, o que sabe que não é possível. Mas, na verdade, que interessa isso, que interessa a verdade, quando o objectivo está na conquista do poder? Ignora-se, porém, se entre as promessas está também "a do bacalhau a pataco".

Segundo rezam as crónicas de então, na visita à China, em Janeiro último, a senhora foi um festival, de tal modo se esforçou também pelos “votos” chineses... Na ânsia incontível de sobressair, até terminologia gauloise inventou (substituindo a velha e gasta, desbotada mesmo, “bravoure” pela novíssima, cintilante e a estrear “bravitude”, que será a modos que uma espécie de “brave attitude”).

Sabe-se que a área politica da referida senhora – mas não a confinada à França – é extraordinariamente prolífica na criação de situações similares (Mário Soares foi sempre o expoente máximo, mas, reconheça-se, tem sido bem secundado…), de tal modo que os eleitorados já não estranham e até acabam por achar piada e aderir.

Veremos se desta vez assim acontece também.

domingo, 18 de fevereiro de 2007

886. Reflexão alheia...

O fraco jamais perdoa, porque o perdão é característica exclusiva do forte.
Mahatma Gandhi
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sábado, 17 de fevereiro de 2007

885. As boas surpresas para os reformados pobres

O documento que reproduzo junto deste texto, é, depurado das partes que não interessam para a apreciação do caso, uma factura autêntica da PT, referente ao mês de Novembro de 2006.

O telefone a que respeita a factura pertence a uma pessoa viúva, idosa (83 anos), que tem como único provento regular a pensão social de 230,00 €, e vive sozinha, a 240 quilómetros da família, pelo que necessita de diariamente ser acompanhada telefonicamente.

Abro aqui um parêntese, que vem muito a propósito, muito embora se trate de uma outra história a que, aliás, se vai dar remédio imediato, como abaixo esclareço.

Os contactos diários que referi são efectuados pelos familiares, pelo que o custo das chamadas feitas são contabilizados nos telefones desses familiares, que os pagam, evidentemente, pelo que a titular do telefone o tem praticamente para receber telefonemas.

Serve isto para dizer que a idosa reformada e octogenária em questão não faz as chamadas, nem locais e muito menos nacionais, menos ainda internacional que constam das facturas. As facturas dos outros meses são similares, variando muitíssimo pouco, ou seja, em cerca de um total de 4 a 5 chamadas de uma factura para outra.

Bastará que se diga que 16 chamadas locais, a que acrescem 28 nacionais e 1 internacional, somam um total de 45 chamadas mensais, o que dá 1 e ½ por dia. Uma e meia por dia aos 83 anos de idade, mesmo para mulher... caramba!!! Só a PT descobriria uma destas…

Tratando-se, como digo atrás,

* de uma pessoa de 83 anos,
* com o rendimento mensal de 230,00 €,
* não tendo ninguém de família ou amiga a residir no estrangeiro,
* vivendo numa aldeia com cerca de 200 pessoas,
* morando todas elas junto umas das outras,

deve ser difícil que alguém acredite que faça este número de chamadas mensalmente, ou seja, 1 e ½ por dia, sem falhar um único dia. Ou não?

Ainda por cima sendo os familiares mais próximos que efectuam – e pagam nas suas contas telefónicas – as chamadas de contacto diário.

Antes de encerrar este parêntese, seja-me permitido deixar uma sugestão a cada um que me esteja a ler: se tem telefone fixo não se esqueça de exigir factura mensal detalhada. Digo-lhe isto porque também cá em casa, desde que passámos a exigi-la, a conta telefónica baixou para metade do que era antes. Não faço quaisquer comentários. Limito-me a relatar factos.


E fica fechado o parêntese, pelo que regressamos ao assunto que me trouxe a este escrito.

Como se pode ver no interior do tracejado a vermelho, o Estado subsidiava estes reformados - refiro-me ainda e sempre aos das pensões sociais de 230,00 € mensais, já que com os outros não sei o que aconteceu – em 6,330 €, correspondente a 50% do montante da assinatura mensal do telefone.

Tal desconto, porém, só era atribuído a quem satisfizesse as condições referidas, e anualmente fizesse prova de que assim continuava, mediante apresentação de documento oficial emitido pela junta de freguesia.

Pois bem, chegado momento de renovar o documento, a titular do telefone em causa dirigiu-se à Junta de freguesia, para o efeito.

Debalde. Mal ali chegada, foi-lhe dito que não seria precisa qualquer renovação, uma vez que o “Estado” resolvera acabar com esse grandíssimo privilégio e o “decepara” do Orçamento de Estado para o corrente ano.

Limito-me a transcrever factos passados. Não emito juízos. Serão necessários? Apenas deixo uma pergunta: alguém tem que pagar a crise, não é assim?

Desculpem, mas não resisto a um comentário da Isabel, aqui ao meu lado:

- Está visto que a socrática governação é a que mais convém ao país. Por este andar, não tarda nada, temos todos os nossos problemas resolvidos, pois que o Estado passa a dar lucro. Verás que Portugal ainda vai ser um negócio catita!
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Nota. - Claro que não foi apenas por isto, mas foi também por isto - esta capacidade de, com uma frase directa ao alvo e cortante, reduzir à sua expressão mais simples aquilo que parece ser difícil de caracterizar – que casei com ela. Podem crer.
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sexta-feira, 16 de fevereiro de 2007

884. Co-incineração e outros crimes



Providência cautelar pede suspensão das licenças da Sécil

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As câmaras de Setúbal, Palmela e Sesimbra entregaram hoje no Tribunal Administrativo e Fiscal de Almada mais uma providência cautelar contra a co-incineração, desta vez para suspender os licenciamentos atribuídos à Secil pelos Institutos do Ambiente e dos Resíduos.

"Esta acção cautelar é o encerramento de um ciclo de acções que nós movemos contra a co-incineração", disse o advogado Castanheira Barros, que representa as três autarquias da área do Parque Natural da Arrábida, que se opõem à queima de resíduos perigosos na cimenteira do Outão.

"Trata-se de uma providência cautelar que visa obter a suspensão dos licenciamentos concedidos à Sécil - licença ambiental, licença de instalação e licença de exploração - pelo Instituto do Ambiente e pelo Instituto de Resíduos", acrescentou Castanheira Barros.
RTP online
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As câmaras municipais e outros cidadãos abrangidos pela "zona de intervenção" da Sécil - e seus efeitos -, andam numa roda-viva, tentando obstaculizar, impedir mesmo, de vez, a co-incineração na Sécil do Outão.
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Desejo-lhes as maiores felicidades em todo o processo, pois que também eu sou contra este crime que José Sócrates em devido tempo prometeu/ameaçou que cometeria e está efectivamente a levar a efeito.
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E desejo-lhes e a todos os cidadãos - principalmente aos de Setúbal, que, muito embora, sabendo da ameaça que o noss'primêro fizera, não cuidaram de se precatar e foram (também na cidade do Sado) a correr para as urnas, oferecendo-lhe de mão beijada uma maioria bem maior até do que no resto do País. Estavam, pois, a pedi-las. E aí as estão a levar. O que talvez não seja mal feito.
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O problema é que eu - e outros como eu - que já sabíamos como iria ser e não alinhámos - não alinhamos nem alinharemos - com S.Exª, também apanhamos. Por tabela, claro!
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Assim, oxalá que os movimentos que se geraram contra o crime ambiental - mas não apenas ambiental - sejam bem sucedidos. Do que duvido, mas enfim...
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Mas a Secil não deve ser confrontada com as suas responsabilidades apenas na questão da queima dos resíduos, negócio chorudo que faz mexer muitos interesses.

É que a cimenteira tem andado, de há muitos anos a esta parte, a arruinar a Serra da Arrábida de forma irremediável, transformando num enorme buraco sem vida o que antes era um dos mais belos hinos à natureza selvagem existentes no nosso País.
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Bem se esfalfa a cimenteira por propagandear que, para compensar os estragos provocados, já plantou - em reflorestação - milhões de árvores.
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É isso o que os responsáveis pela Sécil dizem. O que diz a realidade - documentada também por fotografia de satélite que vai aqui reproduzida - porém, é bem diverso. Como se pode constatar, a devastação causada já não tem remédio em boa parte da serra. E das árvores plantadas pela Sécil, nem rasto visível!...
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Ora, se assim é com a actividade normal da cimenteira, é de deixar que tudo se agrave, agora com a co-incineração? Evidentemente que não.
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Mas que a maioria dos eleitores setubalenses merecem o que está a passar-se ou venha ainda a acontecer, lá isso...
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883. Goya - La maja desnuda

La maja desnuda
Francisco Goya
1803 - óleo s/tela
Museo del Prado, Madrid
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quinta-feira, 15 de fevereiro de 2007

882. Late afternoon thought... (lxxxvii)

Se nos detivermos a avaliar o tempo que a Terra tem de existência
e a parcela desse tempo decorrida desde que é povoada pelo Homem,
logo concluiremos que somos primitivos.
Só que nem todos por igual. Há seres humanos mais evoluídos do que outros.
E essa evolução nada tem que ver com supostas modernidades,
porque há valores que são inamovíveis ab initio
e mesmo para lá da consumação dos tempos.
Quem não perceber isto, percebe o quê?
Ruvasa
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881. Leitura Indispensável

Hoje, limitar-me-ei a fazer uma recomendação que julgo de alta relevância, tanto para quem se opõe ao aborto livre (a título de compensação moral), como para quem o apoia (porque nunca se está fora do tempo de corrigir desvios infelizes).

Vivamente recomendo que vá ao site A Aldeia e leia o artigo Conformismo e maturidade moral de Teresa Maduro Gonçalves, colocado online ontem ou anteontem.

Talvez que nele encontre bem explicitado e com exemplos bem documentados o que andei a pregar aqui durante várias semanas. Talvez que agora, mais esclarecido o assunto, algumas pessoas percebam do que efectivamente se estava - e está - a tratar. Mesmo que seja apenas uma a percebê-lo, já terá valido a pena. Mas tê-la-á valido igualmente, mesmo que não haja ninguém convencido, desde que a dúvida se instale em algumas mentes.

Atente bem nos termos e expressões


- conformismo,

- maturidade moral,

- experiência de Stanley Milgram

- quase 2/3 dos sujeitos estavam dispostos a correr o risco de causar a morte de outra pessoa, sob a autoridade do cientista

- esta experiência demonstrou que a maioria das pessoas não chega a atingir um estádio superior de desenvolvimento moral

- "A escravatura, eu sei que ela existe e existirá por muito tempo. Mas digo que fortalecê-la na lei, alargá-la e perpetuá-la é um erro" (Abraham Lincoln)

Uma vez lido e meditado o conteúdo do artigo, diga-me:

* Em que estádio de desenvolvimento moral entende que se situa quem aprova o aborto livre?


* E quem induz essa aprovação?

* E quem a defende argumentativamente?
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quarta-feira, 14 de fevereiro de 2007

880. Ora,




AQUI ESTÁ
O
ABORTO
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em todo o seu esplendor, como era de esperar, pelo que não constitui surpresa para ninguém.
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O governo do senhor acima retratado, ou seja, do noss'primêro, nada tinha preparado e em condições, para a hipótese de as suas propostas vingarem no referendo, como vingaram.
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Então, vai daí, logo na noite da vitória, começaram a desdizer-se, em sucessão sucedida sucessivamente sem cessar tão rápida que deixaram toda a gente boquiaberta, pensando e dizendo entre si:
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- Mas, então estes senhores é assim que preparam os assuntos de governo e de interesse nacional?
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Parece que é mesmo. E, curioso, até hoje, ainda não pararam. Parece que não houve ainda tempo para reunirem e acertarem agulhas... Cada um que fala dá a sua versão de como as coisas se vão processar. E nenhuma delas condiz com qualquer das anteriores.
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Vem o noss'primêro e diz que não vai haver consulta de aconselhamento; vem a seguir o ministro da saúde (não foi qualquer outro, foi logo o da saúde, grande autoridade, portanto, no tema!) e diz que sim, vai haver obrigatoriamente consulta de aconselhamento e de planeamento familiar.
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Depois, no dia seguinte, vieram mais uns quantos, uns dizendo que sim e outros dizendo que não, outros que talvez sim, talvez não, e mais assim e menos assado... Para todos os gostos, que assim é que é lindo! Contentam-se todos... os tolos. Até que aparece de novo o ministro da saúde a dizer que, afinal, vai haver consulta de aconselhamento mas não é obrigatório o período de reflexão. Muito embora ele mesmo tivesse dito umas horas antes que sim, seria obrigatório...
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Mas, claro! Isso já todos sabíamos. Que não havia reflexão ali para os lados do governo, já não constitui segredo para ninguém, nem sequer para os nascituros que, agora legalmente, vão passar a morituros. Ave, (deixo-lhe, leitor, a possibilidade de aqui colocar o nome que quiser...), morituri te salutant.
Bem, que não é segredo para ninguém também não é bem assim. É-o para os tolos, mas esses não contam, porque apenas servem para bater palmas, rirem-se muito, de satisfação e embevecimento, e não usarem a própria inteligência nem a suposta capacidade para sentirem, quando se trate de dirimir conflitos de consciência, esperando que as dos seus gurus o façam. Ora, como estes estão muito assoberbados com o dize tu, direi eu, o que sabes não sei eu, não estão para aí muito virados, vê-se no que dá.
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Aquilo não é um governo, senhores! É um albergue espanhol e, ainda por cima, uns falam catalão, outros castelhano, outros basco, outros galego e até parece que há uns quantos que dão uns toques no mirandês!... Resultado: como não sabem os outros "dialectos", não se entendem... dizendo cada qual o que entende. Pelo que se tem visto, não se consegue saber o que entendem... se é que entendem.
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Foi tudo pensado e organizado em cima do joelho, comme d'habitude, aliás.
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É que estudar dossiers custa que se farta. Já o sabia o senhor Mário Alberto. E nada mudou para melhor, "aperès lui" (sim, eu sei que é "après"; quem não sabe é ele...). Mas, também, para que serve estudar seja o que for, se os diplomas de bom aproveitamento escolar são entregues a qualquer um, por "escolas" que também não têm currícula que se veja, como é a esmagadora maioria do eleitorado?
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E, assim, cá continuamos, cantando e rindo, levados, levados, sim, pelas veredas do aborto que 27% de nós votaram, para valer para 100% de nós e mais 100% dos que ainda hão de ser como nós, quando chegarem à idade legal... se os deixarem lá chegar, claro!
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Não conseguimos sair do aborto. Deste aborto que se vê e em que nos vemos. Está aqui e vai ser difícil dar a volta ao texto. Vamos ter que aguentar com ele. A menos que os tais senhores, que agora se desdizem de duas em duas horas, se atrapalhem tanto todos uns aos outros que a coisa acabe por não passar daquilo mesmo, ou seja, um aborto... abortado. Ou um abortado aborto? Olhe, tanto faz. Vai dar no mesmo...
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terça-feira, 13 de fevereiro de 2007

879. Vêm aí os chineses… (8) – Os melhores a Matemática

América rende-se ao «made in China» também nos bancos da escola. Alarmadas com os péssimos resultados dos seus estudantes do secundário em Matemática e nas disciplinas científicas, nas quais os alunos asiáticos se encontram muito mais avançados, as autoridades académicas dos EUA estão a importar da China os programas de estudo e os métodos de ensino. A esperança é (...) deter o declínio que (...) terá consequências no nível científico da América e na competitividade da sua indústria.
O choque, para os Estados Unidos, chega (...) todos os anos, na época em que é publicada a classificação mundial das nações com base nos resultados da instrução. A lista é compilada através de rigorosos métodos pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), que tem sede em Paris e congrega os 30 países mais industrializados. A classificação é obtida depois de se terem submetido dezenas de milhares de estudantes - uma elite seleccionada entre os melhores de cada país - a um teste de leitura, matemática e ciências. (...) Há já muitos anos que os estudantes norte-americanos são remetidos para os últimos lugares entre os países desenvolvidos, enquanto no vértice da classificação dominam as nações asiáticas.
Em 2004, o orgulho dos Estados Unidos sofreu um golpe mais duro que o habitual. Os estudantes norte-americanos caíram para o 25º lugar na prova de Matemática, descendo várias posições, porque, pela primeira vez, foram admitidas a exame duas cidades da China comunista, Hong Kong e Macau. (…)
Na prova de Matemática, os estudantes de Hong Kong, mal foram admitidos, conquistaram de imediato o primado absoluto da classificação. Em ciências, o primeiro lugar cabe à Finlândia, mas atrás desta coloca-se um trio asiático: Japão, Hong Kong e Coreia. De registar o óptimo desempenho de Macau, que ainda menos de dez anos atrás era uma colónia portuguesa, mas que adoptou o sistema de ensino chinês: surge classificada entre os primeiros dez países na globalidade das provas. (…)
O receio é de tal ordem que obriga a remédios extremos. O The Wall Street Journal revelou que mais de 200 escolas secundárias americanas (...) adoptaram uma solução radical: importar na totalidade o sistema de instrução chinês, usando os mesmos manuais e os mesmos métodos didácticos. O modelo de longe mais copiado é o programa de Matemática e Ciências de Singapura. (…)
Os professores norte-americanos que utilizam o «método Singapura descobriram que na China os programas científicos são muito menos extensos mas muito mais aprofundados. «Na escola média de Singapura», revela o professor de Matemática Steve Keating, citado pelo The Wall Street Journal, «resolvem problemas de álgebra que até a mim me apresentam dificuldades e que, na América, só são tratados no final do secundário.» (…)
Para os Estados Unidos, os resultados desta experimentação em larga escala já são visíveis, e revelam-se positivos. O «made in China» exporta-se bem mesmo nesta área. Os primeiros testes realizados nas escolas secundárias americanas que utilizam os programas didácticos de Singapura denotam nítidas melhorias dos resultados. Todavia, o National Council of Teachers of Mathematics (…) considera que «para atingir os mesmos resultados de Singapura, não basta adoptar os manuais». Os especialistas sublinham que o facto de na Ásia se fazer uma melhor aprendizagem da Matemática e das Ciências é também fruto de outros factores: «Uma cultura de autoridade e de disciplina, na qual toda a comunidade social, desde os docentes aos pais, espera dos alunos um esforço árduo e uma dedicação total aos estudos.»
(…)
Uma testemunha desta diferença cultural é o americano Peter Hessler, que chegou à China em 1996 (…) para ensinar numa escola secundária de Fuling, na província de Sichuan. Da sua experiência de vários anos (…) recorda o choque perante os métodos de ensino chineses. «Nos meus tempos de estudante na América», revela Hessler, «estava habituado a ter professores que tentavam dourar a pílula: poupavam-me sempre a juízos severos ou a críticas demasiado directas. Mas os meus amigos sino-americanos já me tinham avisado de que nas famílias e nas escolas chinesas não se faz o mesmo. (…) Buduei, está mal. Um sete na caderneta escolar contava menos que todos os dez com louvor nas outras disciplinas. Buduei. Continua a trabalhar. Não fizeste ainda nada que se aproveite.» Neste momento, o passo seguinte a dar pela América parece óbvio: importar professores chineses, impregnados da dura disciplina confuciana.
(…)
Federico Rampini, in Il secolo Cinese

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(continua)

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segunda-feira, 12 de fevereiro de 2007

878. Se o Estado é rico e pode para uns…



Campanha no sentido de ser proposta a atribuição, às mulheres que optem por ter os seus filhos, em vez de abortarem, de uma retribuição de igual montante ao custo de um aborto livre (500€).

Esta ideia foi-me hoje referida, pela primeira vez, por António Balbino Caldeira, do
Portugal Profundo, em resposta a comentário que no referido blog inseri. Ficou a convicção de que dera a entender tê-la bebido de outro blog, que, na ocasião, não consegui apurar qual.

Surfando na Web, porém, eis que encontrei o blog
O Profano que, por sua vez, transcrevia uma frase apanhada ainda noutro blog, desta vez A Caverna Obscura que transcrevia a seguinte frase atribuída a João Paulo Malta:


Por cada aborto que o Estado pagar,
deverá subsidiar, com o mesmo montante,
uma mulher que pretenda levar até ao fim a sua gravidez.


Acrescenta o autor da frase que lhe custa pensar numa melhor. Frase, claro.

Pois bem: dir-lhe-ei, caro João Paulo Malta, que não precisa de se esforçar em busca de outra frase que melhor se adeque à situação que vivemos.
Esta sua frase contém todos os ingredientes necessários. E contém, acima de tudo, um elemento essencial à prossecução de um ideal de justiça, qual seja, o da preocupação de conferir a todos os cidadãos igualdade perante a lei.
Por isso, aplaudo a ideia e lhe digo que conte comigo para a divulgar, o que estou já a fazer, ajudando a que vingue. Bastará que se me dirija e diga o que se pretende que se faça mais, o que é necessário que se faça mais.

É que, embora a atribuição, pelo Estado, a cada mãe que decida ter o seu filho, de importância de montante igual ao custo de um aborto, também pago pelo Estado, não se mostre completamente justa – já que ter um filho resulta muitíssimo mais oneroso do que abortá-lo, para além de se revestir de dignidade incomparável – este, não obstante, é um passo no sentido de reparar uma ignomínia que acabou de ser perpetrada na sociedade portuguesa, por iniciativa de quem detém as rédeas do poder do Estado e, por isso mesmo, deveria evitar a criação de situações similares.

Ora, se o Estado pode afectar recursos à morte de nascituros, também é bom que os tenha para que os afecte – e aqui com maior razão de ser – à consequência natural inerente a qualquer nascituro, ou seja, vir para a vida.

E profundamente imoral e revelador de que o Estado, e de quem conjunturalmente o comanda, não agem de boa fé será a tal obrigação se escusarem. Porque não dispõem de argumentos válidos que possam esgrimir, no sentido de às responsabilidades que assumiram se eximirem, preservando a honra e a dignidade tão necessárias ao Estado e a quem o giverna.

Teorias mal digeridas e acções imponderadas e que não se conformam com a Ética e a Moral, acabam sempre por dar lugar a reacções, essas, sim, justificadas no campo da honra das instituições e dos seres humanos que as regem.

877. Com toda a frontalidade lhe digo...



Governo lança publicidade para combater fraude fiscal
(...)
O ministro das Finanças anunciou, esta segunda-feira, que o Governo vai avançar com uma campanha publicitária nas televisões para apelar aos contribuintes que cumpram as suas obrigações fiscais e para enfatizar que o combate à fraude e à evasão fiscal começa na conduta de cada um.
«É importante que os contribuintes tenham a consciência de que, se há gente que não paga os seus impostos e que defrauda o fisco», todos pagam por isso, disse.
O titular da pasta das Finanças aconselhou mesmo os portugueses a combater as consequências do «incumprimento dos outros», através de comportamentos «simples» no dia-a-dia, como a exigência de «uma factura de ou um recibo».
A campanha publicitária, que irá para o ar muito em breve, é uma das prioridades no combate ao crime económico, durante 2007.
TSF Online, 12Fev2007
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Senhor ministro das finanças,

Excelência

Porque não gosto que o venha a saber por outrem, apresso-me a vir aqui, publicamente, dar-lhe conta da minha posição quanto a este assunto.

E ela é a seguinte:

Como cidadão com a noção das responsabilidades que a cidadania me comete, portanto cumpridor, afianço-lhe, senhor ministro das Finanças, que tenho estado sempre em dia com as minhas obrigações fiscais. E assim tenciono manter-me.

Com toda a frontalidade - igualmente com toda a lealdade -, porém, lhe faço saber que não vou atender o seu pedido, no sentido de "colaborar" com o Fisco, exigindo factura ou recibo, sempre que algo adquira ou algum serviço contrate.

Não significa isto que jamais exigirei factura ou recibo, não. Haverá ocasiões em que o farei. Mas apenas quando tal me convier. Para auxiliar o Fisco e a si, senhor ministro, jamais o farei.

E não o farei por razões óbvias, de que destaco as seguintes:

1. Não sou pago pelo fisco nem por outra qualquer entidade, para o efeito;
2. Não me sinto obrigado a prestar-me ao papel de auxiliar - ou moço de fretes - do mesmo fisco ou até de V.Exª;
3. Se existe alguém a quem é lícito que peça - ou até exija - que se acabe com a evasão fiscal, esse alguém sou precisamente eu. E todos quantos, como eu, cumprem;
4. Se existe alguém - ou algo - a que é lícito pedir-se - ou até exigir-se - que acabe com a evasão fiscal, esse alguém é V.Exª, esse algo é o Fisco.

Não invertamos, pois, os papéis que a cada um cabem neste "teatrinho" de comédia nonsense em que nos vamos entretendo, "levados, levados sim", pela incomparável veia governativa que por aí peripatetica.

* É V.Exª - não eu… - quem tem o poder de obrigar os incumpridores a cumprir;

* É V.Exª – não eu… - quem manda no instrumento que pode vigiar o cumprimento ou incumprimento das leis fiscais, ou seja, o fisco;

* É V.Exª – não eu… - quem está no lugar de ministro e tem por atribuições desenvolver as políticas e criar os meios necessários à obtenção do desiderato que pretende alcançar.

Por isso, é V.Exª que, sofrendo embora as cefaleias que o cargo certamente provoca, tem igualmente as prebendas que o mesmo oferece. E V.Exª não foi obrigado a carregar essa cruz. Abraçou-a de boa mente e no exercício da parcela de livre alvedrio que lhe está atribuído.

Eu, porém, tenho sido obrigado a contribuir para a receita fiscal de forma bem avultada e notória. E tanto mais avultada e notória quanto mais incompetentes e não diligentes têm sido as elites governativas que se vêm sucedendo em ritmo de alucinação, sem que algo de realmente proveitoso para o país e para os cidadãos resulte da sua acção. De tal modo, que estamos no que estamos e sem qualquer vislumbre de horizontes desanuviados e dignos.

Por isso, para finalizar - ainda que muito mais houvesse para dizer - atrevo-me (e faço vénia rasgada para o efeito) a sugerir a V.Exª que se entregue de alma e coração ao trabalho de criar as tais condições necessárias e obrigue os serviços que estão sob sua alçada a que trabalhem também, com denodo e competência, em prol do bem comum.

No ponto em que as coisas estão, o meu papel é pagar os meus impostos. E, creia V.Exª, estou já a fazer enormíssimo esforço a bem da Comunidade que somos. Ou que deveríamos ser. Todos!

Por isso, entendo pouco lícito que alguém – mesmo o senhor ministro! – se julgue autorizado a obrigar-me – sequer a induzir-me! – a executar tarefa a que outros - V.Exª incluído - est
ão obrigados e sendo pagos para levar a bom final.

Que todos, em geral, e qualquer um, em particular, cumpram o seu dever e logo se verá que menos difícil resultará constituirmos um país em que se pode confiar, uma nação que valha a pena integrar.
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876. Até a Natureza...

A Mãe Natureza acaba de mostrar a sua revolta pela regressão civilizacional de ontem, em Portugal.

O forte estremecimento que se sentiu só pode ter sido devido a forte repulsa por algo que causa grande dano geral, sem a mínima justificação, por algo que constitui grave atentado à condição humana.

É. Também a Natureza, verdadeira Mãe, discorda aberta e veementemente da ignomínia que se constituíu no dia de ontem. E, assim sendo, manifestou-se. Quem não sente...
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875. Demografia portuguesa


Como é sabido, o último rencenseamento populacional feito em Portugal, apontava para a existência de 10 milhões e cerca de 200 mil portugueses.

Quem esteve esta tarde atento ao que se disse na Sic Notícias, designadamente por Fátima Abrantes Mendes - minha amiga e a maior autoridade em Direito Eleitoral existente em Portugal, com larguíssima experiência nestes temas, uma vez que, desde 1979 e até há cerca de 2 meses, ou seja, durante quase três décadas, esteve profunda e profissionalmente envolvida em todos os processos eleitorais e de referendo que foram tendo lugar - certamente teve oportunidade de ficar a saber que o universo
eleitoral português, ainda que com um número indeterminado de eleitores "fantasmas", andará pelos 9 milhões.

Significa isto que temos em Portugal cerca de 1 milhão e 200 mil portugueses com idade inferior a 18 anos (idade legal para votar).
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Dito de outra forma, eis aqui a confirmação de que estamos reduzidos a um país de velhos e que não se renova.
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Uma verdadeira dor de cabeça e que vai levar à descaracterização da nação (conjunto de indivíduos com as mesmas características e costumes, que defendem os mesmos valores e aspiram a um ideal e uma pátria comuns) que fomos, pois que apenas a imigração poderá valer-nos, evitando a desertificação do território.

Perante tal quadro, mister seria que estivéssemos a abraçar uma política de fomento da natalidade. Isto, sim, seria uma política realista e séria.

Ora, que fazem os soi-disants governantes que em desdita nossa nos calharam na rifa, a começar pelo noss'primêro, que por aí continua cantando e rindo descuidadamente como é seu apanágio?

É preciso dar resposta a esta pergunta? Ou ela evidencia-se por si própria?
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domingo, 11 de fevereiro de 2007

874. O absurdo de novo à solta


Noite de apuramento dos resultados do referendo.

Louçã:
- A maioria dos católicos vota SIM.

O campeão português do nonsense teve mais uma das suas castiças saídas.

E fica seráfico e místico, depois de jeter uma destas pela borda fora!

Onde raio terá o mais jovem a cada dia que passa, líder do BE, ido colher esta ideia peregrina? Só pode ter sido ao mesmo alfarrábio que lhe assegura - e a outros que tais - que em Portugal há 20 e tal mil abortos clandestinos anualmente.

Só pode... Ambas as tiradas são do mesmo tipo, pelo que as informações sê-lo-ão igualmente.

Valha-nos São Anacleto (deve existir algum...), para, ao menos, esboçarmos um sorriso, mesmo quando a disposição para tal é nenhuma, como é o caso desta noite. Se bem que rir - ou mesmo sorrir - destas coisas seja pouco caridoso, na verdade.
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873. 11 Fevereiro 2007 - dia negro para os Portugueses


A minha amiga Sulista tem razão quando, no seu blog afirma que o povo é soberano e que a maioria não quis assumir a responsabilidade pela liberalização do aborto.

Na verdade, na sua esmagadora maioria 56,5%* do universo eleitoral (os abstencionistas) mais a percentagem de 41%* dos votantes no Não dá um número elevadíssimo de quem não quis ligar o seu nome a uma tal ignomínia.

Não obstante isso, estou com Matilde Sousa Franco que, na Sic, acaba de dizer que está triste porque, este resultado significa um recuo civilizacional do nosso país.

Efectivamente, assiste toda a razão a Matilde Sousa Franco, porque o que vai ficar para a História é que Portugal e os Portugueses entraram hoje no combóio da regressão civilizacional. E, em termos de direitos, liberdades e garantias individuais, precisamente relativamente ao direito individual mais importante - e que por isso mesmo deveria ser o mais acarinhado - de quantos o ser humano pode reclamar para si, ou seja o direito de nascer, o direito de ter uma vida, assim acontece.

Trata-se da página mais negra da nossa História comum, em termos civilizacionais. Nós, que fomos pioneiros na abolição da pena de morte!

O estar individualmente liberto desse labéu - porque não foi essa a minha opção e contra ela combati - não me deixa mais sossegado do que nesse mesmo âmbito, o individual. Mas eu não sou um indivíduo isolado. Vivo numa comunidade e, no que que concerne à minha integração nessa comunidade que é o povo português que se diz - e tem sido até hoje - humanista, sinto-me mortalmente atingido.

Não importa o que o ministro da justiça, uma vez mais alegre e alvarmente faltando à verdade e sabendo que o faz, declarou, também, há pouco, na RTP, ou seja, que estamos no combóio da civilização, tal como a grande maioria dos países mais avançados do mundo, o que é redondamente falso e ele sabe que o é - para confirmar, basta ir confrontar os dados oficiais e sérios de cerca de 200 países que circulam aí pela Web, por exemplo, aqui, no blog do meu amigo Azurara, que linka para os dados oficiais da ONU.

O que importa, isso sim, é a realidade. E a realidade é que hoje uma parcela do povo português, que não foi integralmente maioritária, mas que é formalmente democrática - embora aqui a democracia formal não esteja necessariamente umbilicada com a razão, como não está - optou por dar força a quem já era o mais forte, a mulher grávida, ao mesmo tempo que a tirava a quem já pouca a tinha e agora menos ainda terá, ou seja, o filho que aquela traz no ventre. Ele tem consigo a Razão, mas de que lhe serve se lhe extorquiram a Força?

Este 11 de Fevereiro de 2007 é, pois, um dia para não mais esquecer. O dia mais triste e mais negro que Portugal já teve, que os Portugueses já sofreram e que a sua História de país quase milenar e até aqui sempre humanista já registou.

Haverá muita gente que disso não se aperceberá agora e será mesmo levada a entender que o que me faz escrever estas linhas é um sentimento de frustração pela derrota.

Entender nesses termos, porém, é lavrar em erro grosseiro. Como já tive oportunidade de dizer, este assunto nada tem que vem com meros perdas e ganhos eleitorais, porque não se trata de uma questão comum, de lana caprina, como tantas vezes é a eleição de um governo, por exemplo.

Este assunto é - apenas e só - a equação mais difícil e importante que ao ser humano algum dia pôde se apresentado, para que resolvesse. Trata-se da sua própria dignidade enquanto ser humano e do reconhecimento ou, pelo contrário, da negação da vida a seres que a si são semelhantes, portanto com iguais direitos, que não lhes podem ser negados.

Por isso estou triste, imensamente triste. Triste por mim, triste por Portugal, triste, muito triste pelos Portugueses. Jamais me passou pela mente admitir que um dia em Portugal, este povo, uma parcela dele, ainda que conjunturalmente, se colocasse numa situação tão pouco humanista e, até mesmo, humanitária.

Quem não perceber isto agora, que deixe passar algum tempo e talvez o venha a entender mais depressa do que imagina. De qualquer modo, será tarde. É a história da pedra que alguém atira. Uma vez lançada, é facto irremediável.

A minha tristeza é profunda, muito profunda, creiam. E a vergonha não é menor.
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* Números provisórios, uma vez que estou a escrever antes do encerramento do escrutínio
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872. A Adoração dos Reis Magos

A adoração dos reis magos
Leonardo Davinci
1481-82
Ocre amarelo e tinta castanha em painel
2,46x2,43m
Galeria Degli Uffizi
Florença
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