A Associação Comercial do Porto foi afastada "pelas mais altas instâncias políticas" do estudo da CIP que aponta o campo de tiro de Alcochete como a melhor localização para o novo aeroporto de Lisboa.

A negociação, desmentida por José Sócrates e Mário Lino, está comprovada em documentos mostrados pelo comentador António Lobo Xavier, no programa Quadratura do Círculo.

António Lobo Xavier fala numa jogada de bastidores para afastar a hipótese “Portela +1”, defendida, entre outros, pela Associação Comercial do Porto como a escolha ideal para se resolver o problema do aeroporto de Lisboa.

O estudo realizado pela Confederação da Indústria Portuguesa coloca o campo de tiro de Alcochete como alternativa à Ota. O presidente da CIP já disse que, da parte do Governo, não houve qualquer interferência.

Há agora dois estudos em cima da mesa: Ota e Alcochete. Quanto à Ota, Belmiro de Azevedo considera que o projecto está condenado.

O Governo garante estar disponível para analisar mais hipóteses, incluindo a “Portela +1”, segundo palavras de Mário Lino na segunda-feira. O mesmo ministro que ontem veio dizer que esse cenário já foi estudado e não se mostrou viável.
SIC Online
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Gentileza da Maria João

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Se há algo que, a nível político, me surpreenda e desgoste profundamente é, com toda a certeza, a constatação, com frequência realmente inusitada, de que entidades ou individualidades responsáveis portuguesas - com especial enfoque para a área do governo e, nele, para o primeiro-ministro - são, em praça pública, formal e fortemente desmentidos em afirmações que oficial e publicamente hajam produzido.

E mais e pior: que esses desmentidos se estribem em escritos e, portanto, em prova documental impossível de rebater, ao contrário de qualquer outra, designadamente a testemunhal.

Que aconteça uma vez é mau; que aconteça com frequência é assustador. Propicia o total descrédito de um órgão de soberania, por acção, e mesmo de outros, por omissão.

Tal situação é insustentável em Estado de Direito democrático.

Os cidadãos não podem ser, volta e meia, confrontados com incomodidades destas, sob pena de perderem o respeito por instituições que lhes deveriam merecer toda a consideração e apoio e por titulares que estão obrigados, mais do que ninguém, a respeitar e fazer respeitar a verdade, que só ela dignifica o Estado.

A continuar assim, a República Portuguesa estará, a cada triste episódio similar, a submergir em terreno resvaladiço e mesmo lodacento, impróprio para que seja trilhado pela forma segura e vertical que a dignidade nacional exige.

Alguém tem que tomar medidas. Se não os próprios, como inapelavelmente se impõe, ao menos quem para tal disponha dos poderes necessários, como não deixa de igualmente se impor.